Enquanto isso não acontece analisamos dois filmes recentes: Guerra ao terror, que levou seis Oscars em 2010 e O mensageiro, apenas indicado para ator coadjuvante e roteiro original. O primeiro deles, dirigido pela bela Kathryn Bigelow, em 2008, é um filme mililtarista, apesar de mostrar os horrores da guerra do Iraque; o segundo, de Oren Moverman, sem cenas de combates, é anti-militarista. Muito provavelmente Kathryn não é adepta do Tea Party e vota nos Democratas, mas ela pensa o cinema do ponto de vista do herói. Embora o personagem seja um desmontador de bombas cuja vida não vale um palito e seu estado emocional beire a loucura, há um apelo e uma dignidade enorme nele. Talvez na vida real alguém que se dedica a essa atividade mereça ser chamado de herói, mas no cinema ele contribui para que continuemos aceitando o militarismo.
O segundo filme, O mensageiro, trata dos militares que dão a notícia aos parentes dos mortos em combate. É um libelo contra o papel do exército dentro do Estado. Uma das cenas, durante uma festa, com dois oficiais embriagados interferindo nos discursos é a maior representação cinematográfica do achincalhe em que se tornou a presença americana no Iraque.
A visão do exército americano como uma instituição honrada que presta os melhores serviços aos cidadãos de qualquer nacionalidade, como a criada por Spilberg em Soldado Ryan, por exemplo, perde aos poucos a credibilidade. Obras como Nascido para matar (full metal jacket), de Stanley Kubrick, 1987, tendem a trazer a realidade ao grande público. Os heróis estão com data marcada para a despedida.
(Fonte: Flávio Braga. Via e-mail da Fundação Lauro Campos)
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