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segunda-feira, 8 de março de 2010

CEARÁ - MULHERES NA PM NÃO CHEGA NEM A 5%


"Em diligências nas ruas, locais de crimes, blitze e auxílio à população. Em todos os cenários de ocorrências policiais elas estão lá. São as policiais femininas, que integram o efetivo da Polícia Militar no Ceará desde 1994. Dias antes do Dia Internacional da Mulher, o jornal O Estado conversou com a capitã Michelliny Vasconcelos Gomes de Menezes, (foto à esquerda) que revelou um dado preocupante para os dias de hoje: atualmente, o número de mulheres na PM não chega a 5% do efetivo total.

Pioneira no Estado, a oficial divide-se entre o trabalho de PM, cuidar do marido e dos filhos gêmeos e ainda dedica-se a um tempo para si. “O começo foi complicado, não pelo preconceito, mas pela diferença que o ambiente apresenta”, revelou. Os cursos para soldado, sargento e oficial têm duração de três anos, porém as pioneiras fizeram em apenas seis meses. “Como o tempo foi reduzido, nos foi exigido nível superior. Eu fazia faculdade, mas não tinha concluído então me formei como sargento. Vieram duas oficiais do Distrito Federal e uma sargento para formar a primeira turma do Estado”, explicou a capitã.

Michelliny Vasconcelos comentou que, na época, existia uma companhia apenas para as mulheres e que, no início, realizavam trabalhos de trânsito e turismo. “Quando eu terminei a faculdade de Farmácia, fiz o curso para ser oficial. Ao retornar, a unidade feminina já estava diluída na tropa. Já tinha mulher trabalhando no batalhão de choque, no presídio e fazendo policiamento normal em viaturas com os homens”, lembrou.

PRECONCEITO E ESTRANHAMENTO

A capitã comentou que nunca sofreu preconceito, mas admite que teve que conviver com o machismo “que é típico dos brasileiros e, principalmente, nos nordestinos”. A oficial ainda comentou que todas as que trabalham na PM procuram não serem tratadas com diferença e realizam os trabalhos dividindo com os outros policiais. “Hoje nós temos as policiais do Ronda do Quarteirão, tanto oficiais quanto praças que estão na viatura e nas ruas”, disse.

Para ela, apesar do efetivo feminino ter quase 16 anos, algumas pessoas ainda estranham quando veem uma mulher com a farda da PM. “Ainda é uma novidade, porque nós somos poucas. As pessoas ainda não têm aquele hábito de ver mulheres policiais. Ainda surpreende as pessoas, elas se aproximam e admiram”, revelou.

Michelliny Gomes afirmou ainda que o estranhamento acontece também em ações policiais. “Quando chego numa ocorrência, que já tenha uma viatura com homens, os acusados se retraem. Por várias vezes, ajudei a solucionar casos pelo simples fato de ser mulher”, comentou. Ela ainda relatou que teve um caso de um bandido correr da abordagem por achar que, por ser uma policial, não iria capturá-lo.

O simples fato de andar pelo shopping, coisa que muita mulher gosta de fazer, chama atenção de todos se estiver com a roupa de trabalho. “As pessoas me perguntam em que eu trabalho e quem eu mando. Quando eu digo que mando em tenente, sargento, elas se admiram e me questionam como me sinto. Para explicar, comparo com uma empresa da qual sou chefe, ou seja, me obedecem normalmente”.

PROFISSÃO FAMÍLIA

Michelliny Vasconcelos relatou que nunca passou pela cabeça ser militar e que só se inscreveu para o concurso no último dia e a pedido do pai, que também era da PM. A capitã é casada com um oficial também da PM e tem um casal de gêmeos. Ela acredita que os filhos seguirão pelo caminho dos pais.

Afirmou que, mesmo trabalhando no meio de tantos homens e em emprego que exige disciplina, tem como manter a essência feminina. “Essa essência de mulher é boa para a corporação. Quando nós entramos para a Polícia, isso eu já escutei de muitos homens que estão na PM há mais tempo, é como se a presença feminina humanizasse a corporação”, disse."

(Sic)

(Fonte: Jornal O Estado)

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