"Depois de denunciar na Imprensa a excessiva carga de trabalho pela qual estão sendo submetidos, os baixos salários e a existência de "duas" polícias no Estado, os policiais militares cearenses estão sendo vítimas de constantes acidentes que envolvem as caminhonetes de luxo adquiridas pelo Governo depois de uma longa polêmica no âmbito político. Cada veículo custou aos cofres do Estado - e no bolso do cidadão - R$ 150 mil.
A falta de prática para dirigir esse tipo de veículo se soma a outros fatores - como fadiga - para a ocorrência de dezenas de acidentes, cujos números exatos nem a própria Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) tem.
Declaração
"Dizer para você que eles (policiais) têm experiência para dirigir um carro (Hilux) desse, seria uma falácia. Nem esse nem o outro tipo."
A declaração foi dada, com exclusividade, ao Diário do Nordeste, na tarde da última quinta-feira (15), pelo secretário-executivo da SSPDS, coronel PM Joel Brasil, um dos responsáveis pela implantação e coordenação do projeto de policiamento comunitário Ronda do Quarteirão. "A viatura do Ronda é para estar andando a 40 quilômetros do por hora, devagar, fazendo ronda, policiando, prioritariamente", completou o oficial.
Policiais militares ouvidos pelo Diário, que pediram anonimato (por temerem punições), alegam que não foram devidamente treinados para dirigir as caminhonetes. "É por isso que tem batida (colisão) todo dia. A gente passou a vida toda dirigindo carro pequeno, e, de uma hora para outra, mandaram dirigir esses carrões. No começo, a gente ficava até com medo de dar partida nas Hilux", declara outro policial militar.
Já o comandante do Batalhão de Policiamento Comunitário, coronel PM Túlio Studart, contesta esta versão. Segundo ele, no efetivo do Ronda há 780 policiais "antigos", e muitos já dirigiam viaturas da Polícia. "Eles passaram por treinamento e ainda estão sendo treinados. Atualmente, 20 policiais estão fazendo treinamento diário". Studart confirma que os PMs do Ronda estão orientados a não realizar perseguições.
"A determinação é essa. Essas perseguições são proibidas. A doutrina de hoje proíbe perseguições malucas, hollywoodianas. Hoje, é fazer o cerco inteligente. Não queremos que o policial saia feito maluco, nas ruas. O bandido pode, mas o policial não. Ele tem que respeitar a vida das pessoas, Não adianta colocar em risco a sua vida e a vida de outras pessoas para prender um bandido", afirma.
Studart diz que, através de monitoramento, o Comando do Ronda sabe quando qualquer RD (viatura do Ronda), na Capital e RMF, ultrapassa a velocidade de 80 quilômetros por hora. "Quando constatamos isso, exigimos explicações e orientamos os policiais".
COBERTURA
Diário tem acompanhado o drama dos PMs nas ruas
Os acidentes mais comuns com as viaturas da Polícia Militar são as colisões. Em seguida, vêm os capotamentos. Nas ruas e avenidas da Capital, além do constante perigo de enfrentamento com marginais, os policiais também estão sempre na iminência de sofrer acidentes graves.
Nos últimos seis meses, a reportagem do Diário do Nordeste acompanhou diversos casos. Um dos mais graves ocorreu há apenas três semanas, quando uma viatura do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque), colidiu violentamente na traseira de um caminhão, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, no bairro Jangurussu. Dois policiais ficaram feridos. O acidente teria sido provocado por uma poça de óleo derramado na pista e que causou outros quatro sinistros de trânsito naquele dia.
Outro acidente grave ocorreu no dia 12 de maio, quando policiais do Ronda do Quarteirão sofreram uma colisão em Messejana, e eram socorrido por colegas em outra viatura. Quando a Hilux que levava os feridos para o hospital e passava no cruzamento das ruas Solon Pinheiro e Saldanha Marinho, no Centro, acabou também sofrendo acidente. O número de feridos, então, aumentou de dois para quatro. Por sorte, os PMs tiveram apenas lesões de natureza leve.
TECNOLOGIA
Parafernália para monitorar o Ronda
Uma sala ampla, composta de vários telões e mapas digitais, além de sistema de rádio e rastreamento por câmeras e outros equipamentos de comunicação. Toda essa parafernália foi montada pelo governo com o objetivo de acompanhar, passo a passo, o programa "Ronda do Quarteirão", principal propaganda do Governo do Estado.
Mesmo com tanta tecnologia montada, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não consegue barrar o crescimento vertiginoso da violência armada em Fortaleza e sua Região Metropolitana. Para se ter uma ideia disso, basta citar que, num único fim de semana, 28 pessoas foram assassinadas na Capital e Região Metropolitana. No "feriadão" passado, a Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança) recebeu, nada menos, que 40 mil ligações, segundo o secretário executivo da SSPDS, coronel PM Joel Brasil.
Violência
Os números da violência chegam a impressionar. Os assassinatos, considerados pelas autoridades mundiais como os crimes de maior gravidade dentro da macro-criminalidade - já que vidas humanas são ceifadas - não param de crescer dentro das estatísticas oficiais e da Imprensa local. A Editoria de Polícia do Diário do Nordeste já contabilizou este ano, nada menos que 1.117 homicídios somente na Grande Fortaleza.
Os assaltos contra residências, ataques a estabelecimentos comerciais e industriais, assaltos relâmpagos, sequestros clássicos e virtuais, as "saidinhas" e "chegadinhas" bancárias" são outros tormentos que o cidadão fortalezense enfrenta todos os dias.
Embora não tenha apresentado à Reportagem do Diário o quantitativo exato de quantos acidentes as viaturas do Ronda tenham se envolvido desde a implantação do programa - no dia 21 de novembro de 2007 - o secretário executivo da SSPDS garante que as "baixas" (veículos tirados de circulação) não passam de 20 por cento de toda a frota. Brasil assegura que, diariamente, são colocadas nas ruas de Fortaleza 195 viaturas e, em torno de 39 delas (20 por cento) estão "baixadas".
Para que o serviço não fique comprometido quando ocorre a quebra de alguma caminhonete, há uma frota de viaturas reservas, sendo 38 para a Capital e Região Metropolitana e outras 15 para o Interior, portanto, 53 Hilux reservas. "Se eu tenho 20 por cento de baixas, em acho razoável dentro de uma frota de 195 viaturas. Se você está rodando dentro de uma cidade de difícil mobilidade, onde as pessoas não respeitam o trânsito, onde o trânsito é caótico e você jogar 195 viaturas, ter 20 por cento de baixa eu acho razoável.
A minha grande preocupação é estarem todas as áreas atendidas", afirma o coronel Joel Brasil. Para ele, os acidentes "não estão atrapalhando" a operacionalização do serviço de policiamento."
Curso
Sobre a preparação dos policiais destinados a dirigir as caminhonetes, o oficial explica que no Batalhão de Polícia do Choque (BpChoque) há PMs treinados em direção progressiva e defensiva. Eles, juntamente com PMs da Companhia do Policiamento Rodoviário (CPRV) e técnicos do Detran, deram cursos para os motoristas policiais do Ronda. "Não vou dizer que todos os que fazem esse curso saem craques na direção."
DENÚNCIA
Dirigente diz que "dinheiro público está indo pro ralo"
"Um investimento altíssimo (a compra de caminhonetes de luxo para a Polícia) está indo pro ralo. É um absurdo o que estão fazendo com os nossos policiais. O Estado está colocando para dirigir essas viaturas policiais que ainda estão com carteiras de Habilitação provisória, isto é, guiadores que ainda estão sendo avaliados pelo Detran. Some-se a isso, uma carga horária escravizante. Já pensou, dirigir uma viatura dessa durante seis noites seguidas? São 48 horas semanais, uma jornada de trabalho que afronta a Constituição brasileira. Esse investimento, repito, está indo pro ralo."
A declaração foi feita ao Diário do Nordeste pelo subtenente P. Queiroz, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece). Segundo ele, os acidentes têm ocorrido com frequência devido a um somatório de fatores, entre eles, a falta de habilitação dos PMs e a fadiga por conta da escala de serviço.
"O governo está desrespeitando a Lei, pois o Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 164, determina que só pode dirigir veículo de emergência o motorista devidamente habilitado e treinado para este tipo de atividade. O que está acontecendo é que eles (PMs) não sabem o que fazer na hora de uma manobra mais arriscada, que exija uma perícia maior. Some-se a isso, essa jornada estressante, que é uma verdadeira escravidão".
O presidente, afirma ainda que, "tenho 27 anos como policial militar e só vi a corporação oferecer curso de habilitação para os policiais nos anos 80"."
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
A falta de prática para dirigir esse tipo de veículo se soma a outros fatores - como fadiga - para a ocorrência de dezenas de acidentes, cujos números exatos nem a própria Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) tem.
Declaração
"Dizer para você que eles (policiais) têm experiência para dirigir um carro (Hilux) desse, seria uma falácia. Nem esse nem o outro tipo."
A declaração foi dada, com exclusividade, ao Diário do Nordeste, na tarde da última quinta-feira (15), pelo secretário-executivo da SSPDS, coronel PM Joel Brasil, um dos responsáveis pela implantação e coordenação do projeto de policiamento comunitário Ronda do Quarteirão. "A viatura do Ronda é para estar andando a 40 quilômetros do por hora, devagar, fazendo ronda, policiando, prioritariamente", completou o oficial.
Policiais militares ouvidos pelo Diário, que pediram anonimato (por temerem punições), alegam que não foram devidamente treinados para dirigir as caminhonetes. "É por isso que tem batida (colisão) todo dia. A gente passou a vida toda dirigindo carro pequeno, e, de uma hora para outra, mandaram dirigir esses carrões. No começo, a gente ficava até com medo de dar partida nas Hilux", declara outro policial militar.
Já o comandante do Batalhão de Policiamento Comunitário, coronel PM Túlio Studart, contesta esta versão. Segundo ele, no efetivo do Ronda há 780 policiais "antigos", e muitos já dirigiam viaturas da Polícia. "Eles passaram por treinamento e ainda estão sendo treinados. Atualmente, 20 policiais estão fazendo treinamento diário". Studart confirma que os PMs do Ronda estão orientados a não realizar perseguições.
"A determinação é essa. Essas perseguições são proibidas. A doutrina de hoje proíbe perseguições malucas, hollywoodianas. Hoje, é fazer o cerco inteligente. Não queremos que o policial saia feito maluco, nas ruas. O bandido pode, mas o policial não. Ele tem que respeitar a vida das pessoas, Não adianta colocar em risco a sua vida e a vida de outras pessoas para prender um bandido", afirma.
Studart diz que, através de monitoramento, o Comando do Ronda sabe quando qualquer RD (viatura do Ronda), na Capital e RMF, ultrapassa a velocidade de 80 quilômetros por hora. "Quando constatamos isso, exigimos explicações e orientamos os policiais".
COBERTURA
Diário tem acompanhado o drama dos PMs nas ruas
Os acidentes mais comuns com as viaturas da Polícia Militar são as colisões. Em seguida, vêm os capotamentos. Nas ruas e avenidas da Capital, além do constante perigo de enfrentamento com marginais, os policiais também estão sempre na iminência de sofrer acidentes graves.
Nos últimos seis meses, a reportagem do Diário do Nordeste acompanhou diversos casos. Um dos mais graves ocorreu há apenas três semanas, quando uma viatura do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque), colidiu violentamente na traseira de um caminhão, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, no bairro Jangurussu. Dois policiais ficaram feridos. O acidente teria sido provocado por uma poça de óleo derramado na pista e que causou outros quatro sinistros de trânsito naquele dia.
Outro acidente grave ocorreu no dia 12 de maio, quando policiais do Ronda do Quarteirão sofreram uma colisão em Messejana, e eram socorrido por colegas em outra viatura. Quando a Hilux que levava os feridos para o hospital e passava no cruzamento das ruas Solon Pinheiro e Saldanha Marinho, no Centro, acabou também sofrendo acidente. O número de feridos, então, aumentou de dois para quatro. Por sorte, os PMs tiveram apenas lesões de natureza leve.
TECNOLOGIA
Parafernália para monitorar o Ronda
Uma sala ampla, composta de vários telões e mapas digitais, além de sistema de rádio e rastreamento por câmeras e outros equipamentos de comunicação. Toda essa parafernália foi montada pelo governo com o objetivo de acompanhar, passo a passo, o programa "Ronda do Quarteirão", principal propaganda do Governo do Estado.
Mesmo com tanta tecnologia montada, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não consegue barrar o crescimento vertiginoso da violência armada em Fortaleza e sua Região Metropolitana. Para se ter uma ideia disso, basta citar que, num único fim de semana, 28 pessoas foram assassinadas na Capital e Região Metropolitana. No "feriadão" passado, a Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança) recebeu, nada menos, que 40 mil ligações, segundo o secretário executivo da SSPDS, coronel PM Joel Brasil.
Violência
Os números da violência chegam a impressionar. Os assassinatos, considerados pelas autoridades mundiais como os crimes de maior gravidade dentro da macro-criminalidade - já que vidas humanas são ceifadas - não param de crescer dentro das estatísticas oficiais e da Imprensa local. A Editoria de Polícia do Diário do Nordeste já contabilizou este ano, nada menos que 1.117 homicídios somente na Grande Fortaleza.
Os assaltos contra residências, ataques a estabelecimentos comerciais e industriais, assaltos relâmpagos, sequestros clássicos e virtuais, as "saidinhas" e "chegadinhas" bancárias" são outros tormentos que o cidadão fortalezense enfrenta todos os dias.
Embora não tenha apresentado à Reportagem do Diário o quantitativo exato de quantos acidentes as viaturas do Ronda tenham se envolvido desde a implantação do programa - no dia 21 de novembro de 2007 - o secretário executivo da SSPDS garante que as "baixas" (veículos tirados de circulação) não passam de 20 por cento de toda a frota. Brasil assegura que, diariamente, são colocadas nas ruas de Fortaleza 195 viaturas e, em torno de 39 delas (20 por cento) estão "baixadas".
Para que o serviço não fique comprometido quando ocorre a quebra de alguma caminhonete, há uma frota de viaturas reservas, sendo 38 para a Capital e Região Metropolitana e outras 15 para o Interior, portanto, 53 Hilux reservas. "Se eu tenho 20 por cento de baixas, em acho razoável dentro de uma frota de 195 viaturas. Se você está rodando dentro de uma cidade de difícil mobilidade, onde as pessoas não respeitam o trânsito, onde o trânsito é caótico e você jogar 195 viaturas, ter 20 por cento de baixa eu acho razoável.
A minha grande preocupação é estarem todas as áreas atendidas", afirma o coronel Joel Brasil. Para ele, os acidentes "não estão atrapalhando" a operacionalização do serviço de policiamento."
Curso
Sobre a preparação dos policiais destinados a dirigir as caminhonetes, o oficial explica que no Batalhão de Polícia do Choque (BpChoque) há PMs treinados em direção progressiva e defensiva. Eles, juntamente com PMs da Companhia do Policiamento Rodoviário (CPRV) e técnicos do Detran, deram cursos para os motoristas policiais do Ronda. "Não vou dizer que todos os que fazem esse curso saem craques na direção."
DENÚNCIA
Dirigente diz que "dinheiro público está indo pro ralo"
"Um investimento altíssimo (a compra de caminhonetes de luxo para a Polícia) está indo pro ralo. É um absurdo o que estão fazendo com os nossos policiais. O Estado está colocando para dirigir essas viaturas policiais que ainda estão com carteiras de Habilitação provisória, isto é, guiadores que ainda estão sendo avaliados pelo Detran. Some-se a isso, uma carga horária escravizante. Já pensou, dirigir uma viatura dessa durante seis noites seguidas? São 48 horas semanais, uma jornada de trabalho que afronta a Constituição brasileira. Esse investimento, repito, está indo pro ralo."
A declaração foi feita ao Diário do Nordeste pelo subtenente P. Queiroz, presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece). Segundo ele, os acidentes têm ocorrido com frequência devido a um somatório de fatores, entre eles, a falta de habilitação dos PMs e a fadiga por conta da escala de serviço.
"O governo está desrespeitando a Lei, pois o Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 164, determina que só pode dirigir veículo de emergência o motorista devidamente habilitado e treinado para este tipo de atividade. O que está acontecendo é que eles (PMs) não sabem o que fazer na hora de uma manobra mais arriscada, que exija uma perícia maior. Some-se a isso, essa jornada estressante, que é uma verdadeira escravidão".
O presidente, afirma ainda que, "tenho 27 anos como policial militar e só vi a corporação oferecer curso de habilitação para os policiais nos anos 80"."
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
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