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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SÓ METADE DA PM TRABALHA NAS RUAS

"Só metade do contigente da PM faz ronda. Por dia, 2,6 mil estão nas ruas."

"A Polícia Militar do Distrito Federal tem cerca de 14 mil homens. O efetivo, segundo especialistas em segurança pública, é suficiente para cobrir todas as regiões administrativas. No entanto, são poucos os policiais que realmente atuam diretamente no combate ao crime. Desse total, somente a metade concorre à escala de plantão de rua. Devido à folgada jornada de serviço, que permite ao agente da lei trabalhar um dia e ficar três em casa, apenas 2,6 mil PMs, de fato, estão todos os dias fazendo policiamento ostensivo, o que representa 18,6%. O restante da tropa exerce funções burocráticas dentro dos quartéis, está cedida a órgãos do governo, ou trabalha em lugares em que a atuação se dá somente em casos específicos, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Trânsito (Bptran).

O chefe do Departamento Operacional da PM, coronel Alberto Pinto, garante que o quadro é suficiente e defende a presença de tantos PMs na burocracia. “De forma nenhuma é um número grande. Inclusive, a PM trabalha com o mínimo (de policiais atuando em funções burocráticas). São áreas de inteligência, planejamento, logística, entre outras, que requerem a presença de um policial militar. Todos eles são necessários para o funcionamento da máquina”, argumentou Alberto Pinto.

O oficial ressaltou ainda que o contingente nas ruas, em alguns dias, chega a 3,1 mil, pois muitos policiais aderem ao serviço voluntário gratificado, que consiste em abrir mão de um dia de folga para ganhar R$ 200 pelo serviço extra. “Com esse regime especial, a escala média da tropa fica sendo 12 por 36. Lógico que, se você me perguntar se eu viveria melhor com R$ 10 mil ou R$ 100 mil, eu diria R$ 100 mil. Queríamos, sim, mais policiais, mas nós estamos conseguindo realizar um bom trabalho com o que temos, tanto que o índice de crimes na região central de Brasília caiu bastante”, disse o coronel, ressaltando que a PM tem um deficit de 4 mil militares.

O consultor em segurança pública, ex-secretário Nacional de Segurança e ex-comandante da PM paulista José Vicente da Silva se espantou ao tomar conhecimento dos números. “Brasília é uma das cidades com mais policiais em relação à sua população no mundo, mas também é uma das que mais tem policiais desviados de função no mundo. Em São Paulo, por exemplo, dos 95 mil policias, apenas 5% exercem funções burocráticas”, comparou Vicente.

Ele também criticou a escala de serviço dos policiais brasilienses. “Só em Brasília existe essa escala tão folgada. É uma coisa que não dá para entender. Pagam hora extra para o policial trabalhar na folga, mas não mudam a escala. Isso é malversação do dinheiro público. O próximo governador do DF tem que fazer algo para alterar essa bagunça porque, do jeito que está, quem paga a conta é a população”, disparou Vicente.

Violência

O baixo número de policiais militares nas ruas pode ser a explicação para tantos casos de violência. Na edição de ontem, o Correio mostrou que, somente nos primeiros sete meses deste ano, foram registradas 53.107 ocorrências de furtos e roubos em todo o DF. O Plano Piloto é a região mais atingida, com 12.406 casos. Os moradores e comerciantes são os que mais sentem a falta de policiamento, principalmente nas quadras das asas Sul e Norte. Há mais de 20 anos Inezildo Vieira Cassiano, 50 anos, trabalha como chaveiro na 716 Norte, próximo à parada de ônibus. De dentro da cabine, ele testemunhou vários episódios de violência. Já viu colegas serem assaltados à mão armada em plena luz do dia, nos becos entre os blocos das quadras 700. “Hoje, bandido não tem medo da Justiça. Se houvesse punição real, o criminoso pensaria duas vezes”, diz. Segundo ele, a Polícia Militar até passa pelo local, mas não inibe a ação de marginais, rápidos nos golpes. “Eles (os bandidos) são caras de pau. Sabem que nós não podemos fazer nada”, critica.

Insegura também está Soraia Aparecida Ferreira, dona de um salão de beleza na 315 Norte e moradora da 716 Norte. “Meu filho tem 12 anos e já foi assaltado duas vezes no caminho da parada para casa. Na semana passada, minha cliente foi assaltada ao sair do BRB, na 516 Norte, e o cara colocou uma arma no peito dela”, conta. Soraia afirma que quase todas as esquinas de blocos da 716 Norte são tomadas por movimentação estranha ao anoitecer. “Até pouco tempo atrás, tinha gente traficando dentro de um carro abandonado. No parquinho, então, nem se fala. Sempre tem mendigo, pivetes por aqui”, diz. Em sua avaliação, o trabalho da PM no local é muito ruim: “Acho que nunca vi um policial por aqui”.

Aliás, a Asa Norte tem sido palco de vários crimes. No último sábado, o comerciante Sebastião Carneiro de Souza, 52 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça ao tentar impedir um assalto que acontecia em frente ao seu estabelecimento, na Quadra 710. Os três adolescentes acusados de cometer o ato infracional foram apreendidos. Eles tinham acabado de deixar uma instituição de semiliberdade para menores, no Gama."

(Fonte: Ariadne Sakkis e Saulo Araújo - Correio Braziliense)

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