No bairro da Pituba, onde houve o tiroteio, os moradores ficaram apavorados. O tiroteio na rua ocorreu às 20h, horário de grande movimento. Segundo testemunhas, o barulho foi de armas de grosso calibre.
De acordo com a Corregedoria da Polícia, Valmir estaria tentando extorquir um jovem e terminou sendo morto por outro policial, da Delegacia de Tóxicos.
Por causa do crime, houve uma grande confusão na frente da sede da Corregedoria, na Avenida Juracy Magalhães, no bairro do Rio Vermelho. Os policiais fizeram um protesto e pararam o trânsito. O Sindicato dos Policiais Civis decretou greve.
Na noite de ontem, foram ouvidos na Corregedoria da Polícia o jovem que teria sido vítima da extorsão e o pai dele. Os carros foram periciados e as armas dos policiais envolvidos apreendidas também para serem periciadas. Os policias civis dizem que permanecem em greve até que o policial que teria disparado os tiros que matou Valmir seja preso.
Greve
Apesar da decisão judicial, os policiais prometem manter a mobilização, segundo o secretário geral do sindicato da categoria, Bernandino Gaioso. “Não temos condição de fazer nosso trabalho com essa sensação de ingerência. Não temos confiança na cúpula da polícia”, destacou.
A Polícia Civil, por meio de sua secretaria de comunicação, disse que não foi informada até o momento sobre a paralisação. De acordo com o órgão, as delegacias funcionam normalmente e os agentes escalados para as operações programadas para o período do Carnaval já estão começando a trabalhar.
O secretário geral do sindicato informou que as unidades policiais funcionarão somente até a oficialização do movimento, que se dará com o protocolo da documentação. "Vamos parar até que o governo retire toda a cúpula da Segurança Pública, incluindo o secretário, Maurício Barbosa, e o delegado-chefe Hélio Jorge, porque acreditamos que eles têm responsabilidade sobre esses e outros crimes bárbaros que estão acontecendo", disse.
A categoria pede a apresentação "dos executores" do agente da Delegacia de Furtos e Roubos, Valmir Borges Gomes, morto na noite desta quarta, 2, durante confronto com policiais civis após suposta tentativa de extorsão. "Os foliões e turistas não vão ter segurança neste Carnaval. A Polícia Civil não vai participar. Somos nós que apuramos os crimes e enviamos os inquéritos para Justiça", argumentou o sindicalista. A chefia da Polícia ainda não se pronunciou sobre como a corporação vai servir à população nos próximos dias.
Após a assembleia, os policiais seguem em passeata da Avenida Carlos Gomes até a sede do Ministério Público, em Nazaré, onde vão pedir que o órgão acompanhe a investigação da morte do policial civil. "Queremos que eles acompanhem porque não acreditamos na investigação feita pela cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP)". No início do dia, o secretário do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Bernardino Gayoso, afirmou que apenas 30% do efetivo das delegacias trabalhavam porque “não havia condições físicas nem psicológicas de prestar um serviço de qualidade à população diante do que aconteceu”. “Vamos sair às ruas e cobrar do governo do Estado que indique quem comandou a operação desastrada e quem foi o agente que executou o colega. Nós defendemos que, se há alguma coisa ilícita, que seja apurada, e que não se saia matando. Queremos saber do governo se a ordem agora é matar”, declarou.
Em nota oficial, a assessoria de comunicação da Polícia Civil informou que os carros envolvidos na troca de tiros estão sendo periciados, assim como todas as armas, que foram apreendidas. Os outros dois homens que acompanhavam o agente Valmir Borges Gomes fugiram e estão sendo procurados.
Dúvidas
Gayoso disse que a categoria quer que o governador Jaques Wagner apresente os executores e divulgue quem comandou a operação que culminou com a morte do policial. "Ele estava trabalhando e se estava extorquindo, o que eu não acredito, isso deveria ser apurado, investigado e o policial preso. Agora já tem sentença de morte?", provocou Gayoso, lembrando que Valmir Borges era diretor do Conselho Fiscal do sindicato.
Segundo Cláudio da Silva Lima, que também é diretor do Sindpoc, "até onde se sabe, ele não tinha nenhum processo, era ficha limpa". As lideranças do sindicato admitem não saber detalhes do ocorrido mas de acordo com Gayoso "soubemos que a ordem partiu do COE e se é do COE, foi do secretário de segurança", disse, referindo-se ao Centro de Operações Especiais (COE) da Polícia Civil e ao titular da pasta de Segurança Pública, Maurício Barbosa.
"Ele estava de plantão, trabalhando na investigação de um crime relacionado a entorpecentes", disse, mas não explicou por que um policial lotado na Delegacia de Furtos e Roubos estaria investigando um crime relacionado a drogas.
Cláudio Lima apresentou uma ocorrência da Stelecom (Superintendência de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar) que registra a ligação de alguém que descreve a chegada de um veículo Renault Clio disparando contra o GOl VW do policial e que esta carro teria alguém debruçado sobre o volante. "Como um pessoa está sentada no banco e é troca de tiros? Isso não é troca de tiros", argumentou.
Confronto
Ao saberem do caso de extorsão, os policiais da DTE resolveram ir ao local para dar o flagrante nos colegas. Valmir teria reagido à aproximação dos colegas da DTE, que estavam acompanhados também por policiais do Comando de Operações Especiais (COE). Durante o confronto, houve troca de tiros e o agente Valmir foi baleado. Ele foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.
Após confirmada a morte do colega, policiais civis ligados ao Sindpoc fizeram um protesto em frente à Corregedoria da Polícia Civil e anunciaram paralisação da categoria a partir desta quinta-feira, além de ameaçarem seguir de braços cruzados durante o Carnaval.
Agressão à imprensa - O presidente do Sindpoc, Carlos Gomes Lima, agrediu verbalmente jornalistas de vários veículos de comunicação que entrevistavam o secretário do sindicato, Bernardino Gayoso, antes do início da assembleia da categoria na Associação dos Servidores Públicos.
Usando xingamentos, ele reclamou da imprensa não ter ido cobrir a assembleia que teria acontecido nesta quarta e ainda afirmou que quando a categoria faz caminhadas, a imprensa não se interessa pelo assunto.
Diante do clima de tensão que se instalou entre os demais policiais presentes, que também começaram a agredir verbalmente os jornalistas, Gayoso declarou que só voltaria a dar entrevista após a assembleia. Nenhum profissional da imprensa permaneceu no local após o ocorrido.
(Fonte: IBahia, Jornal da Manhã, O Globo, Paula Pitta e Helga Cirino - A Tarde)
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