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quinta-feira, 3 de março de 2011

POLICIAL MATA POLICIAL E POLÍCIA AMEAÇA GREVE

Um policial civil foi morto em uma troca de tiros com outros policiais em Salvador - BA, na noite desta quarta-feira (02/03). Valmir Borges Gomes era da delegacia de Furtos e Roubos e estava em um carro da própria polícia, não padronizado (foto acima). Outra viatura, da delegacia de Tóxicos, perseguiu Gomes por cerca de 1 km. O policial acabou morto na Avenida Paulo Sexto, no bairro da Pituba, em Salvador.

No bairro da Pituba, onde houve o tiroteio, os moradores ficaram apavorados. O tiroteio na rua ocorreu às 20h, horário de grande movimento. Segundo testemunhas, o barulho foi de armas de grosso calibre.

De acordo com a Corregedoria da Polícia, Valmir estaria tentando extorquir um jovem e terminou sendo morto por outro policial, da Delegacia de Tóxicos.

Por causa do crime, houve uma grande confusão na frente da sede da Corregedoria, na Avenida Juracy Magalhães, no bairro do Rio Vermelho. Os policiais fizeram um protesto e pararam o trânsito. O Sindicato dos Policiais Civis decretou greve.

Na noite de ontem, foram ouvidos na Corregedoria da Polícia o jovem que teria sido vítima da extorsão e o pai dele. Os carros foram periciados e as armas dos policiais envolvidos apreendidas também para serem periciadas. Os policias civis dizem que permanecem em greve até que o policial que teria disparado os tiros que matou Valmir seja preso.

Greve

A justiça decretou como ilegal a greve dos policiais civis (foto acima), que decidiram paralisar as atividades na manhã desta quinta-feira, (03/03), por causa da morte do agente Valmir Borges Gomes. De acordo com informações da assessoria de comunicação do Estado, a Procuradoria Geral do Estado entrou com um mandado de segurança, acatado pela justiça.

Apesar da decisão judicial, os policiais prometem manter a mobilização, segundo o secretário geral do sindicato da categoria, Bernandino Gaioso. “Não temos condição de fazer nosso trabalho com essa sensação de ingerência. Não temos confiança na cúpula da polícia”, destacou.

Os policiais civis decidiram, em assembleia nesta manhã, paralisar as atividades por tempo indeterminado na Bahia. Segundo Gaioso, a interrupção das atividades será iniciada após protocolizar a documentação do estado de greve na Secretaria de Segurança Pública e na Serin (Secretaria de Relações Institucionais).

A Polícia Civil, por meio de sua secretaria de comunicação, disse que não foi informada até o momento sobre a paralisação. De acordo com o órgão, as delegacias funcionam normalmente e os agentes escalados para as operações programadas para o período do Carnaval já estão começando a trabalhar.

O secretário geral do sindicato informou que as unidades policiais funcionarão somente até a oficialização do movimento, que se dará com o protocolo da documentação. "Vamos parar até que o governo retire toda a cúpula da Segurança Pública, incluindo o secretário, Maurício Barbosa, e o delegado-chefe Hélio Jorge, porque acreditamos que eles têm responsabilidade sobre esses e outros crimes bárbaros que estão acontecendo", disse.

A categoria pede a apresentação "dos executores" do agente da Delegacia de Furtos e Roubos, Valmir Borges Gomes, morto na noite desta quarta, 2, durante confronto com policiais civis após suposta tentativa de extorsão. "Os foliões e turistas não vão ter segurança neste Carnaval. A Polícia Civil não vai participar. Somos nós que apuramos os crimes e enviamos os inquéritos para Justiça", argumentou o sindicalista. A chefia da Polícia ainda não se pronunciou sobre como a corporação vai servir à população nos próximos dias.

Após a assembleia, os policiais seguem em passeata da Avenida Carlos Gomes até a sede do Ministério Público, em Nazaré, onde vão pedir que o órgão acompanhe a investigação da morte do policial civil. "Queremos que eles acompanhem porque não acreditamos na investigação feita pela cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP)". No início do dia, o secretário do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Bernardino Gayoso, afirmou que apenas 30% do efetivo das delegacias trabalhavam porque “não havia condições físicas nem psicológicas de prestar um serviço de qualidade à população diante do que aconteceu”. “Vamos sair às ruas e cobrar do governo do Estado que indique quem comandou a operação desastrada e quem foi o agente que executou o colega. Nós defendemos que, se há alguma coisa ilícita, que seja apurada, e que não se saia matando. Queremos saber do governo se a ordem agora é matar”, declarou.

A redução do efetivo nas delegacias da capital tqmbém foi negada pelo delegado-chefe da Polícia Civil, Hélio Jorge. "Nós temos escalas de trabalho e vamos manter nossos serviços funcionando no carnaval. Qualquer ação de paralisação deve ser oficializada", disse. Hélio Jorge afirmou ainda que o caso está sendo apurado pela Corregedoria da Polícia Civil da Bahia e que todos os envolvidos foram ouvidos, principalmente o jovem que foi fazer a denúncia à Corrgedoria."Encaminhamos armas e veículos para a perícia e vamos aguardar os laudos. Esse inquérito vai ser apurado e encaminhado para a justiça. Pelo histórico que a Polícia Civil tem na Bahia, com certeza vamos agir com ações correcionais", garantiu.

Em nota oficial, a assessoria de comunicação da Polícia Civil informou que os carros envolvidos na troca de tiros estão sendo periciados, assim como todas as armas, que foram apreendidas. Os outros dois homens que acompanhavam o agente Valmir Borges Gomes fugiram e estão sendo procurados.

Dúvidas

O sindicato tem dúvidas se as duas pessoas que estavam com Valmir Borges Gomes no momento do confronto são policiais. Há informações de que pelo menos um deles seria membro da Polícia Civil, mas não há confirmação. De acordo com Bernardino Gayoso, as duas pessoas estão em casas de parentes e segundo afirmou, estariam com medo.

Gayoso disse que a categoria quer que o governador Jaques Wagner apresente os executores e divulgue quem comandou a operação que culminou com a morte do policial. "Ele estava trabalhando e se estava extorquindo, o que eu não acredito, isso deveria ser apurado, investigado e o policial preso. Agora já tem sentença de morte?", provocou Gayoso, lembrando que Valmir Borges era diretor do Conselho Fiscal do sindicato.

Segundo Cláudio da Silva Lima, que também é diretor do Sindpoc, "até onde se sabe, ele não tinha nenhum processo, era ficha limpa". As lideranças do sindicato admitem não saber detalhes do ocorrido mas de acordo com Gayoso "soubemos que a ordem partiu do COE e se é do COE, foi do secretário de segurança", disse, referindo-se ao Centro de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil e ao titular da pasta de Segurança Pública, Maurício Barbosa.

"Ele estava de plantão, trabalhando na investigação de um crime relacionado a entorpecentes", disse, mas não explicou por que um policial lotado na Delegacia de Furtos e Roubos estaria investigando um crime relacionado a drogas.

Cláudio Lima apresentou uma ocorrência da Stelecom (Superintendência de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar) que registra a ligação de alguém que descreve a chegada de um veículo Renault Clio disparando contra o GOl VW do policial e que esta carro teria alguém debruçado sobre o volante. "Como um pessoa está sentada no banco e é troca de tiros? Isso não é troca de tiros", argumentou.

Confronto

Segundo a corregedora da Polícia Civil, Iracema Silva, um jovem de 19 anos foi abordado por Valmir e outros dois homens, que também seriam policiais, ao tentar comprar lança-perfume. Os policiais exigiram dinheiro para não prendê-lo. Apavorado, o rapaz entrou em contato com os pais, que o mandaram pedir ajuda à Corregedoria de Polícia. Lá, ele foi encaminhado para a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, nos Barris.

Ao saberem do caso de extorsão, os policiais da DTE resolveram ir ao local para dar o flagrante nos colegas. Valmir teria reagido à aproximação dos colegas da DTE, que estavam acompanhados também por policiais do Comando de Operações Especiais (COE). Durante o confronto, houve troca de tiros e o agente Valmir foi baleado. Ele foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.

Após confirmada a morte do colega, policiais civis ligados ao Sindpoc fizeram um protesto em frente à Corregedoria da Polícia Civil e anunciaram paralisação da categoria a partir desta quinta-feira, além de ameaçarem seguir de braços cruzados durante o Carnaval.
Agressão à imprensa - O presidente do Sindpoc, Carlos Gomes Lima, agrediu verbalmente jornalistas de vários veículos de comunicação que entrevistavam o secretário do sindicato, Bernardino Gayoso, antes do início da assembleia da categoria na Associação dos Servidores Públicos.

Usando xingamentos, ele reclamou da imprensa não ter ido cobrir a assembleia que teria acontecido nesta quarta e ainda afirmou que quando a categoria faz caminhadas, a imprensa não se interessa pelo assunto.

Diante do clima de tensão que se instalou entre os demais policiais presentes, que também começaram a agredir verbalmente os jornalistas, Gayoso declarou que só voltaria a dar entrevista após a assembleia. Nenhum profissional da imprensa permaneceu no local após o ocorrido.

(Fonte: IBahia, Jornal da Manhã, O Globo, Paula Pitta e Helga Cirino - A Tarde)

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