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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

OS FLEXÍVEIS LIMITES DO HUMANO

"A expressão "a pessoa humana" sempre me causou curiosidade. Como assim, haveria uma pessoa não-humana ou um humano não-pessoa? Não sei suas origens, mas começo a desconfiar que pode ser que essas hipóteses, por mim consideradas a princípio absurdas, sejam mais plausíveis do que eu imaginava.

Por exemplo, há toda uma discussão sobre a possibilidade de se produzir um clone de Neanderthal, ou uma colônia de Neanderthais, para estudá-los e, como diz George Church, professor de genética da Escola de Medicina de Harvard, para aumentar a diversidade humana. Os Neanderthais pertenciam ao gênero Homo e se separaram da nossa linhagem há cerca de 450 mil anos. Trazê-los de volta pode ser útil para entender muito da evolução humana e para pesquisar resistência a doenças e novos remédios. Por outro lado, clonar um indivíduo cujo grupo está extinto há 30 mil anos pode ser, no mínimo, problemático. Ele será apenas um objeto de pesquisa? Seus genes estarão patenteados? Ele poderá se recusar a colaborar com as pesquisas e levantar e ir embora, mundo a fora? Quais serão seus direitos? Para ler mais sobre as opiniões e técnicas de clonagem de Neanderthais, visite a revista Archaeology: http://www.archaeology.org/1003/etc/neanderthals.html

Outro exemplo é o dos grandes macacos. Apenas 1% do DNA dos chimpanzés e bonobos difere do dos humanos, mas apesar de alguns movimentos a favor de estender alguns dos direitos humanos a esses e outros macacos, eles são tratados de maneira bastante diferente dos humanos. Steve Jones, professor de genética da Universidade de Londres, diz que os direitos humanos são uma construção humana e que não deve ser impostos aos animais. Se não, diz ele, onde pararíamos: se os grandes macacos tem 98% do DNA humano deveriam ter 98% dos direitos humanos? E os ratos, cujo DNA coincide com 90% do DNA humano, deveriam ter 90% de direitos humanos? Sobre o assunto e suas controvérsias, vale a pena um artigo, de 2007, da BBC News: http://news.bbc.co.uk/2/hi/6505691.stm

Voltando à questão dos Neanderthais, quando de DNA comum conosco eles precisariam ter para serem considerados humanos? Ou, como mandam os novos tempos da biotecnologia, a questão contrária: quanto do genoma humano precisa ser modificado para que o indivíduo criado não seja mais considerado humano?"

(Fonte: Nosso Planeta - Nurit Nensusan, O Globo)


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