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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

OS SERES HUMANOS E A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO

Duas boas histórias do Mario Cortella.

A arrogância é um perigo, pois corremos o risco de liquidar o mais poderoso estoque que temos, que é o estoque de conhecimento. Este, segundo Mario Cortella, está não apenas nos livros, mas em todas as pessoas; cada uma tem um tipo de conhecimento. Ele contou duas histórias para exemplificar a importância do estoque de conhecimento.

Em 1994, quando chegou para uma palestra numa fábrica em São José dos Campos (SP), havia um palco fixo e vinte fileiras de vinte cadeiras. Para aproximar as cadeiras do palco, ele desceu e começou a puxar as cadeiras, uma por uma. Quando estava na quinta cadeira da primeira das vinte filas, alguns operários lá no fundo ofereceram ajuda. Perguntaram se podiam fazer do jeito deles. Pegaram a última fileira e a puseram na frente. Fui vítima da arrogância, achei que eu já sabia, que eu me bastava, reconheceu Cortella. Disse que o que ele estava fazendo era uma solução, mas não era a melhor, pois ia consumir mais trabalho e mais tempo. A melhor solução estava no estoque de conhecimento.


A outra história aconteceu no final dos anos 80, na fábrica paulista de uma das maiores multinacionais do planeta. Ela enfrentava um problema sério. Na esteira de aço, no final do processo, vez ou outra, embalava-se uma caixa vazia.
Para resolver o problema, dois engenheiros com pós-doutorado, durante três meses gastaram oito milhões e chegaram a uma solução genial: um programa de computador acoplado a uma balança ultra-sensível, acusava diferença de peso toda vez que passava uma caixinha vazia; o sistema travava, e um braço hidráulico rejeitava a embalagem. Depois de cinco meses de funcionamento com sucesso, a empresa descobriu que o sistema estava desligado há três meses. Os operários contaram que tinham desligado o sistema porque aquele braço parando a esteira a todo momento atrapalhava o trabalho deles e que tinham resolvido o problema do jeito deles.
Fizeram uma vaquinha, compraram um ventilador e o colocaram na frente da esteira - quando passava uma caixinha vazia, o vento a empurrava para fora da esteira.
Mais uma vez, a melhor solução estava no estoque de conhecimento. “Seres humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que grudar no outro”, disse Cortella, citando o escritor italiano Luciano di Crescenzo. Mudar exige correr o risco do desequilíbrio momentâneo.


Colaboração do Dr. Sérgio Franco (sergiofranco75@hotmail.com).

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