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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SECA NA REGIÃO NORTE FAZ RIO NEGRO ATINGIR NÍVEL MAIS BAIXO DA HISTÓRIA

"O Rio Negro, no Amazonas, atingiu neste domingo (24/10) seu nível mais baixo dos últimos 108 anos. Medição feita pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontou uma diminuição de seis centímetros entre sábado e ontem, o que levou o rio ao histórico nível de 13,63 metros. O recorde anterior havia sido registrado em 1963, quando a vazante do rio chegou um centímetro acima da altura registrada nesse fim de semana. A medição é feita no Porto de Manaus desde 1902.

A forte estiagem tem provocado uma série de impactos negativos à população amazônica. De acordo com a Defesa Civil, 38 dos 62 municípios do Amazonas já decretaram situação de emergência desde que a seca começou a castigar a região, em junho. Os números indicam que mais de 62 mil famílias foram prejudicadas pela seca.

O isolamento fluvial de cidades localizadas na beira do rio tem prejudicado o abastecimento de alimentos e água potável. Pelo menos 25 comunidades ribeirinhas estão isoladas por causa das dificuldades de navegação nos trechos dos rios que ficaram praticamente secos.

Já a capital Manaus vive um drama por conta da poluição nas margens do Rio Negro. “A prefeitura conseguiu diminuir em 50% o lixo na beira do rio, mas tem havido muitos desbarrancamentos, que são quedas de barrancos provocadas pela erosão e pela passagem de barcos. Hoje (ontem), tivemos que desapropriar uma casa”, disse ao Correio o gerente de monitoramento da Defesa Civil do Estado, Ricardo Pacheco.

Monitoramento

A expectativa é de que a vazante do Rio Negro possa baixar ainda mais até o fim do mês. Os rios Solimões e Amazonas também estão sendo atingidos pela forte seca. O primeiro registrou o nível mais baixo desde 1982, quando foi instalada sua estação de monitoramento. O segundo atingiu uma marca dez centímetros abaixo da menor verificada na história, em 1997, conforme medição efetuada em Parintins.

A região do Alto Solimões, em Tabatinga, é uma das mais atingidas pela estiagem. O nível da água verificado na última terça-feira mostrou a vazante 98 centímetros mais baixa do que o recorde anterior, anotado em 1998. No encontro das águas dos rios Negro e Solimões, ilhas de pedra e argila foram formadas.

O gerente da Defesa Civil destacou que agentes do órgão têm atuado 24 horas por dia. Com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), kits com cestas básicas, medicamentos e produtos de limpeza têm sido levados às localidades mais distantes. Segundo Ricardo Pacheco, o governo já se articula para enviar filtros e materiais para o trabalho na agricultura, para minimizar o prejuízo sofrido pela comunidade ribeirinha.

Reconhecimento legal

A Defesa Civil descreve a situação de emergência como um reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal provocada por desastres naturais ou não, que causam danos à comunidade. Algumas cidades amazonenses também decretaram situação de emergência no ano passado, quando o Rio Negro registrou sua maior cheia dos últimos 108 anos. Na ocasião, o nível do rio chegou a 29,77 metros.

Confira a lista das cidades que estão em situação de emergência no Amazonas:

Alvarães
Anamã
Anori
Atalaia do Norte
Autazes
Barreirinha
Benjamin Constant
Beruri
Boa Vista do Ramos
Boca do Acre
Borba
Caapiranga
Carauari
Careiro da Várzea
Coari
Envira
Fonte Boa
Guajará
Iranduba
Ipixuna
Itacoatiara
Itamarati
Juruá
Jutaí
Manacapuru
Manaquiri
Manicoré
Nhamundá
Novo Aripuanã
Parintins
Rio Preto da Eva
São Paulo de Olivença
Santo Antônio do Iça
Silves
Tabatinga
Tefé
Tonantins
Uarini."

(Fonte: Diego Abreu - Correio Braziliense)

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