"Parece que eles vieram apenas para cumprir tabela. Nós éramos os únicos que queríamos, de verdade, fazer uma Olimpíada. As pessoas viram isso nos nossos olhos", destacou o presidente Lula, após a votação.
O enorme empenho do governo brasileiro e os R$ 138 milhões gastos na campanha levaram o Brasil a realizar um sonho antigo: esta foi a quinta vez que o país entrou na briga para sediar os jogos. O mesmo já havia ocorrido em 1936 (candidatura independente, sem anuência COB), 2000, 2004 e 2012 — apenas em 2000 a candidatura não foi carioca, mas de Brasília.
Pela manhã, as quatro cidades finalistas fizeram suas apresentações ao COI. O Brasil apostou na emoção e caprichou nas imagens de belezas naturais do Rio de Janeiro. Também contou com o poder de persuasão de João Havelange, membro mais antigo do Comitê Olímpico Internacional e ex-presidente da Fifa. Ele fez um breve discurso na abertura da apresentação brasileira e depois deu palavra a Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, ressaltou o empenho da cidade na campanha, com especial destaque para os investimentos em infraestrutura. Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes, exibiu um vídeo com os locais onde acontecerão as competições.
Por fim, o presidente Lula fez um discurso emocionado e enfatizou a receptividade do povo brasileiro. Ele ainda citou a importância do país no novo mapa da economia mundial e mais uma vez deu garantias da realização dos Jogos no Rio. "De todos os países que são candidatos hoje, somente o Brasil não recebeu uma edição dos Jogos Olímpicos. Para os outros, será apenas mais uma Olimpíada. Para nós, será 'a' Olimpíada", disse.
Azarão no início da disputa, o Rio quase ficou fora após a avaliação inicial do COI, que colocava Doha, no Catar, como a quarta finalista. Porém, a cidade árabe saiu do páreo porque queria realizar a Olimpíada em outubro, sob alegação de que o calor na região é forte demais entre os meses de julho e setembro.
Com um lugar assegurado entre as quatro cidades finalistas, o Rio de Janeiro ganhou força aos poucos. O principal argumento dos brasileiros para "pedir" votos foi o fato de a América do Sul jamais ter recebido os Jogos. Paralelamente vinha o argumento de que o Brasil era a única das principais economias do mundo que jamais teve esse privilégio.
A crise financeira mundial foi outro fator favorável. Diferente de países como Estados Unidos, Japão e Espanha, onde ficam as quatro cidades que concorriam, o Brasil passou quase incólume à "tormenta". Chicago, por exemplo, teve problemas com a captação de recursos privados devido à crise.
Outras fraquezas dos rivais ajudaram a candidatura brasileira. O baixo apoio popular roubou votos importantes de Tóquio, enquanto Madri perdeu força porque a Espanha recebeu a Olimpíada de 1992, em Barcelona, e os Jogos de 2012 serão mais uma vez na Europa, em Londres.
Investimento pesado
O projeto do Rio de Janeiro para receber a Olimpíada é estimado em R$ 25,9 bilhões, o mais caro entre as quatro cidades finalistas. Para se ter uma ideia, o segundo maior orçamento é o de Tóquio: R$ 13 bilhões.
Só a campanha para levar o Rio de Janeiro até a votação final,em Copenhague, já consumiu R$ 138 milhões. O maior "patrocínio" foi do governo federal, que repassou R$ 55,2 milhões para os gastos com a candidatura.
Apesar do altíssimo investimento, o Rio de Janeiro pretende compensar os gastos. Conforme pesquisa encomendada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o impacto dos Jodos na economia brasileira chegará a R$ 102 bilhões de empregos.
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