Quase metade da população não se sente segura nas cidades brasileiras. É o que revela a pesquisa "Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil", suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009) divulgado nesta quarta-feira (15/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o estudo, 47,2% da população, mais de 76 milhões de brasileiros, não se sentem seguros em suas cidades. A medida que a população se afasta do domicílio, a sensação de segurança diminui. A maioria sente-se segura no domicílio onde reside, 78,6% da população (127,9 milhões). No bairro, o percentual é de 67,1% (109,2 milhões) e, na cidade, cai para 52,8% (85,9 milhões). Entre os estados, as maiores proporções de insegurança são no Pará (63,1%) e Rio de Janeiro (57,7%). O medo da violência é demonstrado também pelo percentual de domicílios que possuem dispositivos de segurança (grades, olho mágico, alarme, câmera e etc.), que é de 60%.
A pesquisa aponta dados também sobre roubos e furtos. No Brasil, cerca de 11,9 milhões (7,3%) de pessoas foram roubadas ou furtadas entre setembro de 2008 e setembro de 2009. Em 1988, esse percentual era de 5,4%. Entre os estados, o com maior percentual é o Acre (12,8%). Já o percentual de tentativas de furtos e roubos mais que triplicou nos últimos 21 anos. Em 1988, era de 1,6%, passando para 5,4% (8,7 milhões) em 2009. O maior percentual de pessoas que sofreram tentativa de roubo ou furto está no Amapá (9,4%).
Entre as pessoas roubadas, o percentual daquelas que não procuraram a polícia foi de 51,6%. Delas, 36,4% disseram que não fizeram a notificação por não acreditarem na polícia. Para os furtos, a proporção dos que não procuraram as autoridades foi ainda maior, de 62,3%.
Em 2009, 1,6% da população sofreram agressão física, um total de 2,5 milhões de pessoas. Em 1988, esse percentual era de 1%. A maior frequência foi no Norte (1,9%) e no Nordeste (1,8%). Entre os estados, o Amapá teve o maior percentual, com 3,2%. O percentual de vítimas da violência foi maior entre homens, jovens (16 a 24 anos), pretos e pobres (menos de 1/4 do salário mínimo). O total de mulheres agredidas é de 1 milhão, sendo que 25,9% delas foram agredidas por cônjuges ou ex-cônjuges.
O estudo traz também dados sobre o acesso à Justiça. Do total, 9,4% (12,6 milhões) estiveram envolvidos em algum conflito. Em 1988, o percentual era maior, de 10,5%. Conflitos trabalhistas e familiares são os principais, somados, eles chegam a 45% dos casos. Dos que estiveram envolvidos em conflitos, 57,8% buscaram a Justiça. Deles, 50,8% não tiveram o conflito resolvido.
No Ceará a sensação de insegurança é a 3ª maior do País
Apesar das grades, trancas, cercas elétricas e outros dispositivos de segurança, da porta de casa para fora se inicia um lugar no qual se tem cada vez mais medo: a cidade. Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que apenas 43,3% dos cearenses se sentem seguros na cidade onde vivem. O percentual coloca o Ceará como terceira unidade da federação em que as pessoas se sentem mais inseguras, perdendo apenas para o Distrito Federal, onde o índice de sensação de segurança é de 43%, e para o Rio de Janeiro, onde apenas 42,3% declararam se sentir seguros. O estado onde a sensação de segurança nas cidades é maior é o Tocantins, com 71,8%. Em relação ao sentimento de insegurança no próprio bairro, a posição de terceiro lugar do Ceará se mantém, com 61,3% dos pesquisados dizendo se sentirem seguros. No Rio Grande do Norte, esse índice é de 56,3%, e no Pará apenas 49%. A sensação de segurança em casa é de 75,8% no Ceará (quinto índice mais baixo no Brasil). No Estado, a pesquisa Características da Vitimização e do Acesso à Justiça no Brasil entrevistou 25.892 pessoas em 39 municípios. O levantamento também aponta a relação entre a sensação de segurança e o rendimento dos pesquisados. Conforme aumenta a renda mensal, menor é a proporção dos que se sentem seguros. Enquanto 27,3% dos cearenses com rendimento entre 0,5 e menos de um salário mínimo se sentem seguros na cidade, apenas 5,5% dos que ganham mais de dois salários mínimos declararam o mesmo. Descrédito O índice ficou acima da média nacional, de 7,3%. O item mais levado pelos criminosos no Ceará foi o telefone celular, com 61,6%. No Estado, a cada grupo de 1.000 pessoas pesquisadas, 221 disseram ter sido vítimas de roubo. De cada 221 vítimas, 92 disseram não ter feito registro do último assalto porque “não acreditavam na Polícia”, um índice de 41%. Comparação
Sensação de Segurança (Cidade)
Ceará: 43,3% Nordeste: 51,3% Sensação de Segurança (Bairro) Ceará: 61,3% Brasil: 67,1% Vítimas de roubos ou furtos Nordeste: 7,5%
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