O documento digital é um dos mais completos arquivos com registros daquele período: são 10.505 imagens e trechos de 380 filmes e documentários. Há até a inclusão de 4.892 canções que marcaram a ditadura, de 1964 a 1985. O CD-ROM mostra o que ocorria nos teatros, na TV e na imprensa do Brasil e do mundo.
O documento foi encomendado pelo governo ao Projeto República, um centro de documentação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pela historiadora Heloísa Starling. Um dos responsáveis pela concepção do CD-ROM, o historiador Augusto Carvalho Borges afirmou que o objetivo é ir além da biografia das vítimas da ditadura.
- O propósito é mostrar as histórias compartilhadas, não só individuais, fragmentadas. Ao registrar o que ocorria ao mesmo tempo no cinema, no teatro, nas artes plásticas, permite-se uma reflexão sobre aquele tempo. É um tema delicado, sabemos, mas que exige ser amplamente visitado - disse Augusto Borges.
Os alunos terão acesso a imagens de tortura, de militantes de esquerda mortos e de manifestações e a trechos de documentários, muitos desconhecidos no país. É o caso de uma cena do ex-delegado do Dops Sérgio Fleury sendo condecorado por militares. A imagem faz parte do filme "Você também pode dar um presunto legal", de Sérgio Muniz, realizado durante a ditadura e concluído no exílio.
O CD-ROM inclui parte do conteúdo do livro "Direito à memória e à verdade", lançado pela Secretaria de Direitos Humanos em 2007 e que causou polêmica nas Forças Armadas.
Os ministros Fernando Haddad (Educação) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), autores do projeto, afirmaram na apresentação do CD-ROM que o livro foi "mais um passo no reconhecimento, pelo Estado brasileiro, de sua responsabilidade nas graves violações aos direitos humanos ocorridas durante os anos do regime militar". Sobre o CD, os ministros disseram: "Estamos, ambos ministros, convencidos de que somente dando visibilidade aos fatos ocorridos em nosso passado recente poderemos ajudar na construção da memória nacional e contribuir ativamente na construção de nosso futuro".
(Fonte: Evandro Éboli - O Globo. Via e-mail do Gen Freire)
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