A Receita Federal tirou de circulação no ano passado o equivalente a R$ 180 milhões em mercadorias e veículos usados pelo crime organizado entre Foz do Iguaçu e Guaíra, mas isso não significa que o contrabando e o tráfico de drogas esteja estancado na área do Lago de Itaipu. Ao contrário, a violência urbana se espalhou pelos municípios vizinhos.
Com sede em Guaíra e um posto no município de Santa Helena, a companhia terá à disposição equipamentos logísticos e bélicos pesados para enfrentar o crime organizado. São cinco barcos blindados, 20 caminhonetes 4x4, 15 motos trail e um helicóptero Fennec EC 130 B4, que custou R$ 5,8 milhões. Na relação de armamentos estão incluídos 15 metralhadoras .40, 10 fuzis 7,62 mm, 2 fuzis sniper 7,62 mm e 15 carabinas táticas 5,56 mm. Os policiais ainda irão a campo com oito GPSs, duas lunetas para sniper, mochilas camufladas, telefones via satélite, binóculos e barracas. A previsão é de que em dois anos o efetivo passe dos atuais 70 para 282 agentes.
Na avaliação de especialistas em segurança pública, a Força Alfa é necessária e representa um avanço na segurança de fronteira. No entanto, é preciso investimento maciço no serviço de inteligência e treinamento para se obter resultados.
A criação da polícia de elite da fronteira, antigo pedido da população da região, está sendo viabilizada por um projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa pelo governador Roberto Requião. O projeto foi aprovado em primeira e segunda discussão. Nos próximos dias, a expectativa é a de que seja submetido à terceira discussão para depois ser sancionado pelo governador. A PM e o governo do estado não divulgaram o custo total do projeto, justificando que ainda estão sendo feitos orçamentos e licitações para a compra de equipamentos. No entanto, o impacto financeiro imediato previsto, diante da necessidade de se criar 282 cargos de major a soldado, seria de R$ 28.916,86 mensais na folha de pagamento da PM.
A tropa de elite paranaense, que deve começar a trabalhar em julho, vem sendo preparada. O treinamento, em Curitiba e no litoral, onde serão feitos exercícios aquáticos, inclusive com presença de agentes da Polícia Federal (PF), se estenderá até meados de junho.
O desafio da força de elite paranaense é atuar em uma região marcada pelo roubo de veículos, tráfico de drogas e contrabando, com carência de efetivo da Receita Federal e da PF. O foco de atuação será o serviço de inteligência aliado a patrulhamentos permanentes para apoiar o trabalho da PF, segundo o comandante da PM do Paraná, coronel Anselmo José de Oliveira.
A nova companhia ainda estará em constante comunicação com outras forças policiais e unidades da PM na região. "Nosso objetivo é cada vez mais bloquear a entrada da droga. É um desafio monumental, mas isso se faz fundamentalmente com inteligência", ressalta.
Oliveira explica que o efetivo da companhia estará mobilizado para trabalhar durante o dia e a noite e terá períodos de folga durante o mês. Contudo não serão estabelecidos turnos convencionais de 6 ou 8 horas, como existem em outros batalhões da PM. Segundo o comandante, os policiais foram escolhidos em critérios relacionados às condições físicas e psicológicas para o tipo de trabalho a ser realizado, além do histórico pessoal.
Para o delegado-chefe da PF em Guaíra, Érico Saconatto, o governo do estado reconheceu a precariedade da segurança na região de fronteira. Na avaliação dele, o efetivo e os equipamentos do grupo, incluindo aeronave e lanchas, são considerados bons. Outro aspecto positivo destacado por Saconatto é que o grupo de elite ficará inteiramente disponível para atuar no embate contra o tráfico e contrabando.
O procurador da República em Umuarama, Robson Martins, que recentemente solicitou que a Justiça colocasse o Exército em caráter permanente na fronteira, mas não foi atendido, diz que a iniciativa é benéfica, mas lembra que a responsabilidade do policiamento da fronteira é do governo federal.
- Quando o governo federal é omisso, os governos estadual e municipal vão tomando conta - diz."
(Fonte: O Globo)
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