"A indefinição do candidato a vice na chapa de José Serra à Presidência da República e a expectativa de atrair mais parceiros para a coligação levaram o PSDB a dar plenos poderes à sua Comissão Executiva Nacional na convenção de hoje, em Salvador. Os 600 delegados de todo o país terão que dar três votos: um para sacramentar Serra como candidato e outros dois para autorizar a Executiva a formalizar alianças com outros partidos e escolher o vice da chapa.
O fato de o PSDB não aprovar hoje a coligação com o DEM, o PPS e o PMN e passar a bola aos 25 integrantes de sua Executiva é um sinal de que os tucanos não desistiram de conquistar o apoio formal do PP de Francisco Dornelles (RJ). O acordo para a chapa proporcional (deputados federais) fechado no Rio de Janeiro entre o PP de Dornelles e o PMDB de Sérgio Cabral foi visto pelos tucanos como questão regional e eles já trabalham para evitar que o acerto comprometa a aproximação de Serra com os pepistas.
Em relação ao vice, ainda que Dornelles recuse um eventual convite e mantenha a disposição de neutralidade do PP, a ideia dos tucanos é usar todo o tempo disponível até 30 de junho para escolher o companheiro de chapa de Serra. Há duas justificativas para esperar mais: a primeira é que alguns estados importantes, como Paraná e Santa Catarina, ainda não fecharam as composições. Além disso, neste mês de junho cessa um pouco o poder de fogo do governo, uma vez que há a proibição de repasses de recursos para novas obras nos estados e municípios.
Na lista de candidatos a vice, avaliam alguns, o nome mais forte hoje é o do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o do próprio presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Dentro do DEM, no entanto, há um movimento em favor do deputado José Carlos Aleluia (BA), aguerrido oposicionista, talvez acima do tom que os tucanos desejariam, dada a popularidade do atual presidente.
Sombra
Na convenção de hoje, o PSDB vai dar ênfase ao fato de que o adversário não é Lula, mas a candidata Dilma Rousseff: “A estratégia do adversário está clara: esconder a candidata, evitar o debate. Quanto mais ela se expor, mais perde. É uma candidata em busca de sombra, que não está preparada para o debate”, critica o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA). “Qual a experiência que ela tem de comando?”, completou ele, que passou a tarde no Clube Espanhol acompanhando a montagem da estrutura.
O discurso que Serra fará hoje será o principal material para o programa do PSDB na TV, dia 17. A ordem é aproveitar as imagens para as 40 inserções que os tucanos terão ao longo de junho, quando os brasileiros estarão ligados na TV por conta da Copa do Mundo de futebol. É aí que ele espera recuperar a dianteira nas pesquisas.
A votação de hoje terá início às 9h, mas Serra só chegará à festa às 11h30. Isso porque a cúpula do partido decidiu esperar pelos ex-governadores de Minas Gerais Aécio Neves e de São Paulo Geraldo Alckmin, que desembarcam em Salvador por volta das 10h30. Afinal, o PSDB quer a imagem de todos juntos para exibir no horário eleitoral gratuito.
Perfil de Serra
“Jaqueline, pode cumprimentar o futuro prefeito de São Paulo”, cochichou o deputado Jutahy Júnior à sua mulher, dentro do avião. Sem demoras, ela se levantou e disse a José Serra: “Parabéns pela candidatura, boa sorte. Jutahy me disse agora que você vai concorrer em São Paulo”. Serra foi seco: “Candidato, eu?! Não vou concorrer à prefeitura”. Jaqueline, muito sem graça, recolheu os flaps e voltou para o lado do marido. “Como é que você me faz passar isso?!” Jutahy, sorrindo, completou: “Ele é candidato. Só que ainda não sabe”.
O voo foi em setembro de 2003, quando Jutahy e Jaqueline voltavam de uns dias em Nova York. Encontraram Serra por acaso. Sem mandato, recém-saído de uma campanha para presidente da República em que fora derrotado por Lula, deu de presente a si mesmo um ano “sabático”, em que aproveitou para passar uma temporada entre o Brasil e os EUA, estudando e dando palestras.
A história mostrou que Jutahy estava certo. A prefeitura foi o primeiro lance de Serra em seu retorno à ribalta política. O que aconteceu daquela volta de Nova York até abril deste ano, quando Serra deixou o governo de São Paulo para concorrer novamente à Presidência, indica que ele estudou detalhadamente os erros cometidos e usou esses oito anos para tentar corrigi-los, a fim de atingir o objetivo traçado desde os 10 anos, quando comentou com uma de suas tias, Carmelita, que seria presidente do Brasil.
Uma das imagens negativas que tentou apagar foi a de desagregador. Atraiu aliados para os cargos. O PFL (atual DEM), de Gilberto Kassab, trouxe para a prefeitura de São Paulo. O PMDB de Orestes Quércia e o PTB de Campos Machado, para o governo estadual. Também aperfeiçoou projetos, como a campanha antitabagista que deflagrou nos tempos de ministro da Saúde.
Se houve uma coisa que Serra não alterou foi a própria rotina. A comida é sempre a mesma, até nos voos. Os assessores às vezes reclamam que são obrigados a fazer dieta: sanduíche de queijo branco, peito de peru light e pão integral. Detesta alho e cebola. Também não conseguiu apagar a fama de hipocondríaco. Nos tempos de presidente, Fernando Henrique Cardoso costumava brincar com outros ministros. “O Serra está chegando, preste atenção na reação dele”, sussurrava ao interlocutor. Assim que Serra chegava perto, Fernando Henrique soltava: “Ih, o que você tem hoje? Está pálido, esquisito”. Serra arregalava o olho: “Jura?!”. Mal o então ministro da Saúde saía do gabinete, Fernando Henrique dava risadas. “Pode apostar que ele vai ficar meia hora na frente do espelho para checar se está pálido mesmo.”
Serra também é de manter as mesmas pessoas. Quando Jutahy assumiu o ministério do Bem-Estar Social do governo Itamar Franco, quase toda a equipe foi indicada por Serra. Nela estava Mauro Ricardo, atual secretário de Fazenda de São Paulo, e Aurélio Nonô. Ambos trabalhariam depois na equipe de Serra no ministério do Planejamento. Como líder do PSDB, no início dos anos 1990, ajudou a viabilizar, por exemplo, a aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), que transfere um salário mínimo para 3 milhões de pessoas carentes acima de 65 anos ou que tenham deficiência física. Em termos de transferência direta de recursos, calculam os tucanos, com informação pronta para usar no horário eleitoral gratuito, é mais que o Bolsa Família, uma vez que o salário mínimo é de R$ 510,00 e o Bolsa Família, de R$ 100 em média."
(Fonte: Alana Rizzo e Denise Rothenburg - Correio Braziliense)
O fato de o PSDB não aprovar hoje a coligação com o DEM, o PPS e o PMN e passar a bola aos 25 integrantes de sua Executiva é um sinal de que os tucanos não desistiram de conquistar o apoio formal do PP de Francisco Dornelles (RJ). O acordo para a chapa proporcional (deputados federais) fechado no Rio de Janeiro entre o PP de Dornelles e o PMDB de Sérgio Cabral foi visto pelos tucanos como questão regional e eles já trabalham para evitar que o acerto comprometa a aproximação de Serra com os pepistas.
Em relação ao vice, ainda que Dornelles recuse um eventual convite e mantenha a disposição de neutralidade do PP, a ideia dos tucanos é usar todo o tempo disponível até 30 de junho para escolher o companheiro de chapa de Serra. Há duas justificativas para esperar mais: a primeira é que alguns estados importantes, como Paraná e Santa Catarina, ainda não fecharam as composições. Além disso, neste mês de junho cessa um pouco o poder de fogo do governo, uma vez que há a proibição de repasses de recursos para novas obras nos estados e municípios.
Na lista de candidatos a vice, avaliam alguns, o nome mais forte hoje é o do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o do próprio presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Dentro do DEM, no entanto, há um movimento em favor do deputado José Carlos Aleluia (BA), aguerrido oposicionista, talvez acima do tom que os tucanos desejariam, dada a popularidade do atual presidente.
Sombra
Na convenção de hoje, o PSDB vai dar ênfase ao fato de que o adversário não é Lula, mas a candidata Dilma Rousseff: “A estratégia do adversário está clara: esconder a candidata, evitar o debate. Quanto mais ela se expor, mais perde. É uma candidata em busca de sombra, que não está preparada para o debate”, critica o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA). “Qual a experiência que ela tem de comando?”, completou ele, que passou a tarde no Clube Espanhol acompanhando a montagem da estrutura.
O discurso que Serra fará hoje será o principal material para o programa do PSDB na TV, dia 17. A ordem é aproveitar as imagens para as 40 inserções que os tucanos terão ao longo de junho, quando os brasileiros estarão ligados na TV por conta da Copa do Mundo de futebol. É aí que ele espera recuperar a dianteira nas pesquisas.
A votação de hoje terá início às 9h, mas Serra só chegará à festa às 11h30. Isso porque a cúpula do partido decidiu esperar pelos ex-governadores de Minas Gerais Aécio Neves e de São Paulo Geraldo Alckmin, que desembarcam em Salvador por volta das 10h30. Afinal, o PSDB quer a imagem de todos juntos para exibir no horário eleitoral gratuito.
Perfil de Serra
“Jaqueline, pode cumprimentar o futuro prefeito de São Paulo”, cochichou o deputado Jutahy Júnior à sua mulher, dentro do avião. Sem demoras, ela se levantou e disse a José Serra: “Parabéns pela candidatura, boa sorte. Jutahy me disse agora que você vai concorrer em São Paulo”. Serra foi seco: “Candidato, eu?! Não vou concorrer à prefeitura”. Jaqueline, muito sem graça, recolheu os flaps e voltou para o lado do marido. “Como é que você me faz passar isso?!” Jutahy, sorrindo, completou: “Ele é candidato. Só que ainda não sabe”.
O voo foi em setembro de 2003, quando Jutahy e Jaqueline voltavam de uns dias em Nova York. Encontraram Serra por acaso. Sem mandato, recém-saído de uma campanha para presidente da República em que fora derrotado por Lula, deu de presente a si mesmo um ano “sabático”, em que aproveitou para passar uma temporada entre o Brasil e os EUA, estudando e dando palestras.
A história mostrou que Jutahy estava certo. A prefeitura foi o primeiro lance de Serra em seu retorno à ribalta política. O que aconteceu daquela volta de Nova York até abril deste ano, quando Serra deixou o governo de São Paulo para concorrer novamente à Presidência, indica que ele estudou detalhadamente os erros cometidos e usou esses oito anos para tentar corrigi-los, a fim de atingir o objetivo traçado desde os 10 anos, quando comentou com uma de suas tias, Carmelita, que seria presidente do Brasil.
Uma das imagens negativas que tentou apagar foi a de desagregador. Atraiu aliados para os cargos. O PFL (atual DEM), de Gilberto Kassab, trouxe para a prefeitura de São Paulo. O PMDB de Orestes Quércia e o PTB de Campos Machado, para o governo estadual. Também aperfeiçoou projetos, como a campanha antitabagista que deflagrou nos tempos de ministro da Saúde.
Se houve uma coisa que Serra não alterou foi a própria rotina. A comida é sempre a mesma, até nos voos. Os assessores às vezes reclamam que são obrigados a fazer dieta: sanduíche de queijo branco, peito de peru light e pão integral. Detesta alho e cebola. Também não conseguiu apagar a fama de hipocondríaco. Nos tempos de presidente, Fernando Henrique Cardoso costumava brincar com outros ministros. “O Serra está chegando, preste atenção na reação dele”, sussurrava ao interlocutor. Assim que Serra chegava perto, Fernando Henrique soltava: “Ih, o que você tem hoje? Está pálido, esquisito”. Serra arregalava o olho: “Jura?!”. Mal o então ministro da Saúde saía do gabinete, Fernando Henrique dava risadas. “Pode apostar que ele vai ficar meia hora na frente do espelho para checar se está pálido mesmo.”
Serra também é de manter as mesmas pessoas. Quando Jutahy assumiu o ministério do Bem-Estar Social do governo Itamar Franco, quase toda a equipe foi indicada por Serra. Nela estava Mauro Ricardo, atual secretário de Fazenda de São Paulo, e Aurélio Nonô. Ambos trabalhariam depois na equipe de Serra no ministério do Planejamento. Como líder do PSDB, no início dos anos 1990, ajudou a viabilizar, por exemplo, a aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), que transfere um salário mínimo para 3 milhões de pessoas carentes acima de 65 anos ou que tenham deficiência física. Em termos de transferência direta de recursos, calculam os tucanos, com informação pronta para usar no horário eleitoral gratuito, é mais que o Bolsa Família, uma vez que o salário mínimo é de R$ 510,00 e o Bolsa Família, de R$ 100 em média."
(Fonte: Alana Rizzo e Denise Rothenburg - Correio Braziliense)
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