Em todo o México só existe uma loja que vende armas de fogo. A loja é operada pelo Exército e os funcionários são soldados mexicanos. O México tem uma das mais rígidas leis de controle de armas do mundo. Desde 1995, só os militares podem vender armas de fogo.
Para comprar uma arma no país, o cliente precisa ter referências e provar que ganham a vida honestamente, não pode ter antecedentes criminais e estar em dia com o serviço militar. Se for aprovado, poderá comprar apenas uma arma e uma caixa de munição. Mesmo assim, o país está nadando em armas.
O presidente Felipe Calderón afirmou que a polícia mexicana apreendeu mais de 93 mil armas de fogo em quatro anos e as autoridades afirmam que 90% dessas armas foram contrabandeadas dos Estados Unidos. Os governos dos dois países conseguiram rastrear 73 mil dessas armas, mas se recusam a divulgar os resultados do rastreamento.
Mais de seis mil comerciantes legais de armas funcionam do lado norte-americano da fronteira e, segundo dados do sistema que registra os antecedentes criminais, pelo menos 14 milhões de armas foram vendidas nos Estados Unidos somente no ano passado. As Forças Armadas norte-americanas venderam, em média, 6.500 armas por ano desde 2006.
As autoridades mexicanas afirmam que as armas usadas por criminosos no país são adquiridas no mercado negro. Elas alegam que as diferenças legais em relação à posse e porte de armas nos dois países geram um ambiente propício para a criação de um enorme mercado de tráfico de armas para as organizações criminosas que aterrorizam a vida da população na fronteira.
Venda de armas de fogo no Brasil
O número de armas de fogo vendidas no Brasil aumentou 70% desde a aprovação do comércio de armas em um referendo nacional, realizado em 2005. Segundo dados da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC) do Exército, obtidos pela Agência Brasil, em 2005 foram vendidas 68 mil armas. Em 2009, esse número já chegava a 116.900.
Os dados do Exército mostram que a venda de armas no país que havia sido reduzida 89% entre 2001 e 2004 devido ao estatuto, voltou a crescer depois do resultado do referendo.
Apesar do comércio de armas de fogo ainda ser bastante inferior ao de antes do estatuto, em 2001 foram vendidas 566 mil armas no país, os números mostram um crescimento das vendas entre o ano do referendo e o ano passado.
O sociólogo Antônio Rangel Bandeira, especialista em controle de armas da organização não governamental Viva Rio, que defendeu a proibição do comércio na campanha de 2005, lamenta o resultado do referendo e se diz preocupado com o aumento das vendas de armas de fogo.
O grande problema do crime é a arma pequena, que é comprada em loja ou roubada do cidadão de bem, que, por sua vez, comprou essa arma numa loja. Ao proibir o comércio, você fecharia uma das grandes fontes, para não dizer a maior fonte, que abastece a criminalidade de armas disse.
Já o assessor e ex-subdiretor de Fiscalização da DFPC, coronel Achiles Santos Jacinto Filho, minimiza o crescimento apresentado pelos números do Exército. Segundo ele, o crescimento nos últimos anos, que teve um pico em 2008 com a venda de 133.700 armas e uma leve queda em 2009, não foi tão expressivo.
Números estáveis
O coronel acredita que o comércio de armas deverá se estabilizar e não alcançará níveis como os do início da década de 2000.
O aumento, principalmente em 2008 e 2009, se deveu a alguns fatores como a autorização para que os policiais pudessem adquirir armas do calibre .40. Então houve umas aquisições que são reflexo disso. Mas a tendência é que se mantenha uma estabilidade no comércio afirma o coronel.
Segundo dados do Exército, as armas mais vendidas para os cidadãos comuns são os revólveres e pistolas, nos calibres 32, 38 e 380. Já os policiais e militares adquirem mais as pistolas 9 milímetros e .40.
Os dados do Exército, que se referem às armas nacionais vendidas dentro do país, mostram a seguinte tendência: em 2001 foram vendidas 566.200 armas. Esse número caiu para 313.200 em 2002 e para 115.900 em 2003 (ano do estatuto), atingindo 63.600 no ano seguinte. Em 2005, o comércio começou a subir: 68 mil.
A trajetória de crescimento se mantém até 2008, com 81.200 armas vendidas em 2006, 92,7 mil em 2007 e 133.700 em 2008. Em 2009, as vendas caem para 116.900, ou seja, 70% a mais do que em 2005.
A Agência Brasil também teve acesso aos dados de armas importadas pelo país exceto aquelas importadas pelas Forças Armadas. O comércio de armamento importado no Brasil também mostra crescimento entre 2009 e 2005. Em 2009, o Brasil importou 3.200 armas, isto é, quase três vezes mais do que em 2005, quando foram importadas 1.100.
Brasil tem 17,6 milhões de armas leves, sendo 57% ilegaisO relatório elaborado pelo Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais em Genebra (IUHEI, na sigla em francês) disse que o Brasil tem 17,6 milhões de armas leves, 57% dessas ilegais. Foram consideradas armas leves aquelas que podem ser usadas e transportadas e por uma ou duas pessoas, incluindo as de cano longo.
O relatório "Small Arms in Brazil: Prodution, Trade and Holdings" ("Armas leves no Brasil: Produção, Comércio e Holdings") foi publicado no ano passado pela entidade Small Arms Survey, ligado ao IUHEI.
O estudo faz uma análise da presença de armas leves no Brasil, a origem, presença e uso, e as diferenças existentes entre os Estados. Em 72% dos casos, as armas leves pertencem a companhias privadas e a indivíduos particulares, embora tenham sido encontradas diferenças geográficas.
O relatório lembra também, que o Brasil é o segundo maior produtor de armas do Ocidente, e constata "que as armas de fogo usadas pelo crime organizado brasileiro são, sobretudo, de produção nacional".
"De fato, a produção de armas leves no Brasil cresceu de forma exponencial na mesma década em que se detectou aumento da violência", cita o relatório.
A produção de armas leves no Brasil representa US$ 100 milhões. As exportações de armas leves, munições e acessórios triplicaram entre 1982 e 2007, gerando US$ 199 milhões.
(Fonte: The Washington Post, Jornal do Brasil. Foto: internet)
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