As novas instalações da estação de pesquisas do Brasil, no extremo
sul do planeta, foram inauguradas, nesta quarta-feira (15), pelo
Vice-Presidente da República Hamilton Mourão. A cerimônia ocorreu na
Ilha de Rei Jorge, no continente Antártico, e contou com as presenças
dos Ministros da Defesa, Fernando Azevedo; da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, Marcos Cesar Pontes; da Infraestrutura,
Tarcísio Gomes de Freitas; dos Comandantes da Marinha, Almirante de
Esquadra Ilques Barbosa; do Exército, General de Exército Edson Leal
Pujol; do Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar
Carlos Augusto Amaral, representando o Comandante da Aeronáutica,
dentre outras autoridades militares e civis.
Após um incêndio destruir a antiga Estação Antártica Comandante
Ferraz, em 2012, as pesquisas brasileiras no continente gelado
continuaram em edificações provisórias, em navios da Marinha do Brasil e
em acampamentos.
Em discurso, o Vice-Presidente Mourão reconheceu o trabalho dos militares da Marinha do Brasil presentes no continente antártico desde a década de 1980 e ressaltou o simbolismo da inauguração.
“A partir de agora, o plano de ação da ciência Antártica para o
Brasil, até 2022, terá melhores condições para desenvolver programas
científicos que aumentem a participação brasileira no Tratado
Antártico”, declarou o Vice-Presidente na solenidade externa, que contou
com momentos de neve antártica.
O novo espaço da Estação Antártica Comandante Ferraz dispõe de uma
área de 4500 metros quadrados divididos em 17 laboratórios
multidisciplinares, biblioteca, academia, auditório, dormitórios para
hospedar até 64 pessoas, entre outros ambientes. O local é administrado
por um grupo de 16 militares da Marinha do Brasil, responsáveis por
apoiar as pesquisas feitas no local.
Na solenidade, os dois militares que perderam as vidas no combate ao
fogo, em 2012, foram homenageados por seus filhos, que receberam
cadernetas de registro com documentos que relatam fatos profissionais. O
ato foi procedido pelo Vice-Presidente Mourão ao filho do
Segundo-Tenente Carlos Alberto Vieira Figueiredo, o Primeiro-Tenente da
Polícia Militar do Estado da Bahia Figueiredo; e a filha do também
Segundo-Tenente Roberto Lopes dos Santos, a Cabo da Marinha do Brasil
Aline Santos.
Após cerimônia externa, houve a inauguração da Ala de Laboratórios Professor Doutor Rocha Campos. O Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e astronauta, Marcos Cesar Pontes, sublinhou que no passado “ciência e tecnologia” foram prioridades de países com alto índice de “desenvolvimento econômico”, conhecidos atualmente como países desenvolvidos.
Em entrevista coletiva após a solenidade, o Comandante da Marinha, Almirante Ilques, informou sobre o “início de estudos para construção de um novo navio de apoio antártico”.
Desenvolvimento de pesquisas
Por meio do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), nosso país realiza pesquisas no continente gelado desde a década de 1980. E para manter-se membro do Tratado Antártico, o Brasil precisa continuar fazendo pesquisas no local. Como integrante do Tratado Antártico, o Brasil tem direito à voz, voto e veto nesse acordo internacional, do qual apenas 29 países fazem parte.
Por meio do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), nosso país realiza pesquisas no continente gelado desde a década de 1980. E para manter-se membro do Tratado Antártico, o Brasil precisa continuar fazendo pesquisas no local. Como integrante do Tratado Antártico, o Brasil tem direito à voz, voto e veto nesse acordo internacional, do qual apenas 29 países fazem parte.
“A Marinha é a responsável pela coordenação e utilização do
continente antártico, que propicia que outros ministérios,
principalmente o da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, meios
acadêmicos e científicos do Brasil integrem-se a essa base para fazer
aquilo que o tratado diz, que é a exploração pacifica do continente
antártico”, ressaltou o Ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
O Programa Antártico Brasileiro tem a participação de 250
pesquisadores e de 13 universidades brasileiras, além de envolver
integrantes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e da Fundação
Oswaldo Cruz.
Os laboratórios da Estação Antártica Comandante Ferraz foram projetados para atender as diversas necessidades da comunidade científica brasileira. A estrutura permite realizar pesquisas em áreas como meteorologia, biociências, química, microbiologia, biologia molecular e bioensaios.
Há 14 anos no Programa Antártico Brasileiro, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais Luiz Henrique Rosa realiza estudos multidisciplinares com os fungos da Antártica para avaliar se eles produzem substancias que possam ser usadas como antibióticos.
“Como a Antártica é isolada há muito tempo, a gente tem linhagens
selvagens, espécies novas e endêmicas. Esses fungos, como estão isolados
geograficamente e tem esse histórico, podem ter vias metabólicas
únicas, produtoras de novas substâncias, novos antibióticos”, esclareceu
o pesquisador.
Luiz Rosa explica, ainda, que o estudo avalia se os fungos produzem
substancias que podem ser usadas em antibióticos contra vírus, como
dengue, chikungunya e Doença de Chagas.
Dois navios da Marinha do Brasil apoiam as atividades desenvolvidas pelo Programa Antártico Brasileiro: o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rangel e o Navio Polar Almirante Maximiano.
Novas instalações
A construção das instalações da base de pesquisas brasileira durou três anos. O projeto de engenharia da estação foi concebido por engenheiros brasileiros, portugueses e chineses e desenvolvido com a participação de engenheiros da Marinha. A construção da obra ficou por conta da empresa China National Electronics Imports and Exports Corporation (CEIEC), que venceu licitação feita pela Força Naval. Nesse trabalho, houve supervisão da engenharia da Marinha e o apoio de fiscais do Ibama que tiveram a função de fiscalizar e de reduzir possíveis impactos ambientais da obra no ecossistema antártico. Em decorrência ao frio extremo na região, os módulos que compõem a estrutura do prédio foram pré-montados na China e tiveram sua efetiva construção no continente gelado. As obras foram planejadas para ocorrer somente no período do verão antártico, época compreendida entre os meses de outubro e abril. Foram investidos pelo Governo Federal cerca de US$ 100 milhões de dólares no empreendimento.
A construção das instalações da base de pesquisas brasileira durou três anos. O projeto de engenharia da estação foi concebido por engenheiros brasileiros, portugueses e chineses e desenvolvido com a participação de engenheiros da Marinha. A construção da obra ficou por conta da empresa China National Electronics Imports and Exports Corporation (CEIEC), que venceu licitação feita pela Força Naval. Nesse trabalho, houve supervisão da engenharia da Marinha e o apoio de fiscais do Ibama que tiveram a função de fiscalizar e de reduzir possíveis impactos ambientais da obra no ecossistema antártico. Em decorrência ao frio extremo na região, os módulos que compõem a estrutura do prédio foram pré-montados na China e tiveram sua efetiva construção no continente gelado. As obras foram planejadas para ocorrer somente no período do verão antártico, época compreendida entre os meses de outubro e abril. Foram investidos pelo Governo Federal cerca de US$ 100 milhões de dólares no empreendimento.
Edifício inteligente
Em função do material utilizado na construção, a nova estação possui capacidade sustentável com foco na redução dos gases de efeito estufa. A constituição dos elementos usados na construção das paredes, por exemplo, forma um bolsão de ar isolante térmico entre o exterior e o interior da estação. Na camada externa do edifício, chamada pelos engenheiros de “envoltória”, existem painéis com isolante térmico que constituem as paredes da estação.
Em função do material utilizado na construção, a nova estação possui capacidade sustentável com foco na redução dos gases de efeito estufa. A constituição dos elementos usados na construção das paredes, por exemplo, forma um bolsão de ar isolante térmico entre o exterior e o interior da estação. Na camada externa do edifício, chamada pelos engenheiros de “envoltória”, existem painéis com isolante térmico que constituem as paredes da estação.
“Temos diversas energias renováveis com recursos tanto energéticos
quanto sustentáveis de meio ambiente na nova estação”, declarou o
Subcomandante da Comandante Ferraz, Capitão de Corveta Rafael Santana da
Rocha.
Entre os mecanismos sustentáveis estão: a estação de tratamento de
água e esgoto, sistema de geração híbrida e redundante de energia
elétrica, com utilização de fontes renováveis (eólica e solar
fotovoltaica) e um sistema de acumulação de energia, com bancos de
baterias de íon-lítio. A iluminação natural é complementada por um
sistema artificial com tecnologia LED de baixo consumo de energia e
cogeração de energia a partir da recuperação do calor dissipado pelos
motores, para aquecimento da própria estação e da água de consumo.
A nova estação contempla um Sistema de Gestão Técnica Centralizada
(SGTC) que comanda e controla instantaneamente todos os outros
mecanismos da base. Há ainda o sistema de energia elétrica cujo
gerenciamento é feito tanto pelo lado da oferta (geração de energia)
como pelo lado da demanda (consumo de energia), com possibilidade de
otimização do uso da energia e redução do consumo de óleo diesel.
“Nós temos aqui um edifício gerenciado 100% do tempo e com registro
dessas informações. Qualquer mudança de temperatura, qualquer diferença
de tensão, a gente pode verificar no próprio programa. Isso é muito
importante para manutenção”, explica o responsável pelos sistemas de
energias do novo prédio, o Capitão de Corveta Daniel Pontes.
As energias renováveis da nova Estação Comandante Ferraz representam
até 20% da capacidade de geração de energia da nova estação, sem
considerar a utilização dos bancos de baterias.
Entre os itens de segurança, o local conta com um moderno sistema de detecção e combate a incêndio.
Entre os itens de segurança, o local conta com um moderno sistema de detecção e combate a incêndio.
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