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domingo, 19 de abril de 2009

ANIVERSÁRIO DE GETÚLIO VARGAS

Estadista gaúcho, nasceu no dia 19 de abril de 1883 e faleceu em 24 de agosto de 1954. Getúlio Dornelles Vargas governa o país de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Nasce em São Borja - RS e inicia-se na política em 1909 como deputado estadual pelo Partido Republicano do Rio Grande do Sul (PRR). Reelege-se em 1913 e 1917 e, de 1922 a 1926, ocupa uma cadeira na Câmara federal. Ministro da Fazenda do governo Washington Luís, deixa o cargo em 1928, elegendo-se para o governo de seu estado. Candidato pela Aliança Liberal à Presidência da República, é derrotado.
Comanda a Revolução de 1930, que derruba Washington Luís, e governa o país nos 15 anos seguintes. Na Presidência adota uma política nacionalista, moderniza a economia do país e cria o Ministério do Trabalho. Em 1937, instala a ditadura do Estado Novo, com forte repressão política. Em 1945, é derrubado pelos militares. Contribui para a formação do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e torna-se senador.
Em 1950 elege-se presidente pelo PTB. É combatido pela oposição conservadora de civis e militares. O envolvimento do chefe de sua guarda no atentado contra Carlos Lacerda leva as Forças Armadas a exigir sua renúncia. Suicida-se com um tiro no peito na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.
CARTA TESTAMENTO DO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS

"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram‑se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz‑me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou‑se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou‑se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida, agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

Rio de Janeiro, 23/08/54
(Fonte: Elementos para motivar profissionais de segurança pública)

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