"Marcelo Freixo: Tropa de Elite 2 vai trazer novo debate sobre milícia."
"O tiro dos facínoras saiu pela culatra. Sem militância paga nem placas espalhadas pelas ruas, ameaçado de morte porque ousou liderar um movimento no Poder Legislativo contra as milícias - grupos criminosos formados por policiais e ex-policiais civis e miltares - o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) foi o segundo mais votado do Estado do Rio, com a marca 177 mil votos, depois de Wagner Montes, que bateu a casa dos 520 mil. O mandato de Freixo cresceu mais de 25 vezes nas urnas, já que ele teve apenas 7 mil no primeiro mandato, em 2006, além de ter dobrado a bancada do PSOL, o partido criado por uma dissidência do PT.
Freixo teve essa votação toda antes mesmo da estreia de "Tropa de Elite 2", que o apresenta como mocinho na pele do deputado Diogo Fraga (o fantástico ator Irandhir Santos), militante de direitos humanos, que participa de uma das tomadas mais tensas do filme - na negociação com presos numa rebelião em Bangu 1, o presídio de segurança máxima do Rio. Numa cena em que Diogo Fraga dá uma palestra explicando que numa projeção a população carcerária brasileira chegaria a 510 milhões, em 2081, fazem ponta na plateia o pesquisador Michel Misse, o delegado Vinícius George, assessor do deputado, e o próprio Marcelo Freixo. Ele ouve seu próprio personagem, numa espécie de metalinguagem.
- Os votos que me levaram à Alerj novamente são nossos - diz o deputado, tranquilo por não ter sido eleito depois da exibição de Tropa 2.
Presidente da CPI das Milícias que indiciou 226 pessoas e, no cinema, levou o tenente-coronel Nascimento (Wagner Moura) a depor na Assembleia Legislativa, Marcelo Freixo é a única pessoa que tem orgulho de dizer que inspirou personagem do filme que mostra os bastidores. Os outros ficam mal na fita que já bateu recorde de bilheteria em estreia de cinema nacional, com a marca de 1 milhão 250 mil ingressos vendidos em apenas três dias, no fim de semana passado.
- Só não sou casado com a ex-mulher do capitão Nascimento - brinca Freixo.
Logo após a exibição de Tropa 2 em Paulínia, Marcelo Freixo - um dos convidados de honra - conversou comigo num vídeo que - para comprovar sua popularidade - já está com mais de 4 mil exibições no You Tube e 26 comentários que se dividem entre os que o amam e os que o odeiam.
- O filme vai trazer de volta a questão das milícias e transformar o assunto num debate nacional. A relação entre crime, polícia e política fica explícita. Infelizmente o único debate hoje é a UPP. As milícias continuam crescendo no Rio e operam dentro do estado. O filme é brilhante ao mostrar esse tipo de crime, que é organizado com um projeto de poder. Em relação a Tropa de Elite, foi para o andar de cima - afirma Marcelo Freixo.
Freixo recebeu muitos votos até em área dominada por milícias.
- A população não pode ficar escolhendo entre tráfico e milícia. A população tem direito à soberania, ao Estado, ao poder público."
(Fonte: Jorge Antônio Barros - O Globo)
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