"Uma cidade no interior do Acre, de onde a maioria dos moradores nunca saiu e até então jamais tinha visto um computador, ganhou a primeira lan house. O inusitado é que o local de acesso à internet fica dentro de um posto de controle da Polícia Federal em Marechal Thaumaturgo, na fronteira brasileira com o Peru. Ali, não existem estradas. E, para chegar até lá, são necessários de três a quatro dias de barco. Com 3,2 mil habitantes na zona urbana, o município é usado pela Polícia Federal como uma espécie de programa-piloto para integrar os habitantes ao mundo digital e afastar crianças e adolescentes do narcotráfico, a cada dia mais intenso na região. As crianças, que antes se divertiam nadando no Rio Juruá, agora navegam pela internet. Tudo via satélite, a partir dos equipamentos do Sivam.
Com o terceiro menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Acre, Marechal Thaumaturgo foi umas das dezenas de vilas do estado que se transformaram em município por conveniência política. Criada há mais de uma década, a cidade pouco se diferenciou da localidade nascida do Seringal Minas Gerais. O número de barcos à beira do Rio Juruá, única via de acesso à cidade, ultrapassa o total de carros existentes nas poucas ruas. “Acho que deve ter no máximo uns 20 veículos, incluindo os oficiais”, conta o prefeito Randson Oliveira Almeida (PMDB). Os moradores da sede ganham salários públicos, enquanto que os da zona rural sobrevivem com o extrativismo e cultivo de feijão, tabaco e fabricação manual de farinha.
Com um índice de analfabetismo que ultrapassa a 50% das crianças de até 15 anos, Marechal Thaumaturgo fica na nova rota do tráfico de drogas vindo da selva peruana e do contrabando de madeiras nobres. Quase todos os moradores da cidade são descendentes de índios ou de antigos colonizadores que chegaram à região ainda no início do século passado. Foi diante desse cenário que a Polícia Federal decidiu unir o útil ao agradável. O delegado Luiz Cravo Dórea, então superintendente da PF no Acre resolveu, em fevereiro deste ano, usar a estrutura do posto a favor dos moradores. “Tínhamos uma sala e decidimos usá-la para integrar a população com a PF e usamos a internet como ferramenta”, conta ele, hoje coordenador-geral de Repressão a Entorpecentes em Brasília. “Foi também uma maneira de promover a inclusão digital dessas pessoas”, acrescenta o delegado. E o trabalho deu certo. Hoje, o centro é usado diariamente por até 50 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que utilizam uma sala com ar-condicionado e quatro terminais.
Navegar
Com a adesão dos moradores de Marechal Thaumaturgo à internet, o prefeito decidiu apoiar a iniciativa da PF. “Estamos pagando um professor para ensinar crianças e adolescentes não apenas a navegar, mas também aprender informática e ajudar como se faz pesquisas escolares, que é o nosso maior objetivo”, afirma Almeida. Segundo ele, a medida vai beneficiar os moradores mais jovens no futuro. “Quando deixarem a cidade, terão uma profissão lá fora”, diz o prefeito, já prevendo um fenômeno que ocorre na maior parte dos pequenos municípios do Acre: o êxodo para cidades maiores.
O que o delegado previa acontecer a longo prazo ocorreu em questão de dias, e a relação da população com os policiais se transformou. O uniforme preto dos agentes não mais intimida os moradores, mas os aproxima. “Agora, as pessoas chamam nossos homens pelos nomes”, conta Dórea. O resultado foi ainda maior em relação ao tráfico de drogas, já que houve um aumento de denúncias e uma paralisação nas atividades dos criminosos. “Frequentadores do nosso centro de inclusão social desconfiaram de pessoas estranhas na cidade e avisaram. Ao abordarmos os suspeitos, descobrimos seis quilos de cocaína em um barco”, relata o delegado."
(Fonte: Correio Braziliense)
Com o terceiro menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Acre, Marechal Thaumaturgo foi umas das dezenas de vilas do estado que se transformaram em município por conveniência política. Criada há mais de uma década, a cidade pouco se diferenciou da localidade nascida do Seringal Minas Gerais. O número de barcos à beira do Rio Juruá, única via de acesso à cidade, ultrapassa o total de carros existentes nas poucas ruas. “Acho que deve ter no máximo uns 20 veículos, incluindo os oficiais”, conta o prefeito Randson Oliveira Almeida (PMDB). Os moradores da sede ganham salários públicos, enquanto que os da zona rural sobrevivem com o extrativismo e cultivo de feijão, tabaco e fabricação manual de farinha.
Com um índice de analfabetismo que ultrapassa a 50% das crianças de até 15 anos, Marechal Thaumaturgo fica na nova rota do tráfico de drogas vindo da selva peruana e do contrabando de madeiras nobres. Quase todos os moradores da cidade são descendentes de índios ou de antigos colonizadores que chegaram à região ainda no início do século passado. Foi diante desse cenário que a Polícia Federal decidiu unir o útil ao agradável. O delegado Luiz Cravo Dórea, então superintendente da PF no Acre resolveu, em fevereiro deste ano, usar a estrutura do posto a favor dos moradores. “Tínhamos uma sala e decidimos usá-la para integrar a população com a PF e usamos a internet como ferramenta”, conta ele, hoje coordenador-geral de Repressão a Entorpecentes em Brasília. “Foi também uma maneira de promover a inclusão digital dessas pessoas”, acrescenta o delegado. E o trabalho deu certo. Hoje, o centro é usado diariamente por até 50 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que utilizam uma sala com ar-condicionado e quatro terminais.
Navegar
Com a adesão dos moradores de Marechal Thaumaturgo à internet, o prefeito decidiu apoiar a iniciativa da PF. “Estamos pagando um professor para ensinar crianças e adolescentes não apenas a navegar, mas também aprender informática e ajudar como se faz pesquisas escolares, que é o nosso maior objetivo”, afirma Almeida. Segundo ele, a medida vai beneficiar os moradores mais jovens no futuro. “Quando deixarem a cidade, terão uma profissão lá fora”, diz o prefeito, já prevendo um fenômeno que ocorre na maior parte dos pequenos municípios do Acre: o êxodo para cidades maiores.
O que o delegado previa acontecer a longo prazo ocorreu em questão de dias, e a relação da população com os policiais se transformou. O uniforme preto dos agentes não mais intimida os moradores, mas os aproxima. “Agora, as pessoas chamam nossos homens pelos nomes”, conta Dórea. O resultado foi ainda maior em relação ao tráfico de drogas, já que houve um aumento de denúncias e uma paralisação nas atividades dos criminosos. “Frequentadores do nosso centro de inclusão social desconfiaram de pessoas estranhas na cidade e avisaram. Ao abordarmos os suspeitos, descobrimos seis quilos de cocaína em um barco”, relata o delegado."
(Fonte: Correio Braziliense)
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