Segundo a agência estatal iraniana IRNA, Lula falou pela manhã a portas fechadas com o presidente Ahmadinejad. A agência não divulgou detalhes da conversa dos dois líderes.
O Conselho de Segurança da ONU pretende adotar novas sanções contra o Irã, já que alguns integrantes do Conselho - como os Estados Unidos - desconfiam das intenções do governo de Teerã quanto ao seu programa nuclear.
O governo iraniano sustenta que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares. O Brasil e a Turquia elaboraram um plano que está sendo levado por Lula a Ahmadinejad. Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.
A base da proposta turca e brasileira continuaria sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), do final do ano passado, que prevê o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.
Ainda neste domingo, Lula deve encontrar-se com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, entre outras reuniões com a comitiva brasileira e um encontro com o presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani.
No sábado, Lula e a comitiva presidencial foram recebidos no aeroporto em Teerã pelo ministro das Relações Exteriores Manouchehr Mottaki, que Lula deve voltar a encontrar no domingo.
Na segunda-feira, o presidente participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.
Antes de embarcar para o Irã, em Doha, no Catar, Lula disse não entender o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura sobre o seu programa nuclear através do diálogo
Na sexta-feira, Hillary Clinton reafirmou o ceticismo dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o Irã.
Perguntando sobre a declaração de Hillary durante uma entrevista coletiva em Doha, o presidente brasileiro respondeu sem citar o nome da secretária de Estado americana.
"Eu não sei com base no que as pessoas falam [isso]", disse Lula. "Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã", afirmou o presidente na entrevista concedida após o encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani.
Lual ainda respondeu sobre as declarações de Estados Unidos e Rússia de que a proposta de Brasil e Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras. "Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse.
Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila. "As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir."
Amigos
Lula ainda disse que a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos. "É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear."
Ele afirmou que a conversa que terá com o presidente Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano. "Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação e o cuidado de fazer todas as conversas possíveis. Nessa hora não existe limite de tempo de conversa. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior."
No final, Lula também disse que queria ver o Irã com uma postura pacífica parecida com a brasileira em relação às armas nuclear. "O que eu quero é que o Irã faça o mesmo que o Brasil faz", finalizou."
(Fonte: BBC Brasil e iG)
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