"Polícia "teleguiada" nas favelas."
"Equipamento vai acompanhar, via GPS, os passos dos policiais militares em incursões dentro de comunidades.
Imagine uma operação onde cada passo dos policiais é monitorado por GPS em tempo real e em que a tropa recebe informações detalhadas sobre a favela e a rota de fuga dos bandidos. As cenas, que poderiam sair de um filme de espionagem, já são realidade para a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O equipamento — batizado temporariamente de Modelo Operacional — será usado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) em incursões nas favelas, onde eles serão "teleguiados".
A novidade é um projeto do Centro de Comunicação e Informática (CCI) da PM e foi testada há um mês, sob sigilo absoluto. O principal aparelho é holandês, da empresa Rohill. Mas foram comprados também equipamentos da companhia inglesa Sepura. Todo o sistema foi instalado em um carro do Bope e testado no que os policiais do CCI consideraram "ambiente controlado", a Favela Tavares Bastos, em Laranjeiras, aos pés da sede do batalhão.
“O teste foi 100%. Os "caveiras" tiveram total comunicação”, festeja o major Fábio Cajueiro, chefe do CCI. Segundo o oficial, o equipamento fornece a localização, via GPS, de todos os policiais no terreno, e será transmitido por um tipo de computador de bordo.
O sistema é tão moderno que conta com a opção "sussurro”, na qual o operador — de dentro de um blindado repleto de parafernálias eletrônicas — fala no ouvido de cada participante da ação por meio de um ponto eletrônico, sem que bandidos possam localizar ou perceber. O Modelo Operacional também fornece detalhes sobre o terreno e saídas do inimigo.
Adaptação à realidade carioca
O Modelo Operacional via rádio está em desenvolvimento na Inglaterra, com algumas adaptações à realidade carioca sugeridas pelo Bope e CCI. “O equipamento é 100% sem fio, com temática totalmente operacional e desenvolvido para forças policiais especiais por todo o mundo”, acrescenta Cajueiro. O oficial e sua equipe estão visitando centros tecnológicos de segurança na Europa.
Nas incursões, o equipamento funcionará de forma discreta: o carro que servirá de central de monitoramento ficará fora da favela, em local estratégico, permitindo comunicação em toda a área. O modelo possibilita também o envio de imagens feitas por policiais ou de mapas e sons pelo sistema de rádio da PM, mantendo policiais conectados durante a operação.
Para o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, as inovações são imprescindíveis: “Há preocupação do governo com investimento em tecnologia, e a PM não pode ficar atrás. Acabamos de escolher a Fundação Getúlio Vargas para pilotar o Plano Diretor de Tecnologia da Informação da PM. É um passo fenomenal”.
Ataques levam frota atual ao limite
A frota de blindados da polícia deve receber reforço até o fim do ano. Projeto em estudo pela cúpula da Segurança prevê a aquisição de pelo menos mais 30 carros. Eles seriam de fabricação nacional. Os veículos iriam para a Polícia Civil e para a PM, mas o Bope ficaria com o número maior.
Testados ao limite nas operações e alvo de ataques de criminosos, boa parte dos blindados da frota atual demonstra desgaste. Tiros são o principal motivo para as ‘baixas’ dos caveirões. Pelo menos oito deles estão em reparo.
No início do mês, o comandante-geral admitiu que a falta de patrulhamento noturno em Manguinhos — onde O DIA flagrou bandidos armados em frente à sede da Cidade da Polícia — se devia ao conserto de um dos blindados do 22º BPM (Maré).
"TIGRE" DA RÚSSIA EM TESTE
Outra novidade no combate ao crime é o miniblindado russo, o Tiger, que será testado por policiais do Bope. O equipamento foi visto e aprovado pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, em visita à Rússia em agosto.
O veículo é um utilitário mais leve e menor que os caveirões da PM. Com pouco mais de quatro toneladas, ele tem, por exemplo, mais mobilidade para transitar pelas ruas estreitas das comunidades do Rio. O carro custa cerca de R$ 500 mil e é empregado por forças policiais russas.
Com tração nas quatro rodas, o "caveirinha" resiste a tiros de fuzil e pode transportar até nove policiais. O blindado atual pesa nove toneladas e, o último modelo adquirido, pesa cerca de 15 toneladas e se locomove com dificuldade nos morros.
Caso passe no teste, o carro sofrerá ajustes antes de integrar a frota da polícia. O número de veículos que serão adquiridos será decidido somente após a conclusão dos policiais.
(Fonte: Viana Cunha - O Dia online)
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