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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A CULTURA DO MEDO

"Segurança e liberdade são dois valores preciosos para o ser humano, mas que não conseguem caminhar juntos. Se você quer mais segurança, dei-me um pouco da sua liberdade, ou pelo menos parte dela. Os "especialistas' logo aconselham: Não fale com estranhos, se possível converse o mínimo possível com as pessoas, afinal "ninguém conhece ninguém". Você quer ter um lar mais seguro? Instale câmeras, ponha alarmes em sua porta. Você quer proteção? Nunca deixa as janelas abertas. Podem estar bisbilhotando seus movimentos. Se possível jamais abra. Outra coisa: não esqueça de fazer os seguros do carro, da casa, de vida e outros mais que a cultura do medo e seus representantes possam induzir como necessário.

O fato é que nossa cultura ocidental nasceu e cresceu numa cultura do medo. Porém, o real perigo está no fato desse medo influenciar no comportamento das pessoas por meio de fatos propagados de uma forma exagerada ou sensacionalista, que ao serem analisados tecnicamente não apontam para uma regra, mas para uma exceção, é o que chamo de falso medo. Esse falso medo, que é baseado em estimativas irreais, pode determinar políticas de segurança equivocadas.

No Brasil, quando se fala de violência, as pessoas utilizam como exemplo a cidade do Rio de Janeiro. Só que esquecem que o que ocorre naquela cidade maravilhosa, com relação à violência urbana, não ocorre em nenhuma outra cidade do mundo que não esteja em guerra. O resultado desse falso medo promovido intencionalmente favorece ainda mais o mercado de segurança privada a atingir cifras bilionárias. Isso também contribui para edificar uma cidade apartada, com pessoas cada vez mais isoladas."

(Fonte: Odailson Silva - O Povo)

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