Já no primeiro dia de greve dos policiais civis, um clima de mal estar foi gerado entre os agentes e a Polícia Militar. Por volta das 23h desta quarta-feira (23/02), a equipe de Rondas Ostensivas Motorizadas (Rotam) da PM realizou uma operação em que fechou uma central do jogo do bicho no Distrito Federal, que arrecadava cerca de R$ 600 mil por mês. Para tanto, 28 policiais foram deslocados a fim de colocar em prática um trabalho desenvolvido pela central de inteligência durante duas semanas. Porém, devido à reivindicação salarial da categoria, os agentes da 26ª Delegacia de Polícia, em Samambaia, se negaram a lavrar os termos circustanciados dos 23 detidos por contravenção.
Só depois de mais de 5h de discussão, que envolveu o comparecimento do delegado-chefe da 26ª DP, Mauro Aguiar, foram colhidas as assinaturas dos suspeitos em um documento único e apreendido o material recolhidos pelos PMs, que ficou estocado na própria delegacia. O documento foi redigido pelo próprio delegado e não substituí o termo circuintanciado, que só será efetivamente registrado no sábado, quando os policiais civis devem encerrar o movimento grevista. Com a assinatura, os acusados se comprometem a comparecer em juízo.
Indefinição
Os supostos envolvidos na jogatina ilegal do DF aguardaram desde às 23h30 desta quarta-feira dentro de um micro-ônibus, em frente ao prédio da delegacia, a resolução do impasse entre as polícias. Inicialmente, o delegado de plantão da 26ª DP, João Tarcísio, se dispôs a realizar sozinho todo o trabalho necessário para registrar os termos circunstanciados. Mas, depois de uma reunião com representantes do Sindicato dos Delegados (Sindepo), do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) e da direção da corporação, voltou atrás, o considerando "humanamente impossível" fazer o trabalho sem a ajuda dos agentes.
Entre as apreensões feitas pela PM, estão cerca de R$ 15 mil, máquinas de contagem de dinheiro, celulares e computadores. Caso a Polícia Civil não reconhecesse formalmente a apreensão, o montante teria de ser devolvido aos acusados, já que não é comum que o produto de apreensão fique sob a responsabilidade da Polícia Militar. Apenas no Guará, os acusados eram responsáveis pelo recolhimento de dinheiro em 26 bancas de jogos. A atuação se estendia também por cidades como Águas Claras, Taguatinga e Vicente Pires.
Para evitar a situação extrema de impunidade, membros da direção das duas corporações negociaram a solução improvisada. Apesar de o clima entre os policiais não ter ficado pesado durante as negociações, agentes sindicalizados chegaram a acusar os policiais militares de terem promovido a operação apenas para prejudicar a greve da Polícia Civil.
Ronda
Além da sensação de insegurança causada pela negativa dos policiais civis em registrar a ocorrência de jogatina ilegal em Samambaia, o impasse trouxe outro problema: nas cinco horas que a decisão demorou para ser tomada, as viaturas da Rotam envolvidas tiveram de ficar na delegacia, enquanto deveriam estar fazendo rondas por Taguatinga e Samambaia.
Apenas após a assinatura do documento redigido pelo delegado, às 5h, os acusados por contravenção e os policiais militares da Rotam foram liberados da 26ª DP.
(Fonte: Noelle Oliveira - Correio Braziliense)
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