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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A VERGONHA DA PROSTITUIÇÃO INFANTIL

"Para tristeza de todos nós, Fortaleza é destaque como a capital da prostituição infantil. Este título tem preocupado parte da sociedade cearense, não sei se por remorso ou com temor que seja maculada a imagem de uma cidade considerada das mais belas do País e que investe muito na indústria do turismo.

As autoridades, especialmente as responsáveis pela defesa e bem-estar das crianças e adolescentes, têm ordenado programas de repressão à prostituição de menores. Apesar da seriedade e boa vontade de alguns, o enfreamento tem se mostrado impotente para apagar a nódoa que, a cada dia, se torna maior para vergonha da família cearense.

Na realidade, estamos preocupados com os efeitos, sem um ataque objetivo às causas que geram tanta crueldade. Será que é possível conter a prostituição com os protervos continuando agindo livremente, comprando com dinheiro de origem duvidosa a inocência das jovens dependentes, miseráveis e indefesas? Como exigir e cobrar providências urgentes e repressivas de uma corporação desaparelhada, com policiais mal remunerados, andando a pé, perseguindo velozes carros de luxo importados, que se perdem na escuridão da noite, levando menores ao antro da perdição?

Será correto que a porta dos presídios abra-se para menores infratores, quando com alvarás de funcionamento autorizamos que as portas dos motéis fechem-se para ocultar crianças que dão os primeiros passos rumo à prostituição? Como combater a perversão de jovens que vivem o dia-a-dia de uma família desesperada, com pais desempregados, marginalizados, sem qualquer oportunidade de um trabalho honesto?

Nenhuma jovem sonha com luzes multicores dos lupanares. Nenhuma mulher, voluntariamente, escolhe o caminho da miséria de um cabaré. Ninguém vende a sua própria carne, sem chorar a dor das chagas profundas que são abertas.

A jovem que hoje sai conduzida nos luxuosos carros de passeio, para noitadas profanas, pode ser a futura meretriz a quem viraremos as costas com repúdio e com nojo da fedentina de seu corpo.

Madalena também foi vítima do vil abandono, exatamente por aqueles que se serviram do seu corpo de aluguel. Depois, num ato insensato, desejaram apedrejá-la. Os próprios apóstolos repudiaram a pobre pecadora, quando caiu de joelhos aos pés do Salvador. Jesus compreendeu a fraqueza e o sofrimento daquela mulher. Reprimiu a fúria sanguinária dos agressores dizendo que o pecado daquela prostituta não era maior do que os de seus algozes. O Nazareno quis dizer que a justiça não existirá, se não exercida com o espírito humanitário.

Apenas com o uso da força policial não há como combater a prostituição infantil. Somente dando oportunidade à juventude para lutar e vencer, nós mostraremos o caminho do bem, onde possa realizar os seus sonhos, amparada na verdadeira justiça social. Dizem que a justiça tarda, mas não falha. Esquecem-se, porém, de advertir que a injustiça pode tardar, mas não se farta. Está sempre iludindo os jovens incautos e indefesos.

Importante reprimir a ação dos que se deleitam com a prostituição infantil. Muito mais objetiva será uma ação conjunta da sociedade, enfrentando e tentando solucionar os graves problemas sociais. Persistindo estes problemas, o terreno será sempre fértil para que os criminosos possam explorar, com êxito, a semente do crime, concorrendo para a degeneração social, que tanto nos atormenta e nos envergonha."

(Fonte: João Eudes Costa, Escritor Quixadaense - CE)

Um comentário:

  1. Como você bem sabe Sr.João a prostituiçao de um modo geral é o terceiro meio ilicito mais lucrativo. Talvez por isso nao seja interessante a quem de direito combate-lo

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