"Se na maioria das áreas a desigualdade entre mulheres e homens permanecem, na educação o cenário é diferente. A trajetória escolar das meninas brasileiras tende a ser mais regular e bem-sucedida do que a dos meninos.
Em alguns países, especialmente na África e no mundo árabe, as condições de acesso ao ensino e permanência na escola são desfavoráveis para as mulheres. Por essa razão, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estabeleceu metas de promoção de paridade entre gêneros para alguns países durante a Conferência Mundial de Educação, em 2000. A situação é monitorada pelo órgão.
O especialista em educação e oficial de projetos da Unesco no Brasil, Wagner Santana, analisa que, no país, as trajetórias escolares diferentes para homens e mulheres têm relação com o mundo do trabalho.
"Faltam estudos conclusivos a respeito disso, mas com muita frequência fala-se que os meninos, especialmente no final do ensino fundamental e no ensino médio, já passam a sentir uma pressão maior para entrar no mercado de trabalho", aponta. Muitos também são afetados pela violência que, nessa faixa etária, atinge mais a população masculina.
Santana destaca alguns dados da última Pnad/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que ilustram a situação do Brasil: no grupo dos 15 aos 17 anos, 57% das meninas estão no ensino médio, etapa correta para essa faixa etária. Entre os meninos, o atraso é maior: só 47% cursam a série indicada para a sua idade.
Em relação aos índices de escolaridade, na faixa etária dos 15 aos 19 anos, 41% dos homens têm menos de oito anos de estudo. Já entre as mulheres, essa situação atinge 29% da população nessa faixa etária.
"A entrada dos dois na escola é muito parecida, mas a trajetória escolar dos meninos é mais tumultuada e interrompida", compara Santana. Segundo ele, essa situação é comum nos países da América Latina.
A pesquisadora do CFemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), Patrícia Rangel, ressalta que essa vantagem na escolarização não se reflete em ganhos no mercado de trabalho. Segundo ela, o índice de desemprego entre mulheres com nível universitário é 30% maior do que entre os homens com a mesma escolaridade.
Elas ainda ocupam menos cargos de chefia e continuam ganhando menos do que os homens por questões culturais e de estruturação do mundo do trabalho, de acordo com a especialista. "Em primeiro lugar, o Brasil tem uma cultura patriarcal que não considera normal que a mulher assuma funções de liderança", afirma.
"Além disso, há uma divisão sexual do trabalho. Algumas tarefas são delegadas ao homens e outras à mulher. Elas sempre ficam encarregadas das atividades do lar e do cuidado com os filhos. Com isso, elas têm menos tempo para se dedicar e crescer na carreira", explica.
De acordo com a especialista, creches e escolas infantis são importantes para reverter essa situação e a oferta precisa ser ampliada. Com o acolhimento das crianças nesse locais, a mulher teria mais tempo e energia para investir na carreira, reduzindo os efeitos da dupla jornada.
"Além disso, homens e mulheres precisam compartilhar solidariamente as tarefas domésticas e de cuidado com a família. A Convenção 156 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) trata sobre isso, mas o Brasil ainda não ratificou essa convenção", diz."
(Fonte: Amanda Cieglinski, da Agência Brasil - Uol)
Em alguns países, especialmente na África e no mundo árabe, as condições de acesso ao ensino e permanência na escola são desfavoráveis para as mulheres. Por essa razão, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estabeleceu metas de promoção de paridade entre gêneros para alguns países durante a Conferência Mundial de Educação, em 2000. A situação é monitorada pelo órgão.
O especialista em educação e oficial de projetos da Unesco no Brasil, Wagner Santana, analisa que, no país, as trajetórias escolares diferentes para homens e mulheres têm relação com o mundo do trabalho.
"Faltam estudos conclusivos a respeito disso, mas com muita frequência fala-se que os meninos, especialmente no final do ensino fundamental e no ensino médio, já passam a sentir uma pressão maior para entrar no mercado de trabalho", aponta. Muitos também são afetados pela violência que, nessa faixa etária, atinge mais a população masculina.
Santana destaca alguns dados da última Pnad/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que ilustram a situação do Brasil: no grupo dos 15 aos 17 anos, 57% das meninas estão no ensino médio, etapa correta para essa faixa etária. Entre os meninos, o atraso é maior: só 47% cursam a série indicada para a sua idade.
Em relação aos índices de escolaridade, na faixa etária dos 15 aos 19 anos, 41% dos homens têm menos de oito anos de estudo. Já entre as mulheres, essa situação atinge 29% da população nessa faixa etária.
"A entrada dos dois na escola é muito parecida, mas a trajetória escolar dos meninos é mais tumultuada e interrompida", compara Santana. Segundo ele, essa situação é comum nos países da América Latina.
A pesquisadora do CFemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), Patrícia Rangel, ressalta que essa vantagem na escolarização não se reflete em ganhos no mercado de trabalho. Segundo ela, o índice de desemprego entre mulheres com nível universitário é 30% maior do que entre os homens com a mesma escolaridade.
Elas ainda ocupam menos cargos de chefia e continuam ganhando menos do que os homens por questões culturais e de estruturação do mundo do trabalho, de acordo com a especialista. "Em primeiro lugar, o Brasil tem uma cultura patriarcal que não considera normal que a mulher assuma funções de liderança", afirma.
"Além disso, há uma divisão sexual do trabalho. Algumas tarefas são delegadas ao homens e outras à mulher. Elas sempre ficam encarregadas das atividades do lar e do cuidado com os filhos. Com isso, elas têm menos tempo para se dedicar e crescer na carreira", explica.
De acordo com a especialista, creches e escolas infantis são importantes para reverter essa situação e a oferta precisa ser ampliada. Com o acolhimento das crianças nesse locais, a mulher teria mais tempo e energia para investir na carreira, reduzindo os efeitos da dupla jornada.
"Além disso, homens e mulheres precisam compartilhar solidariamente as tarefas domésticas e de cuidado com a família. A Convenção 156 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) trata sobre isso, mas o Brasil ainda não ratificou essa convenção", diz."
(Fonte: Amanda Cieglinski, da Agência Brasil - Uol)
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