Mesmo quem não acompanha o intrincado dia a dia da política e, até aqueles que, a meu ver, equivocadamente, consideram que governança só se obtém à base do toma lá, dá cá, sabem que o preço a ser pago é muito alto. Vale ressaltar que a avantajada popularidade do Presidente lhe conferiria, se assim o quisesse, um apoio, quase que irrestrito, às medidas mais polêmicas a serem adotadas. Contudo, ao que parece, o enlace foi sacramentado visando à comunhão de bens. E bota bens nisso! Pelo jeito, a postura adotada pelos parlamentares basistas não os mata de vergonha, muito pelo contrário, vicia os cidadãos.
Entre discursos esquizofrênicos, posições e desmentidos, e entrevistas para explicar o inexplicável, os petistas, por exemplo, se portam feito boi, naquelas horrendas e inaceitáveis "farras". Correndo esbaforido, entre uma paulada e outra, tentando como reação uma ou outra chifrada. O que não basta para livrá-lo da iminente humilhação. Morte em vida. No caso em tela - me perdoem os ecopetistas - esse boi bem que merece a sova.
O Presidente do Senado, "raposa velha", malandramente, jogou no colo de Lula e do PT a "batata quente". Anarriê! Com essa atitude, Sarney não se livra de ter que seguir pulando fogueiras e, ainda por cima, vai ter que dançar conforme a quadrilha senatorial. Arraiá é o que não vai faltar.
Ser apoiado - ou ser acobertado - por Renan Calheiros, Romero Jucá e até pelos "desvotados" Wellington Salgado e Paulo Duque é vital para seus planos. Afinal, além da troca de favores e cargos, além da "proximidade fisiológica", estão em jogo, pelo menos, a candidatura da insossa Dilma e a instalação da CPI da Petrobrás - pedida pelos "demostucanos". Duque na mesma linha. E mais, num eventual pedido de licença de Sarney, assumiria um velho conhecido de Lula, o senador Marconi Perilo. O peessedebista, à época do escândalo do mensalão, deixou Lula com as calças na mão. Ele foi quem teria avisado ao Presidente que havia um esquema de pagamento de propinas no Parlamento. Para quem dizia não saber de nada...
Longe de achar que o afastamento temporário - ou a renúncia à Presidência daquela Casa Legislativa, pelo senador do "amaparanhão" - dará fim aos desmandos e à "pilantropia". A podridão do Parlamento, nesse caso, do Senado da República, é metastática. É preciso investigar a fundo, tim-tim por tim-tim. A "intervenção cirúrgica" é delicada, mas necessária. Até porque, dos oitenta e um parlamentares que lá estão, poucos têm espírito público. Mas a história, que muitas vezes até nos desensina, vez por outra nos prega boas peças. Nós, cidadãos, com nossa indignação publicada e mostrada nas telinhas internéticas e televisivas, conseguimos, pelo menos, arrancar Renan Calheiros, que foi Ministro da Justiça do Governo FHC - lembram disso? - da Cadeira Presidencial. Foi uma vitória. E agora, graças à guerra travada pelos poderosos, em busca de mais poder, as vísceras do senado estão expostas.
Pode não ser óbvio, para muitos, os motivos que levam o lulopetismo - fazendo uso de sua carapaça populista - a se auto flagelar para salvar a carcomida carcaça do oligarca bigodudo. Eles jogam suas trajetórias na lama fétida. Ao contrário do que pregavam, quando lançavam mão de atitudes e frases célebres para, orgulhosamente, mostrarem seu valor. Indo de encontro às palavras do, então jovem, Marx que, sabiamente, manifestou: Proletariado do mundo, uni-vos, o petismo, liderado por Lula, parece nos provocar: Desavergonhados do Brasil, uni-vos."
(Fonte: Ricardo Crô é assessor parlamentar e diretor da Associação dos Moradores da Comunidade do Trapicheiro)
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