Foi um homem muito avançado para a sua época, escreveu sobre sociologia e pedagogia, além de tratados militares, econômicos e políticos. Simon Bolívar teve ao seu lado, em vários combates, o brasileiro José Ignácio Abreu e Lima, filho do Padre Roma (também Abreu e Lima), fuzilado pelos portugueses durante a Revolução de 1817, em Salvador .
O Bolivarismo representa a visão pan‑americana concebida por Simon Bolívar (1783‑1830). Em vários escritos (cartas e proclamações) defendeu a necessidade de união face a possível contra‑ofensiva da Espanha, apoiada pela Santa Aliança. Essa idéia de união das sociedades americanas, Bolívar apresentara antes mesmo da Carta da Jamaica. A sua exposição prática já é perceptível em um artigo que Bolívar escreveu para o Morning Chronicle, de Londres (5 de setembro de 1810), dizendo que se os venezuelanos fossem obrigados a declarar guerra à Espanha convidariam todos os povos da América a eles se unirem em uma confederação.
O plano surge novamente no Manifesto de Cartagena, escrito por Bolívar em 1812, e mais claramente em 1814, quando, como libertador da Venezuela, enviou a circular que condicionou a liberdade dos novos Estados ao que ele chamou de "união de toda a América do Sul em um único corpo político". Em 1818, respondendo à mensagem de saudação, enviada a Angostura pelo diretor argentino, Pueyrredón, declarava que, tão logo a guerra de independência estivesse terminada, procuraria formar um pacto americano, e esperava que as Províncias do Rio da Prata se unissem a ele."
Na prática, criou a Grã‑Colômbia (1819), de duração efêmera; em 1830, no mesmo ano após a morte do criador, terminou a Grã‑Colômbia, fragmentada
Quase dois anos depois reuniu‑se o Congresso do Panamá, com sessões entre 22 de junho e 15 de julho de 1826. Nesta data, aprovou‑se a continuação das discussões em Tacubaya, no México, mas a decisão não foi cumprida. Considerado por diversos historiadores como a primeira grande manifestação do Pan-Americanismo, o Congresso do Panamá aprovou um Tratado de União, Liga e Confederação Perpétua entre os Estados hispano‑americanos, a cota que caberia a cada país para a organização de uma força militar de 60.000 homens para a defesa comum do hemisfério à adoção do princípio do arbitramento na solução dos desacordos interamericanos com o compromisso de preservar a paz continental e a abolição da escravidão.
Ao Congresso compareceram apenas os representantes da Grã‑Colômbia: Peru, México e Províncias Unidas de Centro‑América. Os EUA também enviaram observadores. O Congresso do Panamá, manifestação concreta de solidariedade continental, contudo, acabou sendo um fracasso, para isso contribuindo a resistência dos EUA que pretendiam expandir‑se pelas Antilhas e temiam a difusão de movimentos de abolição da escravidão e a oposição do Brasil, cuja Monarquia era contrária a regimes republicanos e temia a propagação das idéias anti‑escravistas.
D. Pedro I chegou inclusive a enviar a Missão Santo Amaro à Europa com a incumbência de negociar com Metternich, Primeiro‑Ministro da Áustria e verdadeiro dirigente da Santa Aliança, o uso de forças militares brasileiras para substituir os governos republicanos americanos por Monarquias confiadas a príncipes europeus, as manobras da Inglaterra, não só porque George Canning, Ministro das Relações Exteriores, não tinha interesse na organização de uma América forte e coesa, como também porque temia a formação de um sistema americano sob a direção dos EUA, o que poderia criar problemas à expansão econômica inglesa, contribuiram para não terem sido ratificadas, posteriormente, as decisões tomadas.
Os ideais do Pan‑Americanismo bolivarista, porém, continuaram vivos, e novos congressos foram reunidos para discutir assuntos diversos dentro do espírito de solidariedade continental. Dessas reuniões o Brasil e os EUA foram excluídos, os Estados Unidos, por causa de seu expansionismo territorial, envolvendo inclusive a anexação de terras mexicanas, e o Brasil, devido a suas constantes intervenções no Prata, políticas essas contrárias à solidariedade continental.
Com representantes da Bolívia, Chile, Peru, Equador e Colômbia reuniu‑se a Conferência de Lima (1847). Nela foram tratados princípios do Direito americano, intervenção, agressão, reparações, limites, como também dispositivos práticos sobre comércio, navegação fluvial, serviços postais e consular, extradição. Em 1856, celebrou‑se a Conferência de Santiago, quando o Peru, o Chile e o Equador firmaram o compromisso de estabelecer a união da “grande família americana”.
No mesmo ano, Chile e Argentina concluíram acordo comercial estabelecendo o fim das barreiras alfandegárias entre os dois países; a chamada "cordilheira livre" funcionou até 1868, quando foi suprimida, uma vez que o governo chileno pretendeu estender aos produtos importados de outras nações os privilégios concedidos apenas aos produtos argentinos e chilenos. Por iniciativa peruana reuniu‑se a Segunda Conferência de Lima (1864), a fim de estabelecer uma confederação de caráter defensivo. Peru, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Argentina e Venezuela concordaram em organizar uma confederação, pois se sentiam ameaçados pelas freqüentes intervenções estrangeiras que se processavam no continente e constituíam um perigo à segurança dos Estados americanos. Assim é que, em 1855, o aventureiro norte‑americano William Walker invadiu e conquistou a Nicarágua em
Espanha, França e Inglaterra desembarcaram tropas na República Mexicana, onde Napoleão III instaurou a efêmera Monarquia de Maximiliano de Habsburgo (1863‑1867).
Em 1864, uma esquadra espanhola ocupara as ilhas peruanas de Chinchas, em incidente que acabou levando ao conflito do Peru e Chile contra a antiga metrópole (1866). “O Império Brasileiro evitou a reunião de Lima, para não ver discutida a sua política no Prata. Na Câmara brasileira, entretanto, foi mais tarde criticada a nossa ausência. Dos tratados assinados (...) nenhum chegou a ser integralmente aplicado. Ao espírito primitivo de regionalismo, sucedia um sentimento de nacionalismo." Animados de sentimentos pan‑americanos bolivaristas, outros congressos reuniram juristas sul‑americanos: Lima (1874), Caracas (1883) e Montevidéu (1888). Em Montevidéu chegou a se projetar um Código Interamericano, incluído questões comuns do Direito Internacional e Privado. Desse modo, apesar dos fracassos ocorridos, os ideais do Pan‑Americanismo bolivarista lançaram as bases da solidariedade continental assentada em posição de igualdade entre todos os Estados Latinos‑Americanos.
(Fonte: Temas de Chefia & Liderança)
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