A Operação Podium da Polícia Federal desencadeada nesta última sexta-feira (26/11), para apurar crime de sonegação fiscal, crimes contra o sistema financeiro e corrupção, resultou na prisão de nove pessoas, entre elas o advogado Armando Campos Júnior, cunhado do ex-Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ministro Francisco César Asfor Rocha (STJ - Presidente de 03/09/2008 a 03/09/2010), que é um dos atuais Ministros daquela corte cotado para presidir o Supremo Tribunal Federal (STF), a corte máxima do País. Armando é casado com Silvia, irmã de Asfor Rocha.
Procurado pela Coluna Radar, da Revista Veja, Cesar Asfor afirmou, por meio da assessoria, que não sabia da prisão de Armando. Os dois, segundo a assessoria, têm uma relação distante.
A Operação Pódium é uma referência à Federação Cearense de Automobilismo (FCA), entidade que Segundo à Polícia Federal serviu a um esquema de patrocínios fictícios que movimentou R$ 50 milhões entre os anos de 2005 e 2008.
Segundo o Superintendente da Receita Federal na 3ª região fiscal, Moacyr Mondardo Júnior, pelo menos R$ 35 milhões do total repassado como patrocínio retornaram em espécie ao "caixa 2" das empresas envolvidas. O superintendente da Polícia Federal no Ceará, Aldair da Rocha, disse que esse dinheiro era usado também para "pagar propina". Outra parte, estimada em R$14 milhões, foi remetida ao exterior. A Receita investiga agora a origem e destino dessas remessas que beneficiariam pilotos.
Para fazer o trabalho sujo, a FCA ficava com uma parte que variava entre 1% e 3% do total recebido, segundo a PF.
Armando é sogro de um dos presos. O filho do advogado é casado com a filha do piloto Hibernon Cysne, apontado como um dos pivôs do esquema e um dos nove presos. Ele depôs nesta quinta-feira e já foi dado entrada no pedido de revogação de sua prisão.
Também está preso o atual presidente da FCA, Haroldo Scipião Borges.
Interceptaçoes telefônicas feitas com autorização judicial entre Amando e Hibernon teriam levado à prisão o cunhado do ministro do STJ.
Procurado, Leandro Vasquez, advogado de Armando Campos, não quis se pronunciar. O Globo ouviu pessoas que tiveram acesso a partes do processo que tramita em segredo de justiça e que afirmaram não ter até o momento nenhuma ligação do ministro César Asfor Rocha com o esquema.
Sete empresas patrocinadoras alimentavam o esquema, a principal delas, segundo a Polícia, era o grupo Marquise, com atuação na área da construção civil, limpeza urbana, comunicação, hotelaria e financeira.
A empresa integra o consórcio que está fazendo a reforma de ampliação do Porto do Pecém, no Ceará e tem contrato com a Prefeitura para a coleta de lixo de Fortaleza.
O processo está na 11ª Vara Federal do Ceará, sendo que o juiz Ricardo Ribeiro autorizou a quebra de sigilos telefônicos e bancários dos envolvidos.
Crise no automobilismo brasileiro
Haroldo Scipião Borges, presidente da Federação Cearense de Automobilismo (FCA), não é o primeiro dirigente brasileiro a sofrer acusações graves nos últimos meses. Em setembro, Antonio dos Santos Neto, vice-presidente da CBA, foi preso pelos crimes de formação de quadrilha, fraude em licitações, peculato e falsidade ideológica.
De acordo com a Polícia, Santos Neto participava de um esquema montado na Secretaria de Saúde de Belém e ajudou a fraudar licitações com valor estimado em R$ 10 milhões.
Patrocinadores constantes no site da FCA
Atualmente os patrocinadores que constam no site da Federação Cearense de Automobilismo são a "Trilha Fort" e a "Newland" (http://www.fca.com.br).
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