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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

MATURIDADE, VIDA ADULTA, VELHICE

O MUNDO ADULTO E O PROCESSO DE AMADURECIMENTO HUMANO

O estudo a respeito da vida adulta é recente. Geralmente, seguiam o enfoque das funções psíquicas na Psicologia Geral, tendo um ponto de vista distante da Psicologia do Desenvolvimento. Não estudavam as diferenças entre os adultos de diferentes idades nem as que os separam dos adolescentes, das crianças e dos idosos.

Esta parte do texto se enfoca a necessidade da continuidade dos estudos a respeito do tema, entre outros aspectos, o conceito e as vivências da vida madura, o condicionamento cultural na idade adulta, a importância do trabalho, do tempo livre e da família na vida adulta, além das mudanças físicas desse período.

Define que a vida adulta representa tanto a plenitude física quanto o começo do declínio - gradual entre os 20 e 60 anos. O estudo relata que um adulto que se mantém forte, condicionado fisicamente aos 50 anos, ele detém cerca de 90% da força de um adulto de 20 anos.

Relata também que no declínio da vida adulta, deve ser considerada a forma como as funções psicológicas são afetadas. No avançar da vida adulta, as reservas de cada um dos órgãos do indivíduo começam a diminuir até se exaurir. Mas, nos últimos anos, decorrente de vários fatores (melhoria da medicina, das condições sanitárias etc), houve um aumento da expectativa de vida.

Mesmo sendo difícil distinguir as etapas posteriores à adolescência, os autores relatam os períodos do ciclo vital, como:
- Juventude ou Segunda Adolescência: 18 a 25 anos
- Vida Adulta Jovem ou Precoce: 25 a 30 anos
- Vida Adulta Média, Amadurecimento Adulto, Crise da Meia-Idade: 30 a 50 anos
- Vida Adulta Tardia ou Segunda Vida Adulta: 50 a 65 anos

→ Juventude e vida adulta jovem
Aqui o relatam que a juventude costuma ser denominada Segunda Adolescência, Adolescência Superior ou Período de Amadurecimento Adolescente, devido a “moratória” ou prolongamento artificial da adolescência na sociedade contemporânea. Relatam que é uma etapa difícil de transição até o indivíduo chegar à autonomia e à responsabilidade plena.

Nesse período, as estruturas intelectuais e morais atingem o auge. Relatam que a vida matrimonial, o trabalho, etc, por exemplo, exercem elementos básicos para o amadurecimento da personalidade. Mas também é uma etapa de conflitos entre gerações, de continuidade ou descontinuidade. É um período de modelagem dos projetos de vida e da vocação.

Nesse período o ponto de vista físico é pleno e as doenças são menos freqüentes.

Os autores relatam obras e estudos de Bromley, Grant, Heinz Remplein e D. Levinson. Inclusive, quando citam este último, relatam que a meta do desenvolvimento adulto é a construção de uma estrutura de vida que se forma na juventude e na vida adulta jovem. Citam também a divisão que Levison fez da juventude e da vida adulta jovem: 1. Saída do lar (18 a 24 anos); 2. Ingresso no mundo adulto (24 a 28 anos); 3. Transição para a quarta década (28 a 33 anos).

Outro estudo interessante que os autores abordam é o de Erik H. Erikson, principalmente quando ele relata os aspectos para o alcance da verdadeira genitalidade (saúde sexual, orgasmos, etc): mutualidade do orgasmo; com um companheiro amado; do outro sexo; com quem se pode e se deseja partilhar uma confiança mútua; com quem se pode e se deseja partilhar os ciclos do trabalho, procriação e lazer; a fim de também garantir à descendência todas as etapas de um desenvolvimento satisfatório.

→ A caminho da intimidade. Níveis de relação interpessoal
Nesse momento, relatam os níveis da relação interpessoal. O Primeiro, é o da influência da primeira infância, perdura na vida adulta e é próprio de quadros psicopatológicos que apresentam obstáculos para vínculos. O Segundo, surge quando a tarefa deixa de ser o principal ponto de contato vincular e de integração grupal. O Terceiro e último nível, é o da intimidade. Aqui a tarefa é o do sistema de normas, o indivíduo deve ser capaz a uma abertura pessoal para o conhecimento mútuo em profundidade, pois relata o estudo, que uma verdadeira intimidade com o outro só é possível quando o sujeito constitui um núcleo de interioridade, com base no qual atua e ao qual tudo é referido, e quando a identidade esta suficientemente consolidada. É uma relação de amor. Nesse nível há uma necessidade premente de estar juntos, compartilhar experiências e até de intimidade.

Vida adulta média: amadurecimento e crise da meia-idade
Relatam que a vida adulta média é a época em que o indivíduo pode ver como é o curso definitivo da sua vida. Aqui o indivíduo sabe se encontrou ou não o NORTE. O ímpeto juvenil deve ser substituído em parte, por uma maior capacidade de concentração, perseverança e resistência. Segundo os autores, citando Erik H. Erikson, se o indivíduo fracassa nessa fase, geralmente sofre a estagnação. Nessa fase, se o indivíduo faz parte de um casal, se ele não se “encontrar” com o outro, poderá “perder-se”, e passar a viver uma busca compulsiva de intimidade ou de identidade, geralmente falsas.

→ Amadurecimento e vida adulta
A palavra “maturidade” deriva do etmo latim “maturus”, que vem de “mane”, quer dizer, “de manhã cedo”. O que caracteriza a personalidade madura é uma questão crucial para a Psicologia do Desenvolvimento. O conceito de maturidade é tirado da própria natureza e refere-se à evolução que chega ao fim previsto. Amadurecer é progredir em direção a uma meta.

Relatam que se atinge gradualmente o amadurecimento pessoal ao orientar a vida segundo o sentido da sua existência, a partir da aceitação consciente dos limites e das disposições.

Os autores citando Pedrosa, asseveram que os aspectos fundamentais desse amadurecimento adulto são: harmonia das funções que supõem o autogoverno; visão global objetiva do mundo; aceitação das limitações e possibilidade tanto da realidade externa quanto da interna; aceitação de responsabilidade; autoconfiança e serenidade.

→ A coragem, virtude da maturidade
Nesse momento, os autores transcrevem uma seleção de parágrafos extraídos da obra do psicólogo existencialista norte-americano Rollo May – “O homem à procura de si mesmo”. Relatam trechos em que destacam os seguintes:
- “Coragem é a virtude necessária ao ser humano para atravessar a estrada acidentada que leva da infância à maturidade”;
- “Coragem é a aptidão para enfrentar a ansiedade que surge na conquista da liberdade”;
- “... a covardia, é sim a ausência de coragem”;
- “Definimos vaidade e narcisismo como a necessidade compulsiva de ser elogiado, ser amado: para tal as pessoas renunciam à coragem”;
- “A vacuidade e o narcisismo – necessidade compulsiva de ser admirado e louvado – minam a coragem.”;
- “Buscar a verdade não é uma função exclusiva do intelecto, e sim do homem total; a pessoa experimenta a verdade, evoluindo com uma unidade que pensa-sente-age.”

→ A crise da meia-idade
Os autores citam Elliot Jacques, como o escritor que denominou a “crise da meia-idade”, o período entre os 35 e os 45 anos, em que as pessoas têm a necessidade de conhecer a si mesmo e de olhar para dentro para viver de forma mais autêntica. Nesse período ocorrem modificações corporais próprias e fantasiadas. Elliot Jacques assevera, segundo os autores, que a crise da meia-idade ocorre em ambos os sexos. Relatam que na mulher há uma maior identificação da crise, principalmente quando a misturam com a menopausa (antecipam as conseqüências para os 42 anos, quando em geral a menopausa apresenta-se entre os 45 e os 53 anos). Quanto à andropausa masculina, o assunto não é explorado.

O período da crise da meia-idade é considerado como a época do inventário de balanço do que foi conseguido ou não pela pessoa até essa idade.

→ Vida adulta tardia ou segunda vida adulta
A vida adulta jovem é caracterizada pela expansão, pela afirmação de si mesmo por meio do casamento, da realização profissional e da obtenção de uma posição social. Aqui, segundo os autores, citando Carl Gustav Jung, tem início a “descida”. Mas é comum nesse período a diminuição do sentimento do próprio valor, bem como oposto, algumas pessoas querem parecer psudo jovens, chegando até a invejá-los.

Os autores citam o fato das pessoas ampliarem a sua vida espiritual nesse período.

É uma etapa também que permite que a máscara social, os disfarces sucessivos que adotamos para nos relacionar, para ser queridos e aceitos, caia aos poucos, deixando espaços para um ego mais austero, limitado, que pode mostrar com pudor suas feridas.

Nessa segunda vida adulta, também citando Erikson, os autores dizem que pode haver a consolidação final, inclusive o indivíduo aceitando temas como a morte sem seu caráter atormentador.

VELHICE
O Estudo relata que a Psicogerontologia, ou Psicologia Evolutiva da Velhice, desenvolveu-se praticamente a partir da década de 60. O estudo ganhou peso porque a população de idosos e a expectativa de vida aumentaram, principalmente depois da 2ª Grande Guerra Mundial. Outras etapas dos períodos do ciclo vital foram acrescidas (..., terceira e quarta idades). No contra-ponto, o estudo relata também os principais fatores que influenciam negativamente o envelhecimento: privação de uma atividade ocupacional; doenças físicas e enfraquecimento corporal; lentidão das funções psíquicas; diminuição ou exclusão das atividades prazerosas e agradáveis da vida; medo diante da aproximação da morte.

→ Teorias sobre o processo de envelhecimento
Os autores relatam nessa parte do texto, que são várias as teorias sobre o processo de envelhecimento, destacando-se as genéticas (o ciclo vital, seja de uma célula ou organismo, é geneticamente determinado...), muito embora existam outras, como as biológicas (o envelhecimento é produto do acúmulo progressivo de elementos tóxicos em células e órgãos, que acabam por interferir na função destes).

Diferentes pesquisas comprovaram a existência de uma correlação positiva entre o maior número de atividades realizadas pelos indivíduos e o maior grau de satisfação com sua vida de idoso. Há uma crítica também das categorizações e modelos de velhice, pois podem até marginalizar a pessoa idosa. No final, os autores constatam que o homem senil caracteriza-se pela diminuição de suas capacidades e, por conseguinte, pela dependência dos demais.

→ Modificações corporais
Segundo os autores, as modificações corporais são mais notórias entre os 75 e os 80 anos (involução ou decrepitude). Nesse período a preocupação com o corpo e o declínio físico manifesta-se claramente nas conversas das pessoas idosas.

→ A vida sexual do idoso
Os autores relatam que a temática da vida sexual dos idosos, como das crianças, foi por muito tempo negada e uma barreira difícil de superação. Temas como a Menopausa e a Andropausa eram vistos como limitadores da atividade sexual. Mas relatam que o interesse e a atividade sexual não cessam com a idade, pois se mantêm como uma condição legítima e importante da vida e como fonte de prazer, de comunicação de amor mútuo.

→ Modificações na capacidade de rendimento das funções psíquicas
Os estudos dos autores relatam que se constatou em muitas pesquisas, que as funções psicológicas modificam-se de forma diversas no decorrer da vida. As funções psicológicas atingem seu ponto máximo, em momentos diferentes. Constam que a memória do idoso é afetada para algumas funções, mas, paradoxalmente, os idosos conservam a informação mnemônica do acontecido muitos anos antes (memória terceária). Relatam que a função intelectual, a memória e a aprendizagem são as mais questionadas no rendimento senil.

→ Modificações da personalidade
As modificações físicas favorecem a modificação da personalidade. São ajustes que podem afetar a auto-estima. Relatam estudos de Marta L. Méndez e Arminda Aberstury, a respeito dos “lutos” básicos da velhice (do corpo potente; do papel paternal; do papel social e da perda das relações objetivas).

→ Os avós
O relacionamento entre os avós e os netos é o vínculo adulto mais significativo depois da relação entre pais e filhos. Os avós oferecem aos netos, pelo simples fato de estar com eles, um marco mais geral de controle e aceitação afetiva. Os avós exercem influência sobre a criação tanto de modo direto quanto indireto. Mas há casos que avós fogem de seu papel (“já criei meus filhos, já cumpri meu papel”); outros competem com os pais pela educação dos netos.

→ A dor, a doença e a morte
O idoso e sua família enfrentam a doença, a dor e a morte com um terceiro personagem, que é o médico. A doença mobiliza fantasias, afetos e papéis nos membros do núcleo familiar. Assim, uma enfermidade súbita comove e obriga a uma modificação súbita de papéis, diferentemente da enfermidade crônica, que permite uma adequação progressiva da família à situação.
Os autores relatam da problemática, chegando a falar em eutanásia. Relatam também que o sentido da vida e a morte do idoso, devem ser encarados como um fato, que encontram na própria morte digna, a terceira solução.

→ Tempo, morte e eternidade
Como consideração final, os autores relatam, citando também Eduardo Spranger, que a vida é movida por conteúdos (vida espiritual, transcendência...) e também se morre por eles. Relatam ainda a respeito da temporalidade (a vida está inscrita no tempo). Relatam do estratagema que alguns idosos encontram para superar tudo isso – o olhar da sabedoria.

Relatam que o ser humano tenta muitas vezes eternizar sua existência através da prole, das obras, das invenções, das construções... Outros acham que a morte lhes permitirão viver além vida, não sujeitos à matéria, sem dor, doenças, contemplado o absoluto – DEUS.

(Fonte: CHAVES PARA A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO, de Maria Cristina Griffa e José Eduardo Moreno).

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