"A moral da história é clara: para ser líder é necessário saber para onde se vai. Definir a direção e apalpar o terreno que nos levará ao cumprimento da missão e dos objetivos fazem parte do processo ( ... )" (Bothwell, 1991, p. 25). Na mesma linha, também, Chiavenato (1999), define o comportamento do líder como aquele cuja função comporta planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, controlar, recompensar, punir, entre outras, tendo como finalidade ajudar o grupo a atingir os seus objetivos ou a satisfazer as suas necessidades.
Porém, definir normas não constitui a essência de ser líder. Ordenar, gerir chefiar, embora sejam atribuições importantes da sua função, não são sinônimos de liderança. Liderança e gestão, no dizer de Bothwell (1991), não são necessariamente a mesma coisa. Apesar de, preferencialmente, os gestores deverem ter capacidades de liderança e os lideres capacidades de gestão, não é isto que normalmente acontece. Pois, liderança tal como a define Estanqueiro (1992), é a arte de Influenciar pessoas. O verdadeiro líder é aquele que tem capacidade para influenciar (leia‑se motivar) ou inspirar os outros a segui‑lo.
Durante muito tempo, julgou‑se que o mais importante na arte de liderar, eram as características pessoais do líder e investigaram‑se quais os traços de personalidade, os sistemas de valores e os estilos de vida dos líderes. Daqui resultou uma listagem imensa que vai desde a estatura e energia físicas até à competência técnica e espírito de decisão passando pela inteligência, conhecimentos, sabedoria e imaginação.
Atualmente, as opiniões divergem quando se trata de saber quais os traços que devem ser incluídos ou excluídos e a sua respectiva importância e, inclusive, como nos diz Estanqueiro (1992) “dá‑se mais relevo aos comportamentos do líder, isto é, ao seu estilo de liderança, embora as qualidades individuais (...) não sejam de desprezar” (p. 85). Surgem, assim, novas teorias cuja abordagem se centra nos possíveis estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. A abordagem dos estilos de liderança refere àquilo que o líder faz enquanto a abordagem anterior, a abordagem dos traços, se refere àquilo que o líder é (Chiaveniato, 1999).
O estilo de comportamento do líder no exercício de funções de chefia, os seus comportamentos diretivos e relacionais devem possibilitar manter um bom ambiente de trabalho dos subordinados. Desta forma, o líder deve conhecer as pessoas de que se rodeia e possuir a capacidade de se adaptar, o que exige uma certa flexibilidade e versatilidade não deixando, no entanto, de ser coerente. O mesmo acontece, segundo Estanqueiro (1992), com os “bons professores" porque "adotam estilos de ensino diferentes para alunos diferentes. Mas também adotam estilos diferentes para os mesmos alunos consoante as suas competências nas várias disciplinas".
Estanqueiro (1992) identifica, de uma forma geral, dois grandes estilos de liderança – o autoritário e o democrático – enquanto Chiavenato (1999), com base no estudo de White e Lippitt, nos fala de três estilos de liderança diferentes:
- A liderança autoritária ou autocrática: em que o líder toma as decisões sem consultar o grupo, fixa as tarefas de cada um e determina o modo de as concretizar. Não há espaço para a iniciativa pessoal, sendo este tipo de liderança gerador de conflitos, de atitudes de agressividade, de frustração, de submissão e desinteresse, entre outras. A produtividade é elevada, mas a realização das tarefas não é acompanhada de satisfação;
- A liderança liberal (laissez faire): é do tipo não‑diretiva, o líder funciona como elemento do grupo e só intervém se for solicitado. É o grupo que levanta os problemas, discute as soluções e decide. O líder não intervém na divisão de tarefas, limitando‑se a sua atividade a fornecer informações, se a sua intervenção for requerida. Nos grupos com este tipo de líder, quando o grupo não tem capacidade de auto‑organização, podem surgir freqüentes discussões, com desempenho das tarefas pouco satisfatório;
- A liderança democrática: é definida como aquela em que é a decisão do grupo que prevalece, ou seja, o grupo participa na discussão da programação do trabalho, na divisão das tarefas, sendo as decisões tomadas coletivamente. O líder assume uma atitude de apoio, integrando‑se no grupo, sugerindo alternativas sem, contudo, as impor. Procura ser objetivo nas apreciações que faz do desempenho dos elementos do grupo e reenvia‑lhe sínteses dos processos desenvolvidos. Um bom líder é aquele que é capaz de sentir o que se está a passar no grupo e é capaz de ter atitudes adequadas para ajudar o grupo a ultrapassar os seus problemas. A produtividade é boa e, sobretudo, constata‑se uma maior satisfação e criatividade no desempenho das tarefas, uma maior intervenção pessoal, bem como o desenvolvimento da solidariedade entre os participantes.
Contudo, na prática, o mesmo líder pode adotar diferentes estilos, consoante as necessidades, motivos e contexto situacional. Assim, e de acordo com o que refere Chiavenato (1999), "cada tipo de situação requer um tipo de liderança para se alcançar eficácia dos subordinados". A eficácia de um estilo está dependente da sua adequação ou como nos diz Estanqueiro (1992), “os líderes mais eficazes adotam estilos de liderança de acordo com as necessidades concretas das pessoas com quem lidam”.
(Fonte: Temas de Chefia & Liderança)
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