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segunda-feira, 19 de abril de 2010

PRESIDENTE LULA PRESTIGIA INDÍGENAS

"Lula diz que ainda há muito a ser feito pelos índios."

"Ao comparecer à festa de um ano da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a usar o lema "podemos mais" que havia sido adotado pelo seu opositor e pré-candidato ao Planalto, José Serra, ao reconhecer que ainda há muito a ser feito pelos índios. Lula se queixou das críticas e dos outdoors espalhados em Boa Vista (RR) contra seu governo por ter feito a demarcação contínua das terras indígenas e a consequente expulsão dos não índios das terras.

Era como se nós fôssemos o demônio e diziam que a gente ia retirar a terra que Roraima precisava para produzir. Um Estado com tanta terra, ainda sem produzir, alguns queriam, exatamente a terra que não era deles, que era dos índios", afirmou Lula, em seu discurso, parte lido, parte de improviso.

Lula conversou com lideranças indígenas, passou boa parte da solenidade com uma indiazinha no colo, usou um cocar azul, plantou uma árvore, ganhou um arco e flecha e ensaiou uma brincadeira de apontar para os fotógrafos e cinegrafistas.

Ao reiterar que é preciso fazer mais pelos índios, Lula afirmou: "é preciso que tenha maior responsabilidade. Não é o presidente da República cobrando de ninguém. É o presidente da República cobrando dele mesmo. Nós precisamos fazer mais e precisamos fazer cada vez mais".

Em seguida, disse que ia pedir ao governador tucano, José Anchieta Júnior, que deixasse a luz que foi ali instalada emergencialmente para os índios. O governador, que defende a demarcação em ilhas e a permanência dos não índios na região, não foi à festa organizada pelo Conselho Indigenista de Roraima (CIR) e pela Funai. Lula também anunciou que ia determinar ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), um dos poucos parlamentares presentes à cerimônia, que conversasse com o governador para manter a luz para a população, enquanto resolveria a questão com o Ministério das Minas e Energia.

Marco histórico

O presidente insistiu que "a demarcação representa um marco histórico, pela extensão da terra, pelos interesses envolvidos e pelos obstáculos que precisaram ser vencidos". No discurso, Lula começou dizendo que evitou ir antes a Raposa Serra do Sol por causa da divergência que se estabeleceu em Roraima, comentando que existem "aqueles que ainda continuam dizendo que tem muito pouco índio pra muita terra", mas que também existem "aqueles que, como eu, acham que os índios têm pouca terra, se levarmos em conta que o Brasil todo era deles há 500 anos atrás".

Mas, depois de lembrar que queriam apenas negociar com os arrozeiros, alegando que, se eles queriam plantar, teriam de ir pra outro lugar, o presidente lembrou que muitos processos ainda rolaram na Justiça e emendou: "foi liminar pra cá, liminar pra lá, até que a Suprema Corte brasileira, num gesto de grandeza, decidiu, por unanimidade, que a Raposa Serra do Sol tinha dono e o dono eram os índios que nela moravam e aqui habitavam". O ex-advogado geral da União, José Antônio Toffoli, hoje ministro do STF, que defendeu a tese da União no Supremo, acompanhou Lula na viagem.

O presidente prometeu voltar à Maturuca em 19 de setembro, para ver o que foi feito nestes meses, na companhia do ministro da Saúde e da Funai. "Voltaremos aqui para saber de tudo o que nós falamos, o que vai estar acontecendo de verdade, ou se eram só palavras", disse Lula, ao comentar que os índios agora querem mais. "O índio está muito mais sabido do que a gente pensa. Eles me entregaram com uma mão um documento agradecendo e, com a outra mão, 20 documentos reivindicando, o que demonstra que quem tem a pele branca e mora lá em Brasília e pensa que é esperto, vai cair do cavalo cada vez que for negociar com nossos companheiros".

Depois de lembrar que faltam nove meses para deixar a Presidência, Lula disse que muito já foi feito pelos índios, "mas foram 500 anos de exploração e, por mais que a gente faça, sempre teremos muito mais pra fazer, que é recuperar o atraso a que vocês foram submetidos nestes anos e anos de esquecimento". E avisou, sob aplausos da plateia: "nós haveremos de recuperar isso".

Ignorando as insatisfações dos outros grupos da Sodiur - Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima, Lula declarou que "os índios estão muito felizes com a demarcação da Raposa, com a decisão da Suprema Corte". Lula aproveitou ainda para elogiar a atuação da Funai na área e disse que a instituição, antes de seu governo, estava "condenada à extinção".

De acordo com os dados dos militares, cerca de três mil pessoas foram para o local participar da festa. Lula ficou três horas no acampamento, sendo uma hora reunido com as lideranças, e almoçou em no malocão, a maior das malocas da aldeia."

(Fonte: Agência Estado)

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