As relações bilaterais entre Brasil e
Estados Unidos começaram em 1824, quando os EUA reconheceram, antes dos
demais países, a Independência do Brasil. Algumas décadas depois, dando
continuidade ao relacionamento bilateral, o imperador Dom Pedro II
visitou o país norte-americano, mas somente em 1905 surge o primeiro
embaixador do Brasil em Washington, Joaquim Nabuco.
Quase 200 anos depois, as
relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos se tornaram bastante
complexas e já abrangem instrumentos na área de salvaguardas
tecnológicas, previdência social, tributação, defesa, aduana, entre
outras.
Entre os dias 7 e 10 de março, o
presidente da República, Jair Bolsonaro, cumpre agenda nos Estados
Unidos. No segundo dia de visita ao país norte-americano, o presidente
brasileiro visitou o U.S. Southern Command, na Flórida, comando da defesa americana responsável pelo hemisfério sul. Na ocasião, os governos do Brasil e dos EUA assinaram o Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E).
O objetivo do RDT&E é abrir caminho para que os dois países
desenvolvam futuros projetos conjuntos alinhados com o mútuo interesse
das partes, abrangendo a possibilidade de aperfeiçoar ou prover novas
capacidades militares.
O governo brasileiro
espera ampliar o acesso ao mercado norte-americano na área de defesa.
“Poucos países têm acordo para o desenvolvimento da área de defesa,
pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação dos aspectos que concernem
à defesa", disse o ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e
Silva, na ocasião.
A classificação do Brasil como um
aliado preferencial extra da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan) foi um passo fundamental para viabilizar o RDT&E. Além de
ampliar a penetração brasileira no mercado dos EUA, o acordo poderá
facilitar a entrada de produtos brasileiros em outros 28 países membros
da organização, grande parte dos quais têm acesso ao fundo americano de
Defesa. O RDT&E tem como um de seus pilares a adoção do padrão Otan
para todos os produtos que forem produzidos.
Outro instrumento de grande impacto assinado em tempos recentes é o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) Brasil-Estados Unidos. O
acordo foi assinado em março de 2019 em Washington. Após seguir o
trâmite do processo legislativo brasileiro, o AST Brasil-Estados Unidos
foi aprovado pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo n.
64, de 19/11/2019, entrando em vigor em 16/12/2019, data em que se
completou a troca de notas diplomáticas que comunicaram o cumprimento
dos requisitos internos para sua vigência. O decreto presidencial de
promulgação do AST foi publicado no dia 6/2/2020.
O que é um acordo de salvaguardas tecnológicas
Os chamados acordos de salvaguardas
tecnológicas têm o objetivo de proteger tecnologias sensíveis embarcadas
em objetos espaciais e utilizadas para lançamentos espaciais. Todos os
países que dominam essas tecnologias tomam o cuidado de assinar esse
tipo de acordo com parceiros que querem realizar lançamentos em seu
território, tendo em vista preocupação de proteger segredo industrial e
evitar uso indevido, ilegal e não autorizado dessas tecnologias.
De modo a viabilizar a oferta de
serviços de lançamento de satélites a partir do Centro Espacial de
Alcântara a países estrangeiros, a assinatura de um Acordo de
Salvaguardas Tecnológicas com os EUA é fundamental, uma vez que mais de
80% dos satélites comerciais no mundo são de origem norte-americana ou
utilizam componentes daquele país.
Esse acordo é de grande interesse dos
setores privados de ambos os países, uma vez que abre oportunidades para
parcerias empresariais no setor espacial. Tal instrumento atende às
principais demandas brasileiras, entre as quais a possibilidade de
utilização de fundos decorrentes da exploração comercial do Centro de
Alcântara para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro.
Vantagens e benefícios
A posição geográfica de
Alcântara é estratégica, o que lhe confere vantagens comparativas, como a
economia de até 30% de combustível nos lançamentos. Além disso, esse
acordo poderá contribuir significativamente para a transformação do
centro em base de lançamentos competitiva no mercado internacional de
lançamentos espaciais, que movimenta cerca de US$ 5,5 bilhões
anualmente, com benefícios para a indústria aeroespacial brasileira,
cuja inserção no mercado global da economia espacial, de cerca de US$
383,5 bilhões, também é estratégica.
A consolidação do centro
nesse mercado deverá trazer benefícios para o Programa Espacial
Brasileiro como um todo, meta prioritária dos setores governamentais
envolvidos com o programa.
Principais acordos vigentes entre Brasil e EUA
Título |
Data de celebração |
Entrada em vigor |
Publicação |
Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo
dos Estados Unidos da América sobre Salvaguardas Tecnológicas
relacionadas à Participação dos Estados Unidos da América em lançamentos
a partir do Centro Espacial de Alcântara. |
18/03/2019 |
16/12/19 |
05/02/2020 |
Acordo de Previdência Social entre a República Federativa do Brasil e os Estados Unidos da América |
30/06/2015 |
01/10/2018 |
26/06/2018 |
Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo
dos Estados Unidos da América para Melhoria da Observância Tributária
Internacional e Implementação do FATCA |
23/09/2014 |
26/06/2015 |
25/08/2015 |
Acordo Quadro entre o Governo da República Federativa do Brasil e o
Governo dos Estados Unidos da América sobre a Cooperação nos Usos
Pacíficos do Espaço Exterior |
19/03/2011 |
03/04/2018 |
15/03/2018 |
Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo
dos Estados Unidos da América sobre Cooperação em Matéria de Defesa |
12/04/2010 |
26/06/2015 |
21/12/2015 |
Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e os Estados
Unidos das América Relativo à Assistência Mútua entre as suas
Administrações Aduaneiras |
20/06/2002 |
14/12/2004 |
06/04/2005 |
Acordo de Cooperação entre o Governo da República Federativa do
Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América sobre os Usos Pacíficos
da Energia Nuclear. |
14/10/1997 |
15/09/1999 |
14/10/1999 |
Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal entre o Governo da
República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América |
14/10/1997 |
21/02/2001 |
21/12/2000 |
Acordo de Cooperação Mútua entre o Governo da República Federativa do
Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América para a Redução da
Demanda, Prevenção do Uso Indevido e Combate à Produção e ao Tráfico
Ilícitos de Entorpecentes |
12/04/1995 |
28/04/1997 |
03/06/1997 |
Acordo sobre Transporte Aéreo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América |
21/03/1989 |
13/01/1992 |
10/02/1992 |
(Fonte: www.planalto.gov.br) |
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