"Por essa nem o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva esperava. No fim do ano passado, numa cerimônia para empresários, Lula soltou uma de suas pérolas. "Jamais na minha vida pensei que eu ia para a TV fazer apologia do consumo", disse aos risos. Pois ele foi e a população ouviu. Os únicos que deixaram o recado passar foram justamente os empresários."
"São eles que agora correm atrás do prejuízo. Em verão de temperaturas recorde, o clima também esquentou para as áreas de planejamento das empresas, que não previram a onda de consumo. Lojas cheias, pacotes turísticos esgotados, academias de ginástica lotadas e até a falta de cerveja em bares.
A sede da população é tanta que alguns bares da Vila Madalena, reduto da boemia paulistana, tiveram de fechar suas portas mais cedo nas últimas semanas do ano passado. Os estoques de chope, que dariam para suprir a demanda por até cinco dias, esgotaram-se em dois. "O que complicou foi que a AmBev entregou uma quantidade inferior ao pedido que fizemos", justifica o empresário Elton Altman. "Eles chegaram a dizer que o limite de produção do ano já tinha sido atingido".
Tamanha procura fez a AmBev rever seus planos de investimento para 2010. Vislumbrando crescimento no mercado de 10%, a multinacional vai investir R$ 1,5 bilhão ao longo do ano para aumentar sua produção. "Em ano de Copa do Mundo, temos praticamente um mês a mais de verão em pleno inverno", afirma Nelson Jamel, vice-presidente financeiro da AmBev. "É um fator que ajuda a indústria como um todo".
Ar quente
A Whirlpool, maior fabricante mundial de eletrodomésticos, deve aumentar o investimento para este ano de R$ 150 milhões para R$ 250 milhões. Assustados com a falta de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado em algumas cidades, os executivos da empresa correm contra o tempo para antecipar a produção. "A relação é simples: se há consumo numa ponta, ele certamente se alastrará para a outra", diz Armando Valle, diretor de relações institucionais da Whirlpool.
Não só a indústria, mas também o setor de serviços tem se beneficiado com o consumo inesperado. A CVC, operadora com 60% do mercado nacional, terá 160 voos fretados por semana no turismo doméstico, contra 150 de 2008, entre dezembro deste ano e fevereiro de 2010, "um recorde para a empresa", afirma Roberto Vertemati, gerente-geral de vendas da CVC.
Somente com as vendas feitas até agora, a operadora anuncia crescimento de pelo menos 15% no número de passageiros atendidos em 2009. Mas o movimento tem sido tão grande que a empresa registra dificuldades no fretamento de aeronaves. "Elas simplesmente estão todas ocupadas", afirma Vertemati.
Com o sol também vem a preocupação com o corpo. Academias como a Bodytech, no Rio de Janeiro, têm registrado aumento de 35% no número de matrículas. O valor, é claro, também disparou. O reajuste médio foi de 22%, bem acima da inflação acumulada nos últimos doze meses, de 4,22%."
(Fonte: Gustavo Gantois - Ig)
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