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segunda-feira, 12 de abril de 2010

UMA QUASE ESCOLA ?

"Algo de novo acontece na educação cearense. Afora os inúmeros projetos relevantes da Secretaria de Educação, um me chama atenção. Trata-se do Programa de Formação para Executivos Escolares da Educação básica, uma iniciativa do Conselho Estadual de Educação, através do presidente professor Edgar Linhares, sob a coordenação da professora Ana Maria Nogueira.

A necessidade de formação de gestores escolares, sobremaneira, do ensino público, segundo as pesquisas sobre o assunto e os resultados preocupantes alcançados pelos alunos, justifica tal projeto.

2008 - Uma equipe responsável pelos estudos preparatórios e desenvolvimento da primeira etapa, formada por três doutores e quatro mestres, realizou um curso para 156 diretores da rede estadual de Fortaleza, com excelente repercussão e novas perspectivas.

2009 - Redirecionamento do foco do projeto para a rede municipal e realização de uma experiência piloto, em Horizonte, com a participação de todos os diretores de escolas do município. A seguir, foram integrados à equipe, novos mestres e técnicos em educação e gestão.

2010 - Ampliação da ação, com atendimento a 37 municípios, com cerca de 1200 diretores/alunos, bastante diversificados.

A primeira etapa do curso, considerada de sensibilização, tem uma carga horária de 110 horas, em um semestre, seguida de mais três outras etapas de mesma duração.

Os múltiplos saberes dos formadores & pedagogos, educadores, psicólogos, psicanalista, filósofos e sociólogos &, o desejo de enfrentar o novo, o que estar por vir na educação, segundo as exigências do mundo contemporâneo, instiga-os a nutrir o desejo de transmutação e desconstrução de hábitos duradores vinculados a uma pedagogia da repetição alheia, em muitos casos, à diferença e aos hábitos curtos, inventivos.

É neste sentido, e segundo uma metodologia inserida às realidades e diversidades, que os formadores são antes pesquisadores, experimentadores de uma educação para o hoje e para o porvir, do que "missionários da educação". Abertos ao novo, inserem em suas práticas uma relação direta com pensamento, com a prudência necessária para não perdurar na opinião ou na mesmice, pois, como no futebol, no Brasil parece que todo mundo é técnico em educação!

Confrontados com uma prática sem maquiagem, os formadores encontram uma escola tal qual ela é, nem sempre correspondendo às idealizações ou a retórica à respeito da educação. Embora as estatísticas assustem e a realidade aponte a um quase-gestor, uma quase-escola, um quase-professor, um quase-aluno, um quase-salário, uma quase-inclusão; em síntese, uma escola do quase. Nem crença, nem ingenuidade. Apoiados por uma longa experiência, alguns formadores, inclusive, com conhecimento e práticas aprofundadas de educação no Brasil e no exterior, têm seus intercessores e parceiros onde a educação logrou sucesso. Não se trata de reagir, mas agir. Reagir é reacionário. Agir é resistir.

É no âmbito dessa lógica que, para pensar o currículo na contemporaneidade, assinala-se a Filosofia da Diferença, utilizando os conceitos de subjetividade e os mecanismos da produção de um tipo de pensamento sustentado na lógica da equivalência. A contextualização do conceito de cultura e do conceito de poder(res) e suas relações na escola são importantes para a análise de que tipo de currículo será produzido. Para tanto, alguns utilizam como referência a produção de quatro autores: Deleuze, Guattari, Foucault e Baudrillard. Esses conceitos são apresentados como ferramentas à análise e revisão dos currículos de cada unidade de ensino envolvida no processo. É bom lembrar que a Finlândia, exemplo de sucesso escolar, em todos os sentidos, faz dos autores citados os pensadores primordiais de seu sistema de educação."

(Fonte: Sociólogo Daniel Lins. E-mail da Profª Ana)

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