"Nesse espaço, nos últimos meses, bati na tecla que não se pode servir a dois senhores… Reportava-me a aliança política construída por Cid Gomes, para o seu projeto de reeleição. O combinado lembrava uma Arca de Noé. Todos pautados nesta perspectiva: candidato único. Um bolo imenso fatiado com os partícipes do banquete do Rei. Quem iria perder essa boca livre?
O foco dessa estratégia era a disputa regional. O plano nacional seria resolvido depois. Por isso, nesse arranjo, havia lugar para PSB, PMDB, PT, PSDB e uma lista enorme de convidados nanicos. Cid Gomes esnobava até na organização da chapa. Quem aponta os candidatos sou eu! Reedição de Luis XIV “L’État c’est moi!” Ou, numa linguagem mais prosaica, estilo Ciro Gomes: “Cid não vai aceitar faca na goela nem de Luizianne, nem de Tasso”. Fingia-se ignorar o plano nacional.
Mas eis que, de repente, vem o Lula por aqui e dá uma regulada geral. Tem que ser chapa pura. Do jeito que ditam os critérios nacionais. Foi o empurrão que faltava.
Rapidamente o cenário mudou. Completamente. Tasso foi cuspido com o trem em movimento. Tomou-se como insulto. Agora, são três candidatos fortes: Cid Gomes, Marcos Cals e Lúcio Alcântara. Além dos nanicos, mais corajosos, que também ensaiam candidatos próprios.
O que vai resultar dessa disputa? Um processo eleitoral que parecia hegemônico, tranquilo, virou um pesadelo. Vai ser difícil não acontecer segundo turno. E daí para frente, salve-se quem puder.
Com esse cenário, mais próximo da diversidade que vivemos na política cearense, esperemos que os candidatos saibam conduzir um debate mais elevado. Discutam propostas concretas e como viabilizá-las. Quais as divergências conceituais e – concretamente – onde estão as diferenças? Enfim, qual projeto para o Ceará sair da desigualdade e gestar um crescimento de oportunidades para todos."
(Fonte: Dr. Antônio Mourão Cavalcante - Portal O Povo)
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