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sábado, 20 de novembro de 2010

UNILAB - NOVA UNIVERSIDADE FEDERAL DO BRASIL RECEBE ESTRANGEIROS

A Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), oficialmente criada em 20 de julho deste ano, ocupará a partir de março de 2011 prédios provisórios na cidade de Redenção, no Ceará, até que os definitivos fiquem prontos. A previsão é de que a estrutura oficial da Unilab fique pronta em 2012.

Enquanto isso, a pequena cidade de 26 mil habitantes localizada a 60 quilômetros da capital Fortaleza se movimenta para receber a primeira universidade federal. Escolhido por ter sido o primeiro município a libertar seus escravos, ainda em 1883, Redenção abrigará uma universidade que nasce ambiciosa: quer mudar a história de países africanos e da região, o sertão central do Ceará, conhecido como Maciço de Baturité.

(Redenção - Ceará - Brasil)

A região carente de universidades – não há instituições privadas, apenas um pequeno pólo da Universidade Estadual do Vale do Acaraú e a federal mais próxima está em Fortaleza – aposta na chegada de professores, estudantes e pesquisadores para alavancar o desenvolvimento regional. Não só para ajudar a potencializar os futuros negócios – especialmente os agrícolas – como para movimentar comércio e área de construção. Além das obras da sede provisória, há outras sendo realizadas para dar conta de alojar estudantes e professores.

A Unilab pretende integrar os países de língua portuguesa da África, Ásia e Europa. As vagas da instituição serão distribuídas entre brasileiros e estrangeiros. Inicialmente, 175 vagas serão destinadas aos brasileiros e o mesmo número aos estrangeiros. Virão para o Brasil em março de 2011 os universitários selecionados pelas instituições parceiras de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Macau.

Inicialmente, os portugueses não poderão se candidatar às vagas de graduação. Por acreditar que em Portugal há boas universidades, o reitor da Unilab, Paulo Speller, explica que a prioridade das vagas será dos africanos e asiáticos. Em pouco tempo, os docentes que preparam os projetos pedagógicos dos cinco cursos iniciais da Unilab esperam melhorar a formação de profissionais nesses países e ajudá-los a crescer.

“A Unilab nasce com um enorme desafio, mas tem tudo para dar certo. Vamos trabalhar com o conceito de cooperação solidária. Ouvimos a demanda dos países parceiros para definir as áreas dos primeiros cursos e pesquisas e fizemos um levantamento nos 13 municípios do Maciço de Baturité. Vamos priorizar as áreas de produção de alimentos, saúde e gestão pública, energia e formação de docentes”, diz.

Para o reitor, a convivência com culturas diferentes enriquecerá a formação dos estudantes e a qualidade dos cursos. Por isso, a universidade terá um modelo residencial. Isso significa que todos os estudantes vão morar na instituição. Pelo menos, essa é a intenção. O reitor admite que, no futuro, não sabe se serão necessários critérios de seleção ou se haverá limitação de vagas. “Isso facilita a integração e dá oportunidade de convívio. Eles vão trabalhar, estudar e respirar a universidade”, afirma Speller. A verba para manutenção dos pavilhões residenciais estudantis, segundo ele, virá do orçamento próprio.

Currículo diferenciado

Assim como as outras novas universidades federais, a proposta de formação da Unilab é diferente. Os projetos pedagógicos dos cursos ainda estão sendo finalizados, mas, de cara, o que se sabe é que todos passarão por atividades comuns, independentemente do curso escolhido. O calendário letivo da Unilab será dividido em trimestres. Nos dois primeiros, todos os estudantes terão disciplinas comuns.

Segundo Speller, o objetivo da etapa comum é fortalecer os conhecimentos básicos dos estudantes. Então, eles terão aulas de língua portuguesa e matemática, por exemplo. Só depois eles passarão para as formações específicas. A universidade oferecerá cinco cursos de graduação: agronomia, administração pública, enfermagem, engenharia de energia e licenciatura em ciências da natureza e matemática.

Os currículos estão em discussão pelos 15 professores já contratados pela instituição. Os modelos permitirão formação compartilhada entre as instituições parceiras e até certificação dupla. A proposta da universidade é que todos os estudantes passem por programas de mobilidade acadêmica e tenham experiências de estudo em outras instituições.

No futuro, Speller espera que os diplomas da Unilab sejam reconhecidos por todos os países que fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). No fim do curso, os estudantes estrangeiros que vierem estudar no Brasil terão de se comprometer a voltar ao país de origem. Por isso, vão cursar o último ano na universidade da qual vieram.

Seleção

Para entrar na Unilab, os estudantes brasileiros precisarão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Todas as 175 vagas destinadas aos alunos do País serão distribuídas a partir das notas no exame, mas as vagas não serão distribuídas pelo Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação. A universidade decidiu não participar do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), oferecido pelo Ministério da Educação. Os candidatos egressos da rede pública e moradores da região ganharão bônus nas notas.

Os 175 estrangeiros que serão selecionados para o ano que vem passarão por processos seletivos específicos, que serão definidos em parceria com as universidades conveniadas. A meta da instituição é chegar a 5 mil alunos em cinco anos. Para isso, Speller acredita que precisarão contratar 150 professores para o quadro fixo da instituição e outros 150 docentes visitantes, que poderão inclusive ser dos países da comunidade de língua portuguesa.

Além dos cursos de graduação, a Unilab começará este mês as primeiras atividades de extensão e, no ano que vem, quer iniciar cursos de especialização nas áreas de enfermagem, agronomia, formação de professores em ciências e matemática, gestão pública e engenharia de energias renováveis. Alguns pedidos para instalar mestrados estão em elaboração para serem avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) nas áreas de agronomia e aquicultura.

Por enquanto, as aulas serão dadas em um prédio cedido pela Prefeitura de Redenção à universidade. O campus tem um nome sugestivo: Liberdade. Há a previsão de que uma cidade vizinha, Acarape, receba uma unidade da Unilab e, no futuro, a Bahia também ganhe um campus da instituição. Os baianos reivindicaram uma unidade porque se dizem os primeiros a libertar os escravos. “Há esse compromisso, mas queremos primeiro instalar e fazer o campus de Redenção funcionar”, garante Speller.

(Fonte: Priscilla Borges - iG)


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