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quinta-feira, 8 de abril de 2010

MEDO DE REJEIÇÃO SOCIAL DETERMINA ESCOLHAS DE ADOLESCENTES

"Em 2009, Miley Cyrus lucrou surpreendentes US$ 25 milhões. A maior parte desse dinheiro veio da venda de álbuns, aproximadamente quatro milhões durante o ano. Quatro milhões de... Quatro milhões?! Você já ouviu Miley Cyrus?! Existem realmente quatro milhões de adolescentes, dispostos a gastar seu suado dinheiro ganho como babás em um álbum, só porque amam profundamente ouvi-la cantar? Bem, de acordo com os resultados de um estudo recentemente publicado no Neuroimage, vender quatro milhões de álbuns não significa ter quatro milhões de pessoas ouvindo suas músicas. O estudo relata que existem boas razões para acreditar que muitas dessas compras foram feitas por medo – um medo bem conhecido entre adolescentes: terror da rejeição social.

Adolescentes temem ser socialmente rejeitados, pois suas relações são essenciais para aprender lições que lhes permitirão participar da sociedade adulta. A fim de fazer isso de forma adequada e eficiente, os adolescentes vêm equipados com a capacidade de aprender rápida e furiosamente com seus colegas, sobretudo aqueles que detêm maior poder social – os mais velhos ou mais populares. Embora esse sistema seja muito bem desenvolvido, pois ajuda a transição da adolescência para a idade adulta, tem-se revelado também um excelente princípio sobre como basear suas decisões econômicas. Adolescentes ditam a cultura popular jovem, e os aprovados irão vender.

Gregory S. Berns, da cadeira de Neuroeconomia em Emory University, e seus colegas, realizaram um estudo para compreender mais sobre os mecanismos neurais e comportamentais da influência social sobre as decisões musicais adolescentes. A principal questão dos pesquisadores era: quando os adolescentes mudam seu comportamento com base na influência social, isso ocorre porque suas preferências reais mudaram ou simplesmente seu comportamento mudou? A fim de investigar essa questão, os pesquisadores elaboraram um estudo comportamental que pôde ser executado enquanto os participantes passavam por uma tomografia cerebral.

Pesquisadores estudaram adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, fase altamente suscetível à influência social, e conhecida por comprar pelo menos um terço dos álbuns nos Estados Unidos. Cada participante ouviu um pequeno trecho de uma música baixada da rede social Myspace. Depois de ouvir o trecho, foram convidados a realizar duas avaliações, uma indicando a forma como estavam familiarizados com a música (sempre o refrão) e outra que indicava o quanto eles gostaram da canção em uma escala de cinco pontos. A música foi então tocada uma segunda vez, e os adolescentes foram novamente convidados a avaliar quanto gostaram da música. No entanto, em dois terços desses ensaios os adolescentes puderam ver um índice de popularidade estimado com base no número de vezes em que a música foi baixada.

Quando não há informações sobre a popularidade da canção, os adolescentes mudam sua classificação de simpatia em 12% do tempo. Não surpreendentemente, depois de ter sido demonstrada a popularidade da canção, os adolescentes mudaram seus votos com mais freqüência, em média, 22% do tempo. Esta diferença foi altamente significativa e é interessante notar que, entre aqueles que mudaram seus votos, 79% dos adolescentes fizeram de acordo com a popularidade da canção – seguindo a maioria.

Esses resultados comportamentais validam grande quantidade de pesquisas anteriores sobre o conformismo e demonstram que esse medo à rejeição ainda está vivo nos adolescentes.

Isso aponta para a importância da influência dos colegas durante a adolescência, onde exercem um poder coercitivo considerável – isto é, os amigos são rápidos para dispensar, desaprovar, provocar e rejeitar o jovem quando normas sociais não são seguidas. A dor de ser rejeitado por um grupo de colegas pode ser uma questão de vida ou morte para um adolescente."

(Fonte: Scientific American do Brasil - Uol)

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