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segunda-feira, 20 de abril de 2009

JORNAL ESPANHOL FAZ CRÍTICAS AO PROJETO DE MURAR FAVELAS NO RIO DE JANEIRO

"A edição desta segunda-feira do jornal espanhol "El País" trouxe uma reportagem sobre a proposta do governo do Rio de instalar muros no entorno das favelas da cidade para conter a expansão rumo a áreas de vegetação. A reportagem "O muro da miséria que divide o Rio" faz críticas à proposta polêmica, lembrando que a previsão é que apenas favelas da Zona Sul da cidade sejam muradas.

"Nada é falado sobre medidas similares para as zonas Norte e Oeste da cidade, muito mais pobres e onde também existem favelas rodeadas por vegetação", afirma a reportagem do correspondente Francho Barón.
Ainda de acordo com a reportagem, entre 1999 e 2008, a área ocupada pelas favelas no Rio aumentou em 6,88%, sendo que na Zona Sul esse crescimento foi de apenas 1,18%, segundo informações do Instituto Pereira Passos. O Morro Dona Marta, em Botafogo, o primeiro a receber as construções, não registrou nenhuma expansão. Ao contrário, de acordo com informações do instituto da prefeitura do Rio, houve um diminuição em 1% do terreno ocupado pela favela, afirma o jornal.
"Não entendem que o tráfico, se quiser, vai explodir esse muro ou então abrirá buracos para que as vias de escape continuem existindo", teria afirmado um líder comunitário de uma das favelas afetadas pelo projeto do governo ao jornal espanhol.
A medida anunciada pelo governo tem criado polêmica, e foi criticada até pelo escritor português José Saramago, que, em seu Blog, comparou os muros do Rio ao de Berlim e Palestina . Na semana passada, um levantamento do Instituto Datafolha mostrou que a população do Rio está dividida em relação à construção de muros para cercar as favelas da cidade. Segundo a pesquisa, 47% dos cariocas são a favor dos muros, enquanto 44% são contra. Considerando-se a margem de erro de quatro pontos percentuais, o resultado é um empate técnico. O número de pessoas indiferentes ou que não souberam opinar foi de 9%.
A medida, no entanto, já é uma realidade concreta da cidade. Tanto o poder público quanto a inicitava privada já ergueram barreiras para conter a expansão de comunidades irregulares no Rio. Há 25 anos, por exemplo, um grupo de moradores do Alto Gávea patrocinou a construção de um muro de 500 metros de extensão, que até hoje impede a Rocinha de cercar completamente o Morro Dois Irmãos. Também na década de 80, o então prefeito Marcello Alencar inaugurou um muro no Morro da Chacrinha do Mato Alto, em Jacarepaguá. A barreira ainda serve de limite para a comunidade, que aprova a medida como forma de preservar o meio ambiente e levar mais segurança para os moradores das favelas."

(Fonte: Luisa Valle, O Globo)

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