"Mal começou o ano de 2010, nada menos que 265 homicídios foram registrados nos dois primeiros meses na Capital e nos Municípios que formam o cinturão metropolitano da quinta maior cidade do País. Este número representa um aumento da ordem de 31,1 por cento em relação ao primeiro bimestre de 2009, quando 202 assassinatos foram registrados na Grande Fortaleza.
Somente no mês de fevereiro último, 138 pessoas foram mortas na RMF, contra 93 em fevereiro do ano anterior. Em janeiro último foram 127 homicídios, contra 109 em igual período de 2009.
Os números que mostram a evolução da criminalidade na RMF foram obtidos pelo jornal em pesquisa própria, a partir do levantamento das ocorrências policiais registradas - dia a dia - nas delegacias plantonistas, nos hospitais de emergência e pelo boletim diário emitido pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops). São números cruzados, constando em cada registro o nome da vítima, local e hora da ocorrência, bem como a arma ou outro meio utilizado pelos assassinos.
A exemplo de outros grandes jornais brasileiros, o Diário - através de sua Editoria de Polícia - tem feito o acompanhamento dos homicídios na Zona Metropolitana, para suprir a falta de informações gerada pela própria Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) que, entre outras medidas para escamotear o crescimento da realidade da violência na RMF, proibiu, recentemente, a Coordenadoria de Medicina Legal (o antigo IML) de fornecer à Imprensa os registros de entrada de corpos no necrotério.
"Estamos vivendo uma verdadeira guerra urbana em que as pessoas são mortas em número cada vez maior e nós, as próprias autoridades, se tornam refém desta realidade". A declaração partiu de um integrante da própria Polícia estadual que, no entanto, pediu que sua identidade fosse preservada para não receber punição da SSPDS. O depoimento foi revelado no último sábado, logo após circular a informação de que um inspetor da Delegacia de Narcóticos havia morrido depois de baleado por supostos traficantes.
Outro aspecto revelador da estatística foi o número de adolescentes assassinados nos dois primeiros meses deste ano. Nada menos que 31, contra 21 em 2009, um aumento da ordem de 47,6 por cento comparando os dois bimestres (2009 e 2010). E são exatamente os jovens os principais alvos do braço armado do tráfico em Fortaleza.
CRIMINALIDADE
Chacinas desafiam as autoridades da Segurança
Antes consideradas ocorrências atípicas e raras, as chacinas passaram a ser mais um grave componente da criminalidade na RMF e que derruba o discurso oficial de que a Segurança Pública mudou para melhor no Ceará. Os casos de duplo e triplo assassinatos viraram uma constante no noticiário policial da Imprensa local e têm causado horror nas comunidades mais carentes da Grande Fortaleza.
Um desses casos ocorreu em pleno Carnaval, no Planalto Vitória, quando, de uma só vez, foram mortos um líder comunitário (Luiz Azevedo Silva), uma dona-de-casa (Vandeglácia Rocha Silva) e uma menina (a pequena Moara da Costa Sena). O triplo homicídio decorreu da ação de um grupo de criminosos responsável pelo tráfico de drogas naquela área. As três pessoas inocentes foram mortas menos de cinco horas após um dos bandidos, conhecido pelo apelido de ´Júnior Mirim´, ter sido fuzilado por desconhecidos.
Os duplos e triplos assassinatos viraram um desafio a mais para as autoridades. Em janeiro, três pessoas foram mortas de uma só vez num suposto ´acerto de contas´. Em fevereiro, a realidade foi ainda pior. Além do caso no Planalto Vitória, foram registrados mais três casos de duplo homicídio na Capital."
(Fonte: Fernando Ribeiro - Diário do Nordeste)
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