"A concessão do Nobel da Paz a Barack Obama aumenta ainda mais o status internacional do presidente dos Estados Unidos, mas também joga sobre seus ombros o peso de inúmeras responsabilidades.
A decisão do Comitê Nobel parece ter pegado completamente desprevenida a Casa Branca e o próprio Obama.
Foi o porta-voz do presidente, Robert Gibbs, que ligou para a Casa Branca e quem acordou o presidente às seis da manhã, quase uma hora depois do anúncio de Oslo, segundo confidenciou um funcionário do governo.
Segundo a fonte, o presidente disse se sentir honrado com o prêmio, ao ficar sabendo da notícia.
Mas ninguém parecia estar preparado. A primeira reação demorou quase duas horas. A ala oeste da Casa Branca, de onde Obama comanda a primeira potência mundial, ficou por muito tempo às escuras. Um discurso foi anunciado às pressas.
Nove meses depois de virar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o mais renomado prêmio internacional vem acrescentar prestígio a um dirigente cuja gestão é aprovada por mais da metade dos americanos, e isso em tempos de crise.
Obama, que rompeu bruscamente com a controvertida política de seu antecessor, George W. Bush, também é muito popular no exterior. Mas as primeiras reações mostraram o quanto o Nobel reforça as expectativas, como se ele ainda não tivesse feito o suficiente para satisfazê-las.
"Esperamos que esse prêmio o incentive a abrir o caminho para a justiça no mundo", indicou Ali Akbar Javanfekr, conselheiro do presidente Mahmud Ahmadinejad em uma primeira reação iraniana.
"Não estamos contrariados e esperamos que, recebendo este prêmio, ele começará a adotar medidas concretas para acabar com a injustiça no mundo", acrescentou.
"Estou muito feliz que tenha recebido o prêmio. Agora ele deve fazer algo com isso. Esse prêmio aumenta a esperança de vê-lo defender os países oprimidos", comentou, por sua vez, a dissidente chinesa Rebiya Kadeer, que vive refugiada nos Estados Unidos e cujo nome é frequentemente citado para o Nobel da Paz.
Barack Obama é acusado de ter privilegiado os interesses estratégicos e econômicos dos Estados Unidos com China em detrimento dos direitos humanos, principalmente depois de não ter recebido o líder espiritual tibetano Dalai Lama.
O governo de Obama se defende de tais acusações, alegando seu compromisso com a defesa das liberdades.
Desde janeiro, Obama anunciou o fechamento da prisão de Guantánamo, proibiu a tortura, acelerou a desmobilização no Iraque, prometeu à comunidade internacional uma nova era de cooperação, e estendeu a mão a Cuba, aos muçulmanos e, inclusive, aos inimigos sírios e iranianos.
Obama também se comprometeu pessoalmente com a resolução do conflito israelense-palestinos, se juntou a um novo esforço contra o aquecimento climático e prometeu um mundo sem armas nucleares.
Mas a Europa, por exemplo, acha que os Estados Unidos não fizeram o suficiente pelo clima. Sua diplomacia é crítica e a administração americana já reconheceu que talvez não consiga fechar Guantánamo no prazo previsto.
Além disso, Obama não convenceu o Comitê Olímpico Internacional de atribuir a organização dos Jogos de 2016 à cidade de Chicago.
E, com ou sem o Nobel, ele tem pela frente nos Estados Unidos sérias dificuldades.
Seu grande teste político doméstico será seu grande projeto de reforma do sistema de saúde. E ele sabe que, mesmo que o país saia da pior recessão desde os anos 30, o desemprego poderá chegar a 10% antes do fim do ano e continuar assim até meados de 2010, ano de eleições e da metade de seu mandato."
(Fonte: AFP e Uol)
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