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terça-feira, 19 de maio de 2009

FIDEL CASTRO


Filho de um rico latifundiário, já se destacava como estudante no colégio dos Jesuítas em Santiago de Cuba. Aos 27 anos, formado em Direito, radicalizou a oposição ao ditador Fulgêncio Batista e atacou com pouco mais de cem companheiros, o quartel de Moncada (segunda fortaleza militar do país), de forma ousada mas sem qualquer chance de êxito. Sobreviveu, foi condenado, preso e, posteriormente, anistiado. Em seu julgamento, proferiu famoso discurso, com conclusão mais famosa ainda: "A história me absolverá" Três anos depois, em 1956, voltou a atacar.

Chegou a Cuba em um iate pequeno abarrotado com 82 homens, que partiu do México, o Granma. Após o desembarque haviam sobrevivido apenas 12 homens, contra todo um exército. Também não havia qualquer chance de êxito, mas no réveillon de 1959 Batista abandonava o país e a Revolução Cubana era vencedora. Doze anos depois da queda do Muro de Berlim contra a maioria das previsões, ele continua lá, onde esteve nos últimos 43 anos, durante os quais foi, entre muitas outras coisas, o pivô da crise dos mísseis que quase levou o mundo a uma guerra nuclear. E ainda que se discorde por completo da linha política de Cuba é inegável que sua figura ainda mantém um carisma igualado por poucos.

Ele sobreviveu a nove presidentes norte‑americanos, a uma tentativa de invasão a uma longa campanha de assassinatos. No auge da Guerra Fria, ele formou um governo comunista a apenas 150km da mais poderosa nação capitalista do mundo, e mais tarde foi um dos principais atores de uma crise que quase levou o planeta a uma guerra nuclear. O impetuoso e duro ditador de Cuba, Fidel Castro chegou em 13 de agosto de 2001 aos 75 anos, atingindo mais um marco em sua fantástica carreira. Líder de uma pequena ilha com uma minúscula participação na economia mundial, Fidel tem desempenhado um importante papel na política mundial. No entanto, um desmaio público em junho fez levantar uma nova rodada de especulações sobre a saúde do líder cubano, seu sucessor e o futuro do comunismo em Cuba.

“Fidel pode morrer amanhã ou viver por muitos anos", disse Jaime Suchlicki, chefe do Departamento de Estudos sobre Cuba da Universidade de Miami. "Ninguém pode adivinhar isto. Mas ele já está preparando o povo cubano para a sua sucessão”. Quem vigia atentamente a situação de Cuba são os exilados que vivem em Miami que certamente não comemorarão o aniversário de Fidel.

Rumores sobre a saúde de Castro têm aparecido ao longo dos anos, com informações não confirmadas que vão desde de câncer até o mal de Parkinson. Desde 1997, Fidel vem enfatizando o nacionalismo e transferindo militares para setores econômicos como a produção de açúcar e o turismo, declarou Suchlicki. “Raúl tem assumido um papel maior”. Raúl Castro, há muito tempo chefe do Exército cubano e importante dirigente do Partido Comunista, já tem 70 anos. Muitos analistas acreditam que ele vai dividir o poder com algumas pessoas, entre elas o atual presidente da Assembléia Nacional Cubana, Ricardo Alarcon, de 64 anos, o vice-presidente Carlos Lage, de 49 anos, e o ministro do Exterior, Felipe Perez‑Roque, de 36 anos. "Nós não esperamos uma grande mudança com a morte de Fidel", afirmou Suchlicki. “As três mais importantes instituições em Cuba são: o Exército, o Partido Comunista e as forças de segurança, e estão todas nas mãos de pessoas próximas a Raúl." A maior mudança após a morte de Fidel, afirmam especialistas, será a ausência de sua personalidade dominante. Por décadas, seu carisma e retórica conduziram o povo cubano a mudanças dramáticas. Sem Fidel no comando, no entanto, os desejos dos cubanos por uma economia mais aberta e um governo menos repressor serão mais difíceis de serem ignorados, como acreditam alguns. “Eles estão na ponta de algo extremamente novo em Cuba", disse Wayne Smith, ex‑chefe do Escritório de Interesses Norte‑americanos em Havana e atual analista do Centro de Política Internacional, em Washington. "No entanto, Fidel tem se mostrado contrário à abertura econômica e à entrada de empresas privadas”.

Depois que ele se for, os novos líderes não terão seu carisma e autoridade moral para impedir isto. Fidel ganhou a lealdade de muitos cubanos ao longo de décadas de liderança ousada. Quase destruído em duas terríveis derrotas militares nos anos 50, ele remendou um bando de guerrilhas que inflamaram os pobres oprimidos cubanos e derrubou o ditador Fulgencio Batista em 1959. Fidel mais tarde chocou o mundo ‑ e os EUA em particular ‑ anunciando sua conversão ao marxismo. Derrotou rapidamente a invasão à Baía dos Porcos apoiada pela CIA em 1961, e então convidou os soviéticos para posicionar mísseis nucleares em Cuba, o que resultou na crise dos mísseis cubana de 1962. Mas talvez seu desafio mais difícil tenha vindo no início dos anos 90, quando o colapso da ex‑União Soviética significou o fim de subsídios anuais estimados entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões. Fidel declarou um "período especial" de sacrifício nacional, enquanto exilados em Miami e vários observadores predisseram que seu governo finalmente cairia.

Mas Cuba voltou‑se para o turismo internacional como sua salvação. Fidel coordenou parcerias com investidores estrangeiros para reformar hotéis decadentes e estações de turismo em praias, e concedeu uma pequena abertura em sua economia interna, permitindo a existência de pequenos negócios privados. Muitos esperavam que essas reformas experimentais poderiam levar a uma maior abertura da economia, mas na medida em que Cuba atraiu mais visitantes e começou a engatinhar para fora de sua crise econômica, Fidel reduziu os negócios privados e desacelerou seu crescimento.

Enquanto isso, movimentos hesitantes em direção a uma melhor cooperação com os EUA sofreram retrocessos. Em 1996, Cuba derrubou dois pequenos aviões pilotados por exilados que queriam despejar folhetos anti‑Castro sobre a ilha. Em 1995, o tumulto em torno do menino Elián Gonzalez, o sobrevivente de seis anos de um naufrágio, tornou‑se o centro de um amargo cabo de guerra entre os exilados em Miami e Fidel.

Agora não está claro como a morte ou incapacitação do líder cubano pode afetar a política dos EUA, que tem como eixo o embargo que já dura 40 anos. O governo Clinton começou a facilitar o embargo ‑ com o apoio de alguns legisladores republicanos ‑ permitindo carregamentos de comida e medicamentos e maiores trocas interpessoais que encorajaram americanos a visitar Cuba. Mas o novo governo Bush talvez atento ao apoio cubano ‑ americano na apertada corrida presidencial no ano passado e à campanha de reeleição de 2002 do irmão de George W. Bush, o governador da Flórida Jeb Bush, ‑ assinalou que manterá o embargo e pode apertar as restrições a viagens à Cuba.

Alguns acreditam ainda que, com Castro fora de cena, a mudança poderia vir mais rápido. "Um dos maiores problemas com a política dos EUA tem sido a incapacidade de nossos líderes fazerem um acordo com Fidel", disse Smith. “Ele nos desafiou por 40 anos e escapou sem maiores punições, e eles não podem perdoá‑lo por isso. Mas uma vez que Fidel se for, vários problemas psicológicos estarão fora da equação”. Em Miami, milhares de exilados cubanos continuam a esperar com expectativa. Líderes estaduais e locais fizeram um plano elaborado para lidar com as esperadas comemorações de rua que irão provavelmente irromper em notícias sobre a morte de Fidel, enquanto a Guarda Costeira dos EUA ficará em alerta para desencorajar qualquer movimento espontâneo de trânsito de barcos para a ilha ou provenientes dela. Muitos exilados dizem ter esperança de voltar para visitar Cuba, mas parecem menos certos sobre se devem se restabelecer lá. E poucos esperam que seus filhos nascidos nos EUA deixem o país definitivamente. “Quando vim para cá em 1964 pensei que seria apenas por alguns meses", disse Martin Sanchez, um morador de 80 anos de Little Havana. "Agora tenho minha casa, meu trabalho e meu seguro social. Estou muito velho para voltar para lá, e sei que meus filhos não o fariam. A metade deles sequer fala espanhol”.


(Fonte: Temas de Chefia e Liderança)

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