(Um dos alvos da manifestação foi o secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, que acabou tachado de incompetente. Faixas foram usadas como meio de protesto nas ruas.)
(As mulheres passaram todo o domingo na porta do quartel do Batalhão de Polícia de Choque, na Rua Antônio Pompeu. O movimento, porém, foi pacífico e mais de 60 PMs apresentaram atestado médico.)
(Quartel improvisado: PMs do Ronda do Quarteirão, que estavam de folga, foram chamados para trabalhar e tiveram que se apresentar na calçada do Theatro José de Alencar.)
(Todo tipo de procedimento foi levado para as delegacias plantonistas, causando superlotação em algumas. )
"Fortaleza viveu, ontem (25/04), um princípio de caos no setor da Segurança Pública. O clima de insatisfação que domina os quadros da Polícia Militar se transformou em protesto e aquartelamento durante todo o domingo. O policiamento da cidade sofreu baixas. Viaturas ficaram paradas nas delegacias ou dentro dos quartéis e mais de 200 policiais não compareceram ao trabalho, alegando problemas de saúde.
Pelo menos, 30 áreas cobertas pelo programa Ronda do Quarteirão ficaram sem patrulhas durante toda a tarde e começo da noite. Os policiais do Ronda tiveram que ser remanejados para fazer a segurança no Estádio Castelão, assim como todas as viaturas do Policiamento Ostensivo Geral (POG). Outros, que estavam de folga, foram convocados às pressas e acabaram "dobrando" o serviço. O pátio do Theatro José de Alencar acabou servindo de "quartel", onde várias patrulhas foram parar para a rendição (troca de turno).
Mas, o "palco" principal da manifestação dos policiais descontentes foi o quartel da tropa de reação do Comando-Geral, o Batalhão de Polícia de Choque, situado na Rua Antônio Pompeu, no Centro, onde as mulheres dos militares se concentraram depois de realizarem uma passeata que começou no "esqueleto" do Beco da Poeira e contou com o apoio dos permissionários daquele local.
Paralisação
A crise foi gerada por dois movimentos interligados. O primeiro, a operação "Tolerância Zero", de iniciativa dos policiais militares, que consistia em levar para as delegacias toda e qualquer infração percebida por eles nas ruas de Fortaleza. O segundo foi o movimento surpresa organizado pela Associação das Esposas de Policiais Militares, que empunhando faixas pretas amarradas nos punhos, "marcharam" da Praça José de Alencar até a sede do BPChoque e do Grupo Raio. O objetivo foi impedir que os policiais se deslocassem para o Estádio Castelão.
Enquanto a sala de espera do 30º DP (São Cristóvão) estava abarrotada de PMs e também de pessoas acusadas de embriaguez e desordem, furtos, briga de vizinhos e até andarem em bicicletas sem documentação, as mulheres dos PMs "engrossavam" a voz e impediam qualquer policial de sair do quartel do BPChoque e do Raio. O objetivo foi alcançado e o quartel acabou fechado o dia inteiro.
"TOLERÂNCIA ZERO"
Caos no plantão das DPs
Bicicletas e mobiletes apreendidas sem documentação, invasão de domicílio, ameaça e briga de vizinhos. Essas foram algumas das ocorrências levadas ontem para os plantões das delegacias da Capital durante o dia de ontem. Os policiais entrevistados garantiram que esses procedimentos eram rotineiros e nada tinham a ver com a operação "Tolerância Zero".
Contudo, o grande número de procedimentos de menor potencial ofensivo, que se transformaram em Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs), nas DPs indicava maior rigor por parte dos PMs nas ocorrências durante o domingo. No 8º DP (José Walter), passavam das 10 horas e três TCOs, sendo dois de ameaça e um por dirigir não habilitado, além de um flagrante por furto, aguardavam avaliação do delegado plantonista, que ainda não havia chegado à DP. Uma dessas ocorrências era a de um homem supostamente armado, que estaria ameaçando seus vizinhos. Quando a patrulha da RD-1055 chegou ao local, a arma não foi encontrada, mas o suspeito foi levado para a delegacia e aguardava junto com as vítimas, sem algemas, se seria realizado o procedimento.
Problemática
A situação mais dramática foi presenciada pela Reportagem no 30º DP (São Cristóvão). Ali, nove PMs do Ronda aguardavam na delegacia, juntamente com patrulhas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da 2ª Companhia do 5º BPM (Messejana). Os casos variavam de embriaguez e desordem, briga de vizinhos, ameaças e bicicletas sem documentação.
MOVIMENTO
Mulheres impediram a tropa de trabalhar
O número de mulheres que fizeram a manifestação em frente ao quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Raio, era pequeno. Contudo, motivadas pela "luta" por melhores salários e condições para seus companheiros, elas "deram trabalho" para quem tentou sair dos quartéis na manhã e tarde de ontem. Policiais eram praticamente "enrolados" em faixas com críticas ao secretário Roberto Monteiro e impedidos de se dirigir a qualquer local.
Em uma dessas tentativas, uma delas acabou com escoriações leves. Osana Porfírio, 33, empunhava uma faixa que foi colocada na frente da moto de um policial militar, quando ele tentava sem sucesso sair do quartel, pela contramão, na Rua Conselheiro Tristão. A faixa se enroscou no pneu da moto e a mulher caiu. Após a queda de Osana, o PM parou e foi cercado por outros policiais de folga. Houve confusão e ele teve que encostar a moto, mesmo argumentando que estava saindo de serviço e que iria para casa.
Antes disso, um ônibus da PM parou em frente ao BPChoque para supostamente conduzir os policiais para o estádio e foi rapidamente cercado pelas manifestantes. Um dos pneus foi esvaziado por um manifestante e o veículo ficou parado.
Em determinado momento, o comandante do Raio, major PM Márcio Oliveira, orientou a um policial que se dirigisse ao Quartel do 5º Batalhão. O PM subiu na moto, mas foi impedido pelas manifestantes. O oficial tentou convencer as mulheres de que os policiais tinham "direito constitucional" de ir e vir, e que eles poderiam sair a pé do quartel, mas o argumento não foi levado em consideração.
Um policial da Coordenadoria de Inteligência (Coin) também foi alvo das manifestantes. Ele registrava a movimentação com uma câmera de vídeo. Indagado pelas mulheres para quem ele estava fazendo aquelas imagens, ele se negou a informar, foi cercado e hostilizado pelas manifestantes. Ele confirmou à Reportagem que era da Coin.
BALANÇO PARCIAL
12 assassinatos na Grande Fortaleza
Doze homicídios foram registrados na Grande Fortaleza, no balanço parcial da violência do fim de semana. Sete assassinatos ocorreram na Região Metropolitana, nos Municípios de Caucaia, Maracanaú, Aquiraz e Eusébio e cinco na Capital. O balanço final sobre as mortes só será conhecido na manhã de hoje.
Entre os casos mais graves estão a morte de dois jovens. Ezequiel Soares da Silva, 22, foi morto na noite do último sábado, o dia do aniversário dele, em um latrocínio na Avenida José Bastos. Ezequiel se recusou a entregar o celular a um flanelinha e acabou morto por golpes de gargalo de garrafa. O acusado foi identificado pela Polícia, apenas pelo apelido de "Cambota". Ele fugiu após o crime.
O outro caso ocorreu no começo da tarde de ontem, na Favela do Sossego, no Jardim Iracema. Ali, uma jovem identificada como Noélia Aguiar de Sousa, de 20 anos, foi morta após ser atingida na cabeça por uma bala perdida.
A vítima estava sentada na calçada de sua residência, quando bandidos iniciaram um tiroteio. Noélia foi atingida por um dos disparos e ainda chegou a ser levada para o Hospital "Frotinha" de Antônio Bezerra, mas não resistiu aos ferimentos. Os parentes e vizinhos não informaram o nome dos acusados temendo represálias.
Baixas
64 policiais do Batalhão de Choque pediram "repouso", isto é, alegaram problemas de saúde e apresentaram atestado médico, ficando fora da escala."
(Fonte: Fernando Ribeiro, Emerson Rodrigues, Tuno Vieira, Viviane Pinheiro - Diário do Nordeste)
Pelo menos, 30 áreas cobertas pelo programa Ronda do Quarteirão ficaram sem patrulhas durante toda a tarde e começo da noite. Os policiais do Ronda tiveram que ser remanejados para fazer a segurança no Estádio Castelão, assim como todas as viaturas do Policiamento Ostensivo Geral (POG). Outros, que estavam de folga, foram convocados às pressas e acabaram "dobrando" o serviço. O pátio do Theatro José de Alencar acabou servindo de "quartel", onde várias patrulhas foram parar para a rendição (troca de turno).
Mas, o "palco" principal da manifestação dos policiais descontentes foi o quartel da tropa de reação do Comando-Geral, o Batalhão de Polícia de Choque, situado na Rua Antônio Pompeu, no Centro, onde as mulheres dos militares se concentraram depois de realizarem uma passeata que começou no "esqueleto" do Beco da Poeira e contou com o apoio dos permissionários daquele local.
Paralisação
A crise foi gerada por dois movimentos interligados. O primeiro, a operação "Tolerância Zero", de iniciativa dos policiais militares, que consistia em levar para as delegacias toda e qualquer infração percebida por eles nas ruas de Fortaleza. O segundo foi o movimento surpresa organizado pela Associação das Esposas de Policiais Militares, que empunhando faixas pretas amarradas nos punhos, "marcharam" da Praça José de Alencar até a sede do BPChoque e do Grupo Raio. O objetivo foi impedir que os policiais se deslocassem para o Estádio Castelão.
Enquanto a sala de espera do 30º DP (São Cristóvão) estava abarrotada de PMs e também de pessoas acusadas de embriaguez e desordem, furtos, briga de vizinhos e até andarem em bicicletas sem documentação, as mulheres dos PMs "engrossavam" a voz e impediam qualquer policial de sair do quartel do BPChoque e do Raio. O objetivo foi alcançado e o quartel acabou fechado o dia inteiro.
"TOLERÂNCIA ZERO"
Caos no plantão das DPs
Bicicletas e mobiletes apreendidas sem documentação, invasão de domicílio, ameaça e briga de vizinhos. Essas foram algumas das ocorrências levadas ontem para os plantões das delegacias da Capital durante o dia de ontem. Os policiais entrevistados garantiram que esses procedimentos eram rotineiros e nada tinham a ver com a operação "Tolerância Zero".
Contudo, o grande número de procedimentos de menor potencial ofensivo, que se transformaram em Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs), nas DPs indicava maior rigor por parte dos PMs nas ocorrências durante o domingo. No 8º DP (José Walter), passavam das 10 horas e três TCOs, sendo dois de ameaça e um por dirigir não habilitado, além de um flagrante por furto, aguardavam avaliação do delegado plantonista, que ainda não havia chegado à DP. Uma dessas ocorrências era a de um homem supostamente armado, que estaria ameaçando seus vizinhos. Quando a patrulha da RD-1055 chegou ao local, a arma não foi encontrada, mas o suspeito foi levado para a delegacia e aguardava junto com as vítimas, sem algemas, se seria realizado o procedimento.
Problemática
A situação mais dramática foi presenciada pela Reportagem no 30º DP (São Cristóvão). Ali, nove PMs do Ronda aguardavam na delegacia, juntamente com patrulhas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da 2ª Companhia do 5º BPM (Messejana). Os casos variavam de embriaguez e desordem, briga de vizinhos, ameaças e bicicletas sem documentação.
MOVIMENTO
Mulheres impediram a tropa de trabalhar
O número de mulheres que fizeram a manifestação em frente ao quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Raio, era pequeno. Contudo, motivadas pela "luta" por melhores salários e condições para seus companheiros, elas "deram trabalho" para quem tentou sair dos quartéis na manhã e tarde de ontem. Policiais eram praticamente "enrolados" em faixas com críticas ao secretário Roberto Monteiro e impedidos de se dirigir a qualquer local.
Em uma dessas tentativas, uma delas acabou com escoriações leves. Osana Porfírio, 33, empunhava uma faixa que foi colocada na frente da moto de um policial militar, quando ele tentava sem sucesso sair do quartel, pela contramão, na Rua Conselheiro Tristão. A faixa se enroscou no pneu da moto e a mulher caiu. Após a queda de Osana, o PM parou e foi cercado por outros policiais de folga. Houve confusão e ele teve que encostar a moto, mesmo argumentando que estava saindo de serviço e que iria para casa.
Antes disso, um ônibus da PM parou em frente ao BPChoque para supostamente conduzir os policiais para o estádio e foi rapidamente cercado pelas manifestantes. Um dos pneus foi esvaziado por um manifestante e o veículo ficou parado.
Em determinado momento, o comandante do Raio, major PM Márcio Oliveira, orientou a um policial que se dirigisse ao Quartel do 5º Batalhão. O PM subiu na moto, mas foi impedido pelas manifestantes. O oficial tentou convencer as mulheres de que os policiais tinham "direito constitucional" de ir e vir, e que eles poderiam sair a pé do quartel, mas o argumento não foi levado em consideração.
Um policial da Coordenadoria de Inteligência (Coin) também foi alvo das manifestantes. Ele registrava a movimentação com uma câmera de vídeo. Indagado pelas mulheres para quem ele estava fazendo aquelas imagens, ele se negou a informar, foi cercado e hostilizado pelas manifestantes. Ele confirmou à Reportagem que era da Coin.
BALANÇO PARCIAL
12 assassinatos na Grande Fortaleza
Doze homicídios foram registrados na Grande Fortaleza, no balanço parcial da violência do fim de semana. Sete assassinatos ocorreram na Região Metropolitana, nos Municípios de Caucaia, Maracanaú, Aquiraz e Eusébio e cinco na Capital. O balanço final sobre as mortes só será conhecido na manhã de hoje.
Entre os casos mais graves estão a morte de dois jovens. Ezequiel Soares da Silva, 22, foi morto na noite do último sábado, o dia do aniversário dele, em um latrocínio na Avenida José Bastos. Ezequiel se recusou a entregar o celular a um flanelinha e acabou morto por golpes de gargalo de garrafa. O acusado foi identificado pela Polícia, apenas pelo apelido de "Cambota". Ele fugiu após o crime.
O outro caso ocorreu no começo da tarde de ontem, na Favela do Sossego, no Jardim Iracema. Ali, uma jovem identificada como Noélia Aguiar de Sousa, de 20 anos, foi morta após ser atingida na cabeça por uma bala perdida.
A vítima estava sentada na calçada de sua residência, quando bandidos iniciaram um tiroteio. Noélia foi atingida por um dos disparos e ainda chegou a ser levada para o Hospital "Frotinha" de Antônio Bezerra, mas não resistiu aos ferimentos. Os parentes e vizinhos não informaram o nome dos acusados temendo represálias.
Baixas
64 policiais do Batalhão de Choque pediram "repouso", isto é, alegaram problemas de saúde e apresentaram atestado médico, ficando fora da escala."
(Fonte: Fernando Ribeiro, Emerson Rodrigues, Tuno Vieira, Viviane Pinheiro - Diário do Nordeste)
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