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segunda-feira, 23 de março de 2009

COMEÇA A SER VENDIDO O NANO CAR, CONSIDERADO O CARRO MAIS BARATO DO MUNDO

O outro carro pequeno da Índia
"O carro mais barato do mundo, o Tata Nano, fabricado na Índia, foi lançado na segunda-feira, mas outra companhia indiana fabrica um carro elétrico que já se mostrou extremamente popular - tanto em Londres quanto em Bangalore.
Os capilares das cidades indianas estão entupidos com todos os tipos imagináveis de meios de transporte: ônibus desajeitados, carros de boi barulhentos e motos com famílias de cinco pessoas empilhadas. O resultado é que a maioria dos motoristas indianos passa horas no trânsito todos os dias.
O governo está tentando tirar o atraso em relação a uma variedade de projetos de transporte coletivo, mas a maioria dos moradores deseja o status, a paz e o luxo de um carro próprio. O Tata Nano, que deve ser lançado na segunda-feira depois de quase um ano de atrasos, é um carro movido a gasolina e fabricado na Índia com preço em torno de US$ 2 mil. Rotulado como "o carro mais barato do mundo", é um pesadelo para os ambientalistas, que preveem que as vendas gigantescas irão poluir o ar já nublado do país. Então porque a invenção nativa da Índia - o Reva - está conquistando o mundo com tanto ímpeto? O Reva é o veículo elétrico de mais sucesso no mundo. É fabricado nos arredores de Bangalore, no sul da Índia, e tem fãs em todo o mundo.
Apesar das tecnologias patenteadas, subsídios do governo, o rápido crescimento do interesse por veículos elétricos, o Reva não deve deixar sua marca no mercado de carros mundial com tanta força quanto o Nano. Isso acontece porque o Reva, ecologicamente correto e quase silencioso, custa três vezes o valor do Nano, e têm um apelo limitado para os compradores mais pobres que desejam ter seu primeiro carro. "Ele é principalmente um segundo carro para as famílias", diz Chetan Maini, diretor de tecnologia da companhia e vice-presidente, acrescentando que "o maior crescimento é no [mercado] do segundo carro".
Apesar da atual desaceleração econômica, a Reva está quase concluíndo a construção de uma fábrica exemplar, ecologicamente correta, em Bangalore. Ela espera produzir 30 mil carros por ano, com o objetivo de exportar cerca de metade para o mercado estrangeiro e vender a outra metade na Índia. A Tata, em comparação, planeja fabricar cerca de 250 mil Nanos depois de terminar sua fábrica própria este ano. A Reva já construiu mais de 3.000 carros, mas eles foram divulgados na Europa para um grupo mais abastado, urbano e ecologicamente consciente. O carro precisa de sete horas para uma carga completa e 2,5 horas para uma carga de 80% - o que dificulta o carregamento para compradores que moram em prédios de apartamento, sem acesso direto a uma fonte de energia dedicada. "É preciso ter um estacionamento que não seja na rua", diz Kevin Johnston, presidente de operações da Reva na Europa. "Isso tem sido uma limitação real até agora". A companhia lançará um modelo de terceira geração em maio, com um alcance estendido para 120 quilômetros e com uma recarga mais rápida.
Até agora mil pessoas, incluindo várias celebridades, compraram Revas em Londres, onde o carro é comercializado como G-Wiz. Ele é tão popular na capital inglesa quanto na sede da companhia em Bangalore. Londres oferece inúmeros incentivos para donos de carros elétricos, desde uma cobrança menor nos estacionamentos até a isenção de imposto sobre circulação e a redução na taxa de congestionamento, que é de cerca de US$ 11 a cada visita ao centro de Londres. "Com um G-Wiz", diz Johnston, "você pode dirigir um mês inteiro pelo custo de um tanque de gasolina". O resto da Europa segue os mesmos passos. A França oferece um subsídio de 3.000 euros para os compradores do Reva. A Noruega cortou o imposto de importação do carro e o imposto sobre mercadorias, e permite que os motoristas usem as linhas de ônibus.
Muitas cidades europeias planejam aumentar o número de locais públicos onde os donos de veículos elétricos podem recarregar seus carros.
Abrindo mercado nos EUA
Apesar de ser o carro automático mais barato do mercado indiano, a nova versão do Reva, que deve sair em maio ou junto, terá baterias de íons de lítio e um painel solar no teto - e custará em torno de US$ 14.500, sete ou oito vezes o preço do Nano. A principal razão para o aumento de preço de uma geração para a seguinte é o conjunto de baterias. Mas Chetan Maini diz que o Reva é "agnóstico em relação às baterias", o que significa que quando as baterias de íons de lítio se tornarem mais avançadas e mais baratas, a Reva pode melhorar o carro sem ter de redesenhá-lo.
Ainda assim, o preço do Reva varia consideravelmente, dependendo de onde é vendido. Um dos lugares mais baratos para comprar o Reva atual é Nova Déli, onde descontos nos impostos e subsídios fazem com que o preço caia para 300 mil rúpias indianas, ou US$ 6 mil. Isso é praticamente um terço do que Sean McGuire pagou pelo seu Reva no oeste da Irlanda. Fanático por futebol, McGuire dirige regularmente para um estádio próximo onde pluga seu carro num posto de recarga disponível. Ele rodou 11 mil quilômetros com o carro durante o primeiro ano, e planeja instalar um moinho de vento para carregar o veículo sem nenhuma emissão de poluentes. "Eles vão de vilarejo em vilarejo na Índia em estradas horríveis, então imagino que é exatamente o que eu preciso na zona rural da Irlanda", diz McGuire. "É sensacional."
O sentimento deve ser o mesmo entre milhares de entusiastas de veículos elétricos nas cidades americanas. O motivo pelo qual o Reva ainda não está disponível nos EUA é o mesmo pelo qual muitos carros europeus não são vistos nas estradas americanas: as normas estritas de segurança e testes que fazem com o que custo de entrar no mercado americano seja proibitivamente caro. Assim como os carrinhos de golfe e outros veículos elétricos pequenos encontrados frequentemente nos campi corporativos e comunidades de aposentados, o Reva, com uma velocidade máxima de 104 quilômetros por hora, seria proibido de trafegar nos Estados Unidos em estradas onde o limite máximo de velocidade é de 56 quilômetros por hora. Esses veículos menores "não precisam se adequar aos mesmos padrões de segurança, mas o problema é que não há uma categoria intermediária entre eles e os veículos convencionais", diz Daniel Sperling, diretor do Insituto de Estudos de Transporte e professor de engenharia de tráfego e política ambiental na Universidade da Califórnia, em Davis.
"Essa categoria não existe nos Estados Unidos, mas existe na Europa", diz Marc Geller, assessor de imprensa da Plug in America, um grupo de defesa e divulgação de veículos elétricos. "O mercado é tão pequeno", diz Geller. Mas ele insiste que apesar do tamanho do mercado, "se alguém aparecer com um carro elétrico razoavelmente caro haverá uma demanda maior do que o fornecimento". Se o Reva fosse legalizado nos EUA, ele seria significativamente mais barato do que os analistas de preço esperam que seja o Volt, o veículo elétrico mais esperado no país, quando chegar às concessionárias em novembro de 2010. Os analistas estimam que o Volt custará em torno de US$ 40 mil, mas depois de subsídios federais e estaduais e isenções de impostos o preço poderia chegar perto dos US$ 30 mil. Isso pode estar ao alcance do poder aquisitivo para muitos americanos de classe média. Mas ainda assim, é o preço de quinze Tata Nanos."
(Fonte: DER SPIEGEL - Daniel Pepper - Tradução: Eloise de Vylder, UOL)

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