O sentimento de impunidade atingiu um nível alarmante no interior do Estado do Rio Grande do Norte. Na noite de quarta-feira (17/11), em Boa Saúde, no Agreste potiguar, um bando armado invadiu e assaltou a Delegacia de Polícia da cidade, levando armas e coletes à prova de balas da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. O único PM que estava de serviço foi trancado dentro de uma das celas da unidade policial.
O assalto aconteceu por volta das 22h30. Na recepção da Delegacia, estavam apenas os dois vigias que, desarmados, são contratados para não deixarem os PMs sozinhos e totalmente expostos, sobretudo, a noite. Isso, porque na cidade não há agentes da Polícia Civil e o delegado é responsável por outras cidades e nem sempre pode aparecer por lá. No Destacamento da PM local são apenas sete policiais, com dois de serviço por dia. Quando alguém fica doente ou simplesmente não pode ir, e isso é comum acontecer segundo os próprios PMs, fica apenas um de serviço.
E esse foi o caso de quarta-feira. O soldado identificado apenas como “Antônio” estava descansando no quarto da Delegacia, quando o crime começou. “Percebi que um Ecosport preto tinha passado lentamente duas vezes em frente à Delegacia e fui até a porta olhar. Foi quando fui surpreendido por quatro homens armados de pistola. Eles renderam a mim e ao outro vigia”, contou o vigia Eriberto Julião Alves. Francisco Marcelino da Silva era o outro da recepção.
Depois disso, os quatro homens armados perguntaram aos dois onde estava o policial militar. Eriberto respondeu, mas alertou que naquela hora, o PM já deveria ter se levantado e se arrombassem a porta de lá, era provável que ele atirasse e alguém ficasse ferido. “Foi aí que um dos homens foi até à porta, arrombou a fechadura e gritou que se o PM atirasse, o bando mataria os dois vigias. O soldado, então, decidiu não reagir e somente entregou sua arma”, contou Eriberto.
Com os três já rendidos, os assaltantes começaram a procurar onde ficavam guardadas as armas nas delegacias. “Eles estavam bem tranquilos. De cara limpa até, não usaram capuzes. Só falavam para a gente não fazer nenhuma besteira, que ninguém sairia ferido. O problema foi só o telefone”, revelou Eriberto.
O problema dito por ele foram as duas ligações seguidas da Guarda Municipal de Boa Saúde. Na primeira, atendida por Eriberto a mando de um dos bandidos, o guarda perguntava se estava tudo bem no local, porque havia percebido uma movimentação “estranha”. Na segunda, atendida também por Eriberto, mas que teve um dos assaltantes como ouvinte, o guarda revelava que já havia pedido reforço policial de Serra Caiada, cidade vizinha.
Ao ouvirem o aviso, os bandidos ficaram mais nervosos. Levaram os dois vigias e o PM para dentro de uma das celas e os trancaram. “Eles tiraram o cadeado da cela onde havia o único preso da unidade (que havia sido detido por baderna e pouco depois do assalto à Delegacia, foi liberado pelo comandante do Destacamento), e colocaram na cela onde a gente ficou. Também nos algemaram”, contou o vigia. Depois, ainda conseguiram encontrar as armas: guardadas dentro da única viatura do Destacamento. “Eles também pediram fósforo. Acho que queriam incendiar a viatura. Mas não fizeram isso. Levaram só as chaves dela mesmo”, afirmou o vigia.
Encontrado Ecosport com placas frias usado pelo bando
Na manhã de ontem, apesar das diligências não encontrarem o bando, pelo menos o Ecosport preto possivelmente utilizado pelos assaltantes, foi localizado. Ele estava abandonado, em uma estrada carroçável no distrito de Jundiaí, em Macaíba, Grande Natal. As placas MYH-5006 eram frias e é provável que o veículo tenha sido roubado para ser utilizado exclusivamente no assalto.
O soldado Antônio foi procurado na Delegacia na manhã de ontem para falar com a Tribuna do Norte, mas não foi localizado. Estava participando das diligências ao bando, que até o fechamento desta edição, não tinha sido encontrado. Para os guardas municipais de Boa Saúde, o alvo do bando dificilmente seria apenas a Delegacia da cidade. “Nós vimos os assaltantes descendo do Ecosport. Havia um Gol preto também que estava próximo ao local, acredito que dando cobertura. Acredito que a intenção deles era render os policiais, depois a Guarda e fazer o arrastão na cidade”, afirmou um dos guardas municipais - nome preservado.
Segundo ele, em Boa Saúde, há agências do Bradesco, dos Correios e uma lotérica. “Aqui é muito pouco policial. Hoje (ontem), o PM que está de serviço na Delegacia continua sem arma porque foram todas levadas e ainda não houve o ‘reabastecimento’”.
Em Monte Alegre, no dia 18 de agosto, uma quadrilha em um Gol prata e duas motos chegou à cidade e atirou contra três PMs que estavam na frente do prédio da Guarda Municipal. Segundo os PMs, o objetivo era render a força policial e roubar o carro forte que estava chegando para abastecer a agência do BB. A equipe da Deicor conseguiu desbaratar e prender parte da quadrilha. Na semana passada, duas cidades próximas a Natal tiveram ações criminosas ousadas. A primeira, foi na terça-feira, dia 9, em Lagoa Salgada, onde uma quadrilha explodiu o terminal do Bradesco. A mesma ação foi registrada em Extremoz, dia 12, onde os bandidos explodiram o caixa do Bradesco e do banco 24 Horas.
(Fonte: Ciro Marques - Tribuna do Norte)
O assalto aconteceu por volta das 22h30. Na recepção da Delegacia, estavam apenas os dois vigias que, desarmados, são contratados para não deixarem os PMs sozinhos e totalmente expostos, sobretudo, a noite. Isso, porque na cidade não há agentes da Polícia Civil e o delegado é responsável por outras cidades e nem sempre pode aparecer por lá. No Destacamento da PM local são apenas sete policiais, com dois de serviço por dia. Quando alguém fica doente ou simplesmente não pode ir, e isso é comum acontecer segundo os próprios PMs, fica apenas um de serviço.
E esse foi o caso de quarta-feira. O soldado identificado apenas como “Antônio” estava descansando no quarto da Delegacia, quando o crime começou. “Percebi que um Ecosport preto tinha passado lentamente duas vezes em frente à Delegacia e fui até a porta olhar. Foi quando fui surpreendido por quatro homens armados de pistola. Eles renderam a mim e ao outro vigia”, contou o vigia Eriberto Julião Alves. Francisco Marcelino da Silva era o outro da recepção.
Depois disso, os quatro homens armados perguntaram aos dois onde estava o policial militar. Eriberto respondeu, mas alertou que naquela hora, o PM já deveria ter se levantado e se arrombassem a porta de lá, era provável que ele atirasse e alguém ficasse ferido. “Foi aí que um dos homens foi até à porta, arrombou a fechadura e gritou que se o PM atirasse, o bando mataria os dois vigias. O soldado, então, decidiu não reagir e somente entregou sua arma”, contou Eriberto.
Com os três já rendidos, os assaltantes começaram a procurar onde ficavam guardadas as armas nas delegacias. “Eles estavam bem tranquilos. De cara limpa até, não usaram capuzes. Só falavam para a gente não fazer nenhuma besteira, que ninguém sairia ferido. O problema foi só o telefone”, revelou Eriberto.
O problema dito por ele foram as duas ligações seguidas da Guarda Municipal de Boa Saúde. Na primeira, atendida por Eriberto a mando de um dos bandidos, o guarda perguntava se estava tudo bem no local, porque havia percebido uma movimentação “estranha”. Na segunda, atendida também por Eriberto, mas que teve um dos assaltantes como ouvinte, o guarda revelava que já havia pedido reforço policial de Serra Caiada, cidade vizinha.
Ao ouvirem o aviso, os bandidos ficaram mais nervosos. Levaram os dois vigias e o PM para dentro de uma das celas e os trancaram. “Eles tiraram o cadeado da cela onde havia o único preso da unidade (que havia sido detido por baderna e pouco depois do assalto à Delegacia, foi liberado pelo comandante do Destacamento), e colocaram na cela onde a gente ficou. Também nos algemaram”, contou o vigia. Depois, ainda conseguiram encontrar as armas: guardadas dentro da única viatura do Destacamento. “Eles também pediram fósforo. Acho que queriam incendiar a viatura. Mas não fizeram isso. Levaram só as chaves dela mesmo”, afirmou o vigia.
Encontrado Ecosport com placas frias usado pelo bando
Na manhã de ontem, apesar das diligências não encontrarem o bando, pelo menos o Ecosport preto possivelmente utilizado pelos assaltantes, foi localizado. Ele estava abandonado, em uma estrada carroçável no distrito de Jundiaí, em Macaíba, Grande Natal. As placas MYH-5006 eram frias e é provável que o veículo tenha sido roubado para ser utilizado exclusivamente no assalto.
O soldado Antônio foi procurado na Delegacia na manhã de ontem para falar com a Tribuna do Norte, mas não foi localizado. Estava participando das diligências ao bando, que até o fechamento desta edição, não tinha sido encontrado. Para os guardas municipais de Boa Saúde, o alvo do bando dificilmente seria apenas a Delegacia da cidade. “Nós vimos os assaltantes descendo do Ecosport. Havia um Gol preto também que estava próximo ao local, acredito que dando cobertura. Acredito que a intenção deles era render os policiais, depois a Guarda e fazer o arrastão na cidade”, afirmou um dos guardas municipais - nome preservado.
Segundo ele, em Boa Saúde, há agências do Bradesco, dos Correios e uma lotérica. “Aqui é muito pouco policial. Hoje (ontem), o PM que está de serviço na Delegacia continua sem arma porque foram todas levadas e ainda não houve o ‘reabastecimento’”.
Em Monte Alegre, no dia 18 de agosto, uma quadrilha em um Gol prata e duas motos chegou à cidade e atirou contra três PMs que estavam na frente do prédio da Guarda Municipal. Segundo os PMs, o objetivo era render a força policial e roubar o carro forte que estava chegando para abastecer a agência do BB. A equipe da Deicor conseguiu desbaratar e prender parte da quadrilha. Na semana passada, duas cidades próximas a Natal tiveram ações criminosas ousadas. A primeira, foi na terça-feira, dia 9, em Lagoa Salgada, onde uma quadrilha explodiu o terminal do Bradesco. A mesma ação foi registrada em Extremoz, dia 12, onde os bandidos explodiram o caixa do Bradesco e do banco 24 Horas.
(Fonte: Ciro Marques - Tribuna do Norte)
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