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domingo, 23 de agosto de 2009

FORTALEZA, LITERALMENTE LOURA DESPOSADA DO SOL

Ah, Fortaleza,
Cidade mulher,
Abandonada e desprezada
Como uma cadela sardenta
Que ninguém mais olha,
Que ninguém mais quer.
Teu rosto é cheio de tristeza,
Sem o sorriso de tua brisa,
Cidade que um dia já foi uma linda mulher!
És hoje uma cidade sem beleza,
Que um dia a todos encantou.
Tuas praças sujas e largadas,
Mal iluminadas,
Perderam o encanto dos namoros de outrora
Onde só a tristeza ficou.
Ah, Fortaleza,
Cidade das praias poluídas e prostituídas,
Onde até a de Iracema se acabou.
Cidade que um dia já foi dourada
E hoje, estás toda estragada,
Esburacada, abandonada
Por quem, um dia contigo casou,
Te usou, te judiou e agora te largou.
Te largou em ruas sujas
Te largou na insegurança,
Na violência, na morte e na dor.
Te largou no meio da rua,
Te deixando toda nua
Sem nenhum pudor!
Com o corpo dilacerado
Que ninguém mais olha
E quem a mais ninguém seduz.
Fortaleza dos tempos boêmios,
Das madrugadas puras
Onde em minhas serenatas
Eu cantava a tua beleza
Fazendo ciúme à natureza e ao meu amor.
Fortaleza, hoje, cidade debochada,
Doente e sem nenhuma educação.
Fortaleza da miséria e dos miseráveis,
Fortaleza faminta,
De piedade e compaixão.
Fortaleza cidade imunda,
Onde o mau cheiro em tuas ruas,
Feias e sem calçadas,
Como uma mulher desdentada,
Repelida por todos que um dia te amou
Fortaleza traída por quem prometeu de ti cuidar
E de ti já se esqueceu
Fortaleza, que um dia já foi tão bela,
Hoje, não tem uma só rosa amarela,
Que eu,
Oh, Fortaleza sofrida, possa te oferecer.

(Fonte: pequenoayrtonrocha@gmail.com)

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